Esta brasileira índia emociona.
A forma como ela fala do Brasil e da luta que sempre foi sua vida. Emoção pura e muita valorização para o nosso EB.
Observem que o Jô insiste em fazer brincadeiras e ela se mantém serena o tempo todo. Vibra e se emociona mostrando seu amor pelo Brasil.
Uma aula de civismo.
Observem que o Jô insiste em fazer brincadeiras e ela se mantém serena o tempo todo. Vibra e se emociona mostrando seu amor pelo Brasil.
Uma aula de civismo.
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Sílvia Nobre Waiãpi: A primeira índia no Exército
Nascida no Amapá, Silvia foi para o Rio de Janeiro aos 14 anos e morou na rua.
( Foto: Reprodução/Alexandre Brum / Agência O Dia-RJ)
O Exército Brasileiro formou no dia 3 de fevereiro a primeira aspirante a oficial indígena do estado do Rio de Janeiro, segundo informações do Instituto Indígena para Propriedade Intelectual.
Sílvia Nobre Waiãpi concorreu com 5 mil candidatos e foi aprovada com uma das melhores pontuações no Cpor (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva) do Rio de Janeiro, onde faz o estágio.
(Foto: Reprodução/blog da Silvia)
Natural do Amapá, da etnia Waiãpi, Silvia é formada em artes e fisioterapia e está fazendo pós-graduação em gênero e sexualidade pelo Instituto de Medicina Social da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
A cerimônia ocorreu no pátio do Centro de Preparação de Oficiais para Reserva (CPOR), em Bonsucesso.
Ao receber a espada, símbolo de honra do oficial militar, Silvia se emocionou, lembrando que o seu grande sonho sempre foi hastear a bandeira nacional. “No colégio onde estudei, no Amapá, apenas os brancos tinham tal direito. Negros e índios não eram autorizados”, lembrou.
Silvia chegou ao Rio de Janeiro sozinha, quando ainda tinha 14 anos.
Foi moradora de rua e contou com o auxílio de artistas para conseguir sua primeira graduação, em Artes.
Foi moradora de rua e contou com o auxílio de artistas para conseguir sua primeira graduação, em Artes.
Na sequência, formou-se em Fisioterapia, profissão que a fez ingressar na carreira militar este ano. “Essa é a minha segunda tentativa”, revela.
(Foto: Reprodução/blog da Silvia)
Casada com o também oficial, coronel José Roberto Alencar(foto), Silvia será lotada no Hospital Central do Exército, em Triagem.
A cerimônia foi acompanhada pelos três filhos dela.
Sílvia Nobre Waiãpi foi modelo e 'garota propaganda' da Du Loren.
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A TENENTE SÍLVIA WAIÃPI
Por Sebastião Verly
Encômios de início, quero dizer que tenho uma visão crítica quanto aos encômios e aos confetes jogados para os sucessos individuais. Eu os admiro, respeito-os, sei que são dignos de elogios, mas, considero que temos que lutar para que todas as pessoas humanas tenham a oportunidade que aquela figura em destaque conquistou, como um direito líquido e certo de todo cidadão.
Lógico que admiramos os que lutam, conquistam um lugar ao sol e, especialmente, quando essa pessoa, em lugar de dormir sobre os louros conquistados, prossegue na luta para a melhoria coletiva, para melhorar a humanidade como um todo e tornar possível aquele mundo esperado com que os idealistas, obviamente, sonham.
Tenho uma refinada capacidade de me sensibilizar com histórias de pessoas que sofreram tanto na vida para conquistar o que outros receberam de mãos beijadas ou quase.
Recebi do meu velho amigo Pádua, aquele vídeo do Programa do Jô com a Tenente Sílvia Waiãpi http://www.youtube.com/watch? v=QEXIuO3OtRY, muito mais do que conquistar o lugar de oficiala do Exército Brasileiro para uma indígena de sangue puro, ainda carregou uma cruz, a mais pesada de todas para ela e para a grande maioria das mulheres brasileiras.
À medida em que ela relatava sua vida, a partir dos treze anos, quando teve sua primeira filha, ainda na aldeia, para em seguida quebrar a perna e ser levada para a Capital mais próxima, Macapá, até fugir para o Rio de Janeiro sem nada mais do que uma “pedra da sorte” que ela recolhera em um mergulho profundo num igarapé das redondezas e, por fim, as suas primeiras conquistas eu ia me derretendo em lágrimas espontâneas.
Cito esta pedra que deveria ser tão comum, porque ela contou no Programa que ao chegar ao extremo da miséria de passar vários dias sem se alimentar, resolveu vender aquela pedra que, verdadeira relíquia na sua imaginação, era “única coisa de valor” que ela leva consigo. Vendeu a pedra e comeu durante duas semanas.
Um camelô que a viu vender a pedra, a estimulou a trabalhar como vendedora. Deu-lhe um apoio, pois, como dizia o Geógrafo Milton Santos, em sua militância permanente em prol da cidadania e da ética que extrapolava os muros acadêmicos, “só os pobres são solidários entre si”.
Conquistou pontos como atleta, depois de aprender a correr dos tarados da vida, a partir de um que lhe tentara agarrar à força quando caminhava à noite.
Comecei a chorar, ainda que soubesse que do outro lado, o choro já se dissipara há muito, logo depois da gravação do programa. Chorei copiosamente, mais do que ela chorara naquele programa, quando ela contou que seu orgulho era ter o direito de hastear a Bandeira Nacional, que, na escola, era exclusivo das crianças não índias, o que lhe machucava muito.
E sorri por dentro, ao vê-la, no meu imaginário, no comando do pelotão do glorioso Exército Brasileiro para a troca de guardas e o primeiro hasteamento que ela realizara.
Não temos condições de ressuscitar os tantos índios que exterminamos por cinco séculos, muito menos, vamos devolver-lhes, por impossível, a terra que lhes tomamos. Dos 7.500.000 mil que estimativamente povoavam nossas terras, do Oiapoque ao Chuí, não restam mais do que 700.000. Talvez valesse a pena, como queremos fazer com os negros, outros povos de quem expropriamos tudo, oferecer igualmente uma indenização por tudo que perderam nossos povos indígenas, muito mais pela cultura que lhes dizimamos do que pela terra que lhes invadimos apenas.
Mas vê-la fardada, a sorrir e a chorar, pela dialética da vida íntegra, deu-me um alívio de consciência para os poucos anos a que ainda tenho direito de sorrir e de chorar.
Repito meu lema para toda a vida: “Chegará o dia em que o ideal será real”.
Por Sebastião Verly
Encômios de início, quero dizer que tenho uma visão crítica quanto aos encômios e aos confetes jogados para os sucessos individuais. Eu os admiro, respeito-os, sei que são dignos de elogios, mas, considero que temos que lutar para que todas as pessoas humanas tenham a oportunidade que aquela figura em destaque conquistou, como um direito líquido e certo de todo cidadão.
Lógico que admiramos os que lutam, conquistam um lugar ao sol e, especialmente, quando essa pessoa, em lugar de dormir sobre os louros conquistados, prossegue na luta para a melhoria coletiva, para melhorar a humanidade como um todo e tornar possível aquele mundo esperado com que os idealistas, obviamente, sonham.
Tenho uma refinada capacidade de me sensibilizar com histórias de pessoas que sofreram tanto na vida para conquistar o que outros receberam de mãos beijadas ou quase.
Recebi do meu velho amigo Pádua, aquele vídeo do Programa do Jô com a Tenente Sílvia Waiãpi http://www.youtube.com/watch?
À medida em que ela relatava sua vida, a partir dos treze anos, quando teve sua primeira filha, ainda na aldeia, para em seguida quebrar a perna e ser levada para a Capital mais próxima, Macapá, até fugir para o Rio de Janeiro sem nada mais do que uma “pedra da sorte” que ela recolhera em um mergulho profundo num igarapé das redondezas e, por fim, as suas primeiras conquistas eu ia me derretendo em lágrimas espontâneas.
Cito esta pedra que deveria ser tão comum, porque ela contou no Programa que ao chegar ao extremo da miséria de passar vários dias sem se alimentar, resolveu vender aquela pedra que, verdadeira relíquia na sua imaginação, era “única coisa de valor” que ela leva consigo. Vendeu a pedra e comeu durante duas semanas.
Um camelô que a viu vender a pedra, a estimulou a trabalhar como vendedora. Deu-lhe um apoio, pois, como dizia o Geógrafo Milton Santos, em sua militância permanente em prol da cidadania e da ética que extrapolava os muros acadêmicos, “só os pobres são solidários entre si”.
Conquistou pontos como atleta, depois de aprender a correr dos tarados da vida, a partir de um que lhe tentara agarrar à força quando caminhava à noite.
Comecei a chorar, ainda que soubesse que do outro lado, o choro já se dissipara há muito, logo depois da gravação do programa. Chorei copiosamente, mais do que ela chorara naquele programa, quando ela contou que seu orgulho era ter o direito de hastear a Bandeira Nacional, que, na escola, era exclusivo das crianças não índias, o que lhe machucava muito.
E sorri por dentro, ao vê-la, no meu imaginário, no comando do pelotão do glorioso Exército Brasileiro para a troca de guardas e o primeiro hasteamento que ela realizara.
Não temos condições de ressuscitar os tantos índios que exterminamos por cinco séculos, muito menos, vamos devolver-lhes, por impossível, a terra que lhes tomamos. Dos 7.500.000 mil que estimativamente povoavam nossas terras, do Oiapoque ao Chuí, não restam mais do que 700.000. Talvez valesse a pena, como queremos fazer com os negros, outros povos de quem expropriamos tudo, oferecer igualmente uma indenização por tudo que perderam nossos povos indígenas, muito mais pela cultura que lhes dizimamos do que pela terra que lhes invadimos apenas.
Mas vê-la fardada, a sorrir e a chorar, pela dialética da vida íntegra, deu-me um alívio de consciência para os poucos anos a que ainda tenho direito de sorrir e de chorar.
Repito meu lema para toda a vida: “Chegará o dia em que o ideal será real”.
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