quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A vida sexual do Homem de Neandertal

Jornal do Brasil, 03/11/2010 15h26

O Homem de Neandertal tinha uma 

vida sexual bastante agitada

O homem de Neandertal talvez seja lembrado apenas como aquele nosso ancestral de aparência carrancuda e sempre munido de um tacape, mas em um importante aspecto de sua vida social esses homens das cavernas podem causar inveja a seus descendentes modernos: a grande intensidade de suas atividades sexuais.


Estudo aponta que o hominídeo era o mais "promíscuo" da espécie. Crédito: Reprodução
 
  É o que afirma um estudo publicado pelo Journal Proceedings of the British Royal Society, que sugere que o comprimento do dedo pode indicar promiscuidade entre hominídeos, como a antiga família dos humanos é conhecida.
Pesquisadores liderados por Emma Nelson, da Universidade de Liverpool, noroeste da Inglaterra, observaram fósseis de dedos de quatro espécies de hominídeos.
Esses fósseis compreendem o Ardipithecus ramidus, um hominídeo que viveu cerca de 4,4 milhões de anos atrás; o Australopithecus afarensis, entre três e quatro milhões de anos, os Neandertais, que desapareceram há cerca de 28 mil anos; e um fóssil de um Homo sapiens, como os humanos modernos são anatomicamente conhecidos, de cerca de 90 mil anos de idade.
A teoria de Emma Nelson é baseada na razão entre o comprimento do dedo indicador se comparado com o dedo anelar.
Pesquisas anteriores realizadas por seu grupo concluíram que a exposição no útero a hormônios sexuais como andrógenos, nos quais se inclui a testosterona, afeta o comprimento dos dedos - e comportamentos sociais futuros.
Altos índices de andrógenos no útero aumentam o comprimento do dedo anelar em relação ao segundo dedo, que assim diminui a proporção.
Eles também estão relacionados com competitividade e promiscuidade, de acordo com a pesquisa.
Uma baixa proporção dos dedos apresentada pelo Ardipithecus ramidus indicou que ele era mais despudorado, enquanto uma alta proporção nos dedos do Australopithecus afarensis demonstrava a preferência por exclusividade.
Enquanto isso, as proporções baixas dos Neandertais e dos primeiros humanos "sugerem que os dois grupos podem ter sido mais promíscuos que a maioria das populações humanas", afirmam os autores.
Os cientistas admitem que sua abordagem é nova, e são necessárias mais evidências para lançar luz sobre o comportamento social dos seres humanos antigos.
"Apesar das proporções dos dedos fornecerem algumas sugestões muito excitantes sobre o comportamento dos hominídeos, aceitamos que a evidência é limitada e para confirmar essas descobertas realmente precisamos de mais fósseis", disse Nelson.
As conclusões do estudo acrescentaram um novo elemento no debate sobre a linhagem humana. Mais espécies promíscuas de hominídeos teriam uma vantagem sobre as monogâmicas, em termos de número e tamanho do grupo genético.
"A harmonia entre o casal, em um sentido amplo, é universal entre humanos, mas não se sabe quando a transição de um sistema promíscuo para um estável ocorreu", conclui o estudo.

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