Até ontem, 55.000 pessoas - "gente diferenciada" - haviam se inscrito para a manifestação contra esta atitude. Hoje tomaram o bairro de Higienópolis.
A quem vão atender? Aos interesses da maioria, aos valores de pessoas que lutam e contribuem para uma sociedade de convivência mais democrática ou aos interesses daquela minoriazinha que acha que tem sangue azul?
E viva a "gente diferenciada"!
Terra, 14 de maio de 2011 • atualizado às 20h19
Manifestação por metrô em SP tem pagode, churrasco e farofa
- Vagner Magalhães
- Direto de São Paulo
O churrascão da "gente diferenciada" saiu da internet e ganhou as ruas do bairro de Higienópolis, região central de São Paulo, na tarde deste sábado. Começou na praça Villaboim, ganhou corpo em frente o shopping Pátio e Higienópolis e deslanchou na avenida Angélica, em frente ao Pão de Açúcar. O supermercado está no local em que uma nova estação de metrô estava planejada, mas que o governo do Estado anunciou que deve mudar de local, motivo do protesto.
A animação ficou por conta da bateria do movimento Passe Livre, que desde o começo do ano faz protestos sistemáticos contra o prefeito Gilberto Kassab por conta do aumento da tarifa de ônibus de R$ 2,70 para R$ 3,00. Das janelas dos prédios ao redor da manifestação, muitos moradores acompanharam o "carnaval fora de hora" de Higienópolis. Não houve nenhuma manifestação contrária e não foi registrada qualquer tipo de confusão. A avenida Angélica, entre as ruas Pará e Sergipe ficou interditada ao trânsito a partir das 16h.
Os manifestantes adaptaram a música Vai Passar, de Chico Buarque de Holanda, especialmente para o evento. "Vai passar, na avenida Angélica, o metrô popular/ Cada novo rico de Higienópolis vai se arrepiar". O samba Gente Diferenciada também animou a festa.
Alguns manifestantes levaram frango com farofa. Outros estão com espetinhos de queijo coalho, que chegaram a ser assados no fogo de uma catraca de ônibus. Isopores de cerveja ajudaram a compor o cenário. Atrasada, uma peça de picanha chegou ao local por volta das 16h.
O jornalista Danilo Saraiva, que criou o evento como uma brincadeira na Internet, se disse satisfeito com o resultado. "O bacana é que o evento é totalmente pacífico e serve para que se abra a discussão sobre o que é melhor para a cidade. Colocou o assunto, que era restrito ao bairro, em discussão nacional", disse.
O promotor de Habitação e Urbanismo Maurício Lopes, morador do bairro, que compareceu ao evento, disse que está preparando um inquérito civil para cobrar explicações do Metrô sobre a eventual mudança.
"Os interesses privados não podem se sobrepor ao interesse público. Não se pode decidir o local de uma estação de Metrô como se decide onde colocar um ponto de ônibus. Não é jogar chocolate granulado em cima de um mapa para ver onde será colocada a estação", disse.
Ele disse que solicitou os projetos e documentos que comprovem que o local da estação não seja o mais adequado. "Há em São Paulo, estações bem próximas como a Sé e a Liberdade, ou República e Anhangabaú, que funcionam sem qualquer problema.
O estudante Emerson Porto Ferreira, 19 anos, foi o primeiro que compareceu com uma doação para o evento por volta 14h30. "Eu vim para cá por conta dessa história que os moradores não querem Metrô aqui. É preciso protestar contra o preconceito", diz.





















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UOL, 14/05/2011 Famosos de Higienópolis apoiam estação de metrô no bairro nobre
Rodrigo BertolottoDo UOL Notícas
Em São Paulo
Sofisticado. Glamourizado. Privilegiado. Cosmopolita. Lugar de gente famosa. O bairro paulistano de Higienópolis pode ser tudo isso, mas parte de sua população não quer uma estação de metrô em sua principal avenida, a Angélica, justificando que aumentaria o comércio informal, a criminalidade e a circulação de “gente diferenciada”, como na expressão de uma de suas moradoras.
Ouvidas pela reportagem do UOL Notícias, as personalidades do bairro foram em sua maioria contrárias à decisão do governo paulista de ceder à pressão para não construir uma estação por lá.
“Acho que temos que ter metrô em todos os cantos, sou a favor do metrô aqui em Higienópolis onde ele for possível. Acho a atitude elitista de não querer `pessoas diferenciadas´ andando pelo bairro autodestrutiva”, opina Marina Person, ex-VJ da MTV e atual apresentadora da TV Cultura.
Outros apresentadores povoam o bairro: Jô Soares, Adriane Galisteu e Tom Cavalcante. É habitat também de atores como Denise Fraga, Cássio Scarpin, Irene Ravache e Maria Alice Vergueiro.
Morando por lá há 19 anos, Irene Ravache afirma que seria "muito bom" ter uma estação na Angélica. "Paris, Nova York e Barcelona são cortadas por metrô, inclusive em bairros chiques", argumenta.
Já Maria Alice Vergueiro, conhecida recentemente pelo curta-metragem “Tapa na Pantera”, está do lado dos que querem a estação mais para o lado do estádio do Pacaembu. “Metrô é sempre bom, mas não há necessidade na Angélica. Misturar luta de classes nessa polêmica é uma besteira”, criticou.
Outro morador ilustre é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, alheio à discussão porque está em viagem de palestras pela Europa e EUA.
A área também é conhecida por seus restaurantes requintados, como o La Brasserie, que é comandado pelo chef francês Erick Jacquin. “Não consigo entender as pessoas sendo contra um transporte que diminui a poluição e o trânsito. Eu e meus funcionários viríamos de metrô, como acontece em Paris”, argumenta o cozinheiro renomado.
O comentarista esportivo Juca Kfouri também estranha a recusa do metrô. “Não sabia que meus vizinhos eram tão intolerantes. Esse tipo de comportamento de classe é tão ridículo que chega ao absurdo”, sentencia o jornalista.
Seu colega de profissão Vitor Birner ficou revoltado com a situação. “É patético o que essa gente elitista pensa. Metrô não atrapalha, só ajuda.”
Todo o rebuliço começou com o anúncio nesta semana por parte do governo paulista, que voltou atrás no plano de construir uma estação na esquina da avenida Angélica com a rua Sergipe.
A direção do Metrô afirmou que a mudança nos planos obedece a uma lógica técnica e anunciou que está sendo avaliada uma nova localização para a estação. O próprio governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), foi a público para negar que pressão dos moradores tenha influenciado.
A Associação Defenda Higienópolis, que foi a responsável pelo abaixo-assinado de quse 3.500 pessoas que pedia que a esquina da avenida Angéllica com a rua Sergipe não virasse estação de metrô, comemorou a decisão.
Contudo, um protesto contrário surgiu pelas redes sociais Facebook e Twitter, marcando para este sábado às 14h um “churrascão da gente diferenciada” na frente do shopping Pátio Higienópolis.
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Sábado, 13 de maio de 2011
Metrô vetado e churrasco no shopping
Por Luciano Martins Costa
Um abaixo-assinado que não chegou a 3.500 adesões fez a Companhia do Metrô de São Paulo rever o projeto da Linha 6-Laranja, do metrô da capital, e provoca uma controversa manifestação que pode levar a confronto moradores do bairro de Higienópolis e grupos que defendem a convivência democrática em todos os espaços da cidade.
A questão circulou por duas semanas nas redes sociais da internet antes de ganhar espaço nos jornais e obrigar as autoridades a virem a público explicar por que o desagrado de meia dúzia de moradores de um bairro nobre pode provocar mudanças em critérios técnicos para a localização de uma estação do metrô.
No projeto original, a estação Higienópolis deveria ser construida na esquina da Avenida Angélica com a rua Sergipe, local onde atenderia ao maior número de usuários. Mas alguns moradores decidiram não aceitar a obra na área, e expuseram suas razões em abaixo-assinado.
Gente diferenciada Entre as preocupações manifestadas, ganhou repercussão o temor com a chegada ao bairro de "gente diferenciada" ou de uma "população flutuante" que poderia representar risco de criminalidade, conforme destacou a representante do bairro no conselho comunitário de segurança.
Um movimento de protesto contra o que foi considerado manifestação de elitismo e preconceito cresceu no Facebook e acabou por levar à organização de um "happening" em frente ao Shoping Higienópolis, marcado para este sábado.
Mas aquilo que começou com uma expressão de intolerância acabou ganhando tanta repercussão que chegou a preocupar as autoridades.
O presidente da Companhia do Metrô tentou se explicar, mas, segundo os jornais, não sabia até quinta-feira, 12, onde seria a estação. Enquanto isso, as obras se arrastam e os problemas no trânsito evoluem na direção da paralisação total da maior cidade do país.
E a imprensa?
Bom, os jornais perderam uma boa oportunidade para discutir a falta de planejamento urbano e a equivocada estratégia de estimular o surgimento de guetos na cidade.
Gente diferenciada teve no churrasco a drag queen Tchaka super contratada pelos ricos ou melhor podres de ricos do bairro higienopolis para levar seu humor onde educa as massas de gente abastarda da cidade
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