sábado, 4 de junho de 2011

Desequilíbrio comercial pró-Brasil desafia relação Dilma-Chávez

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Desequilíbrio comercial pró-Brasil desafia relação Dilma-Chávez


André Barrocal

BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff tem a intenção de manter a proximidade brasileira estabelecida pelo antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, com a Venezuela de Hugo Chávez, a partir do primeiro encontro deles nesta segunda-feira (06/06). Quando Chávez telefonou para Dilma em janeiro para se solidarizar pelas centenas de mortes por chuvas no Rio, conta um auxiliar da presidenta, ele perguntou se os dois poderiam se encontrar uma vez por semestre, e ela respondeu que preferia reuniões a cada três ou quatro meses, como ocorria com Lula.

A relação estreita entre os países causa polêmica porque há quem enxergue pouco apreço pela democracia na Venezuela – assim como há os que defendem o contrário, citando as inúmeras eleições e consultas populares realizadas por lá. Do ponto de vista comercial, no entanto, não há motivo para reclamação. A Venezuela é um parceiro generoso. Toma prejuízos sistemáticos há dez anos e financia uma fatia nada desprezível do lucro brasileiro no comércio exterior.

Nas últimas duas décadas, de 1990 a 2010, o Brasil ganhou 19 bilhões de dólares nas transações com a Venezuela, quase 6% de todo o superávit comercial que o país acumulou no período, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Apenas no ano passado, o saldo favorável ao Brasil em negócios com a terra de Chávez foi de 3 bilhões de dólares, 15% de tudo o que o país obteve no comércio com o mundo.

O superávit a favor do Brasil na casa de 3 bilhões anuais tem sido registrado desde 2006. De acordo com um diplomata brasileiro, é uma situação desafiadora para a relação entre Brasil e Venezuela, porque não interessa um comércio com este nível de desequilíbrio. Daí que o foco da primeira visita de Chávez a Dilma Rousseff será “comércio”.

O desequilíbrio disparou no governo Lula. De 2003 a 2010, o Brasil ganhou US$ 21,5 bilhões em transações com a Venezuela, revertendo perdas que, de 1990 a 2002, somavam US$ 2 bilhões. Com Lula, o peso venezuelano na pauta exportadora brasileira subiu ano a ano (movimento interrompido pela crise financeira mundial em 2008), enquanto a fatia deles nas nossas importações caía para um terço do que era.

A visita de Chávez estava prevista originalmente para 10 de maio, mas foi adiada porque, na véspera, agravara-se um problema que o venezuelano tem no joelho, e ele foi aconselhado por médicos a evitar viagens. Durante a prepração para aquela visita, houve uma reunião de empresários e autoridades comerciais dos dois países para discutir formas de incentivar as vendas de um lado (sobretudo venezuelano) para o outro (brasileiro).

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Carta Maior, 03/06/2011

Petrobras-PDVSA ficará de fora do primeiro encontro Dilma-Chávez


André Barrocal

BRASÍLIA – A presidenta Dilma Roussef recebe nesta segunda-feira (06/06) o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na primeira visital oficial de um ao outro e na décima sétima vinda dele ao Brasil desde 2003, quando a relação entre os dois países começou a se aprofundar. Dilma tem a intenção de manter com Chávez os contatos freqüentes do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, e reunir-se com o venezuelano pelo menos três vezes por ano.

Neste primeiro encontro, serão assinados vários acordos, sobretudo na área comercial, em que o Brasil só tem a comemorar - lucrou mais de US$ 20 bilhões no comércio com a Venezuela na última década. Mas, por uma opção comum de parte a parte, o assunto mais delicado, atualmente, da agenda bilateral deverá ficar de fora das conversas: a parceria entre Petrobras e Petróleos de Venezuela (PDVSA) na construção de uma refinaria em Pernambuco (Abreu e Lima).

A construção conjunta de Abreu e Lima pelas estatais foi anunciada por Lula e Chávez em 2007. Dois anos depois, as empresas amarraram-se de fato uma à outra, ao tomarem, juntas, um empréstimo de R$ 10 bilhões, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para investir na refinaria.
Até agora, no entanto, a PDVSA não apresentou ao banco as garantias necessárias para concretizar sua participação no contrato. O prazo para fazê-lo vence em agosto. Tanto Dilma quanto Chávez preferem que, neste momento, as empresas tentem se entender sozinhas, sem interferência política de nenhum deles.

Segundo uma fonte da embaixada da Venezuela, a posição de Chávez será esperar até que o fim do prazo de agosto se aproxime, para ver se as estatais terão chegado a um acordo. Caso não tenham, ele então avaliará, no fim de julho ou no começo de agosto, se buscará uma ação direta junto a Dilma para salvar a parceria.

Já uma fonte do Palácio do Planalto contou que a presidenta também acredita ser melhor esperar por um entendimento entre as estatais. Dilma acha que isso ainda possível e vai aguardar uma reunião dos dirigentes das duas empresas prevista para ocorrer depois da visita de Chávez.

Nos últimos dias, dirigentes da Petrobras disseram que a empresa consegue continuar sozinha o projeto, finalizado já em cerca de um terco, mesmo que a PDVSA abandone a parceria. Segundo informações da Petrobras, a conclusão da obra vai exigir ainda investimento de R$ 16 bilhões. A expectativa é terminá-la no começo de 2013.

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