quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Vídeo: A chocante entrevista do especulador à BBC (subtitulada)

Gente, pelo que sabemos, quem vocês acham que aqui no Brasil poderia ser considerado um "colaborador" do Goldman Sachs?


http://www.ionline.pt/sites/default/files/imagecache/ifeatured_article_506x225/Imagem%20Imagem%20trader2_OK.jpg 

 

 http://www.youtube.com/watch?v=g3mz0_luYVQ


Os que mandam no mundo


 
Por Mauro Santayana


 
As grandes crises econômicas mundiais trazem o desemprego e a miséria, e atingem também os investidores. Houve milionários que, vítimas de sua própria ambição e dos especuladores, chegaram ao suicídio, como na queda vertiginosa da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. Mas as grandes crises são “o sonho feito realidade para aqueles que querem fazer dinheiro”, como revelou um corretor de valores de Londres, Alessio Rastani, em  entrevista à BBC, que reproduzida pela internet, está surpreendendo o mundo. Ele afirmou também que havia sonhado três anos com uma recessão como a atual.  Rastani é auto-identificado pelo seu site na rede mundial como hábil operador, consultor no mercado de capitais, e conferencista que percorre o mundo, a fim de orientar os investidores. Ele declarou à emissora britânica que quem manda no mundo, porque manda nos governos, é o grande banco de investimentos Goldman Sachs.


Rastani não citou diretamente o jornalista francês Marc Roche que, no ano passado, publicou um livro forte, e sobre o qual os grandes meios internacionais de comunicação quase nada dizem, com o título de La Banque: Comment Goldman Sachs dirige le monde (Albin Michel, Paris, 2010).  Roche é, há mais de vinte anos, correspondente de Le Monde, na City de Londres, o que lhe possibilita acompanhar os grandes movimentos das finanças internacionais. O livro demonstra que o banco americano conseguiu atuar junto ao governo de grandes países, mediante a infiltração de seus ex-dirigentes,  ao mesmo tempo em que cooptou ex-governantes para participar de suas grandes decisões, em operação que, de acordo com o livro de  Marc Roche – em entrevista à televisão, o escritor os chamou de imorais-   sugere corrupção e suborno em escala global.


Entre outros, Marc Roche cita o atual presidente do Banco Central da Itália, Mario Draghi. Draghi, como representante da Itália, participa do board do Banco Central Europeu, e é cotado para suceder a Trichet, na presidência da instituição. Foi vice-presidente e diretor executivo do Goldman Sachs para a Europa (e  também diretor do Banco Mundial). Outro italiano, Mario Monti, é conselheiro atual do Goldman, para assuntos internacionais, e foi comissário da União Européia para o mercado interno e para os assuntos de concorrência. Nesses cargos, Monti defendeu ardorosamente a divisão de todos os serviços públicos em empresas médias e sua privatização.


Em sua tática de recrutamento, Goldman Sachs cooptou também Otmar Issing, ex-diretor do Bundesbank – o Banco Central da Alemanha – e ex-economista chefe do Banco Central Europeu, para o seu conselho diretor. Dirigentes do Goldman ocuparam posições destacadas no governo norte-americano, e ainda ocupam. Robert Rubin, de sua diretoria executiva, foi Secretário do Tesouro de Bill Clinton, de 1995 a 1999; Henry Paulsen, ex-presidente do Goldman, foi nomeado Secretário de Tesouro de George Bush, em 2006. Ainda nos Estados Unidos: o atual Secretário do Tesouro, Tim Geithner, escolheu, como seu chefe de gabinete, Mark Patterson que, durante dez anos, foi o chefe dos lobistas do Goldman Sachs junto ao Congresso dos Estados Unidos.


Até mesmo na África, o Goldman tem os seus tentáculos. Olusengun Aganga, que dirigia o serviço dos hedge funds, foi nomeado ministro de Economia do atual governo da Nigéria. Tito Mboweni,  presidente do Banco Central da África do Sul, de 1999 a 2009, foi contratado pelo Goldman como seu conselheiro internacional, em maio do ano passado. Como registra o autor do livro, o Goldman conseguiu manipular os governos, de Mandela a Bush. Um só ato mostra a capacidade de cooptação do Goldman Sachs. Quando Secretário do Tesouro de Bush, seu ex-presidente, Henry Paulsen, decidiu que o Tesouro socorresse com 60 bilhões de dólares a seguradora AIG, falida pelas operações da bolha imobiliária. A primeira dívida da AIG a ser saldada, de 29 bilhões de dólares, foi exatamente com o Goldman Sachs.


Todas essas revelações, não contestadas pelo Goldman Sachs, mostram como atuam as grandes instituições financeiras. Elas só podem assim agir, porque os estados nacionais – hoje chefiados por servidores do neoliberalismo
, salvo poucas exceções -  renunciaram à sua responsabilidade essencial, de promover a justiça e impedir o saqueio dos bens comuns pelos criminosos, muitos deles de enganosa respeitabilidade acadêmica, como são os principais dirigentes do Goldman Sachs.


Como estamos no assunto, Wall Street continua cercada pelos “indignados” manifestantes de Nova Iorque, que contam com o apoio de personalidades conhecidas, como Michael Moore, o incômodo cineasta de Farenheit 9/11 e o lingüista Noam Chomsky. É um princípio ainda tênue, mas os movimentos sociais são como os rios: nascem em pequenas fontes e vão crescendo rumo ao mar. No Brasil, é ainda tímida a atuação dos intelectuais – e de todos os cidadãos – junto ao Congresso para uma necessária e rigorosa legislação reguladora do sistema financeiro, o principal beneficiário da política privatizadora do governo Fernando Henrique Cardoso.


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp_2-bCqfNvcol_MC-8Kbtj1RFzxH29fxp-B8QvzMOeVVJj_nXZ3W_uE2l7g1EA1fIplaAvSSQ6q8-77lbO8Mf-PB_oK9xLo3zLtdLnKfu4Trrk_e0orZl27Nbrs0gk8SmI6ztsd_5d3Yz/s1600/dito_cattelan2.jpg

E para continuar no assunto: a escultura, intitulada “O dedo de Deus”, de Maurizio Cattelan, irreverente artista italiano – um punho fechado,  mostrando o dedo médio levantado,  gesto obsceno em quase todos os países do mundo – havia sido retirada da frente da Bolsa de Valores de Milão pela prefeita Letizia Moratti. O novo prefeito da cidade, Giuliano Pisapia, de centro-esquerda, com o apoio dos “indignati” italianos, recolocou-a em seu lugar.

http://www.africancrisis.co.za/images/Cartoon_Economic_Crisis_greed_fear.jpg






“Nosso trabalho é ganhar dinheiro com crise”, diz operador de mercado


27/9/2011 7:24,  Por Redação, com BBC - Londres




O mercado financeiro não liga para o novo plano de resgate preparado para tentar salvar a economia da zona do euro e se interessa apenas em faturar com uma eventual nova recessão, revelou um operador de mercado independente entrevistado pela BBC.

crise O operador de mercado independente Alessio Rastani, que em entrevista à BBC nesta segunda-feira alegou que "a crise é como um câncer"

- Sonho com esse momento (de declínio econômico) há três anos. Vou confessar: sonho diariamente com uma nova recessão. Se você tem o plano certo, pode fazer muito dinheiro com isso, declarou Alessio Rastani, em entrevista na última segunda-feira.
Questionado a respeito de o que faria o mercado confiar nos planos orquestrados para salvar economias em perigo, como a da Grécia, Rastani disse que, como operador, não se importa. ”Não ligamos muito para como vão consertar a economia. Nosso trabalho é ganhar dinheiro com isso, afirmou.
- Os governos não controlam o mundo. O (banco) Goldman Sachs controla o mundo. O Goldman Sachs não liga para esse resgate, nem os grandes fundos, afirmou.
A entrevista, ainda que revele apenas a opinião individual de um operador, mostra que nem sempre o funcionamento dos mercados financeiros está em sintonia com o crescimento econômico.
Segundo Rastani, os grandes fundos e investidores não acreditam nas novas propostas – as quais, segundo informações preliminares, preveem a injeção de recursos em um fundo europeu de resgate e um possível calote parcial da Grécia – e estão tirando seu dinheiro da economia do euro e investindo-o em ativos mais seguros, como dólar e títulos de Tesouro.

Governados pelo medo
- Estou confiante que esse plano não vai funcionar, independentemente de quanto dinheiro (os governos) puserem. O euro vai desabar, afirmou ele. “Os mercados estão sendo governados pelo medo.”
A âncora da BBC Martine Croxall disse que todos no estúdio estavam surpresos com as declarações. “Agradecemos sua sinceridade, mas (a atitude dos mercados) não nos ajuda muito, não?
Rastani respondeu: “Essa crise é como um câncer. Se esperarmos, vai ser tarde demais. O que digo para as pessoas é: preparem-se. Não pensem que o governo vai consertar. Quero ajudar as pessoas, elas precisam aprender a fazer dinheiro com isso. Primeiro, protegendo seus ativos. Em menos de 12 meses, ativos de milhões de pessoas vão desaparecer”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário