domingo, 21 de novembro de 2010

Livro: "Caçando Eichmann"

A CAÇADA DE EICHMANN CONSERTOU A HISTÓRIA
ELIO GASPARI

 Está nas livrarias "Caçando Eichmann", do jornalista americano Neal Bascomb. Conta a história da captura do coronel alemão Adolf Eichmann, o poderoso arquiteto do extermínio de 6 milhões de judeus em campos de concentração nazistas.
Passados 65 anos do fim da Segunda Guerra, 50 do sequestro de "Ricardo Klement" numa rua escura da periferia de Buenos Aires e 48 do seu enforcamento numa prisão de Tel-Aviv, Bascomb conciliou despretensiosamente uma narrativa cinematográfica com a grandeza de um acontecimento histórico que iniciou a rediscussão do Holocausto.
Amparado por uma rede de nazistas e de padres católicos, Eichmann chegou à Argentina em 1950. O grão-burocrata do extermínio que, em Viena, despachava no palácio Rothschild, vivia numa região sem abastecimento de água e eletricidade. Trabalhava como capataz na Mercedes-Benz.
Em tese, Eichmann era um dos homens mais procurados do mundo. Na prática, falar do Holocausto era quase falta de educação. A própria palavra só adquiriria o sentido que tem hoje nos anos 60. O livro "A Noite", de Elie Wiesel, foi rejeitado por vários editores e sua primeira edição americana vendeu apenas mil exemplares.
Nos anos seguintes ao fim da guerra, 10 mil foragidos nazistas esconderam-se nos Estados Unidos. O governo alemão sabia que Eichmann estava na Argentina e nunca se interessou na sua captura.
A denúncia da verdadeira identidade de "Ricardo Klement" veio de um cego. Quando os israelenses comprovaram que ele era Eichmann, o primeiro-ministro David Ben Gurion, um velhinho com cabeleira de algodão, mudou o curso da história. Propuseram-lhe que um comando o assassinasse, mas o patriarca do Estado judeu decidiu que ele devia ser trazido para Israel e levado a julgamento público.
Um homem e um punhado de agentes obrigaram o mundo a rever algo que se tentava esquecer.
A grandeza do episódio emerge do livro com suave naturalidade. Lê-se "Caçando Eichmann" como uma aventura, com vinhetas que superam a própria ficção. A identidade dos membros do comando que sequestrou o alemão era um dos segredos em Israel, até o dia em que um deles descobriu que mãe sabe tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário