quinta-feira, 29 de setembro de 2011

HQ 'Tintin na África' vai a julgamento na Bélgica

Opera Mundi, 29/09/2011

Acusada de racismo, HQ 'Tintin na África' vai a julgamento na Bélgica


Redação | Bruxelas 

A história em quadrinhos "Tintin au Congo" (editada no Brasil como Tintim na África), criada pelo cartunista belga Hergé, vai a julgamento nesta sexta-feira (30/09). O processo judicial contra a publicação foi motivado por um cidadão congolês pedir sua retirada do mercado por supostos conteúdos racistas. A atual República Democrática do Congo, onde se passa a história, foi colônia belga entre 1908 a 1960.

Segundo a agência de notícias Efe, o requerente da ação, Bienvenu Mbutu Mondondo, decidiu pedir a proibição dos quadrinhos por considerá-los "ofensivos" aos congoleses, afirmando que seu conteúdo faz "propaganda da colonização". Por sua vez, a editora Casterman e os responsáveis pelos direitos das histórias do personagem argumentaram que a história aborda uma ficção, escrita há mais de 70 anos, e deve ser interpretada como um registro daquela época.

Além da Bélgica, a obra já despertou polêmica em países como Reino Unido, França, Suécia, Dinamarca e Estados Unidos, onde diversos órgãos e autoridades públicas solicitaram sua retirada do mercado ou uma recontextualização.

Reprodução


Georges Prosper Rémi, mais conhecido como Hergé, escreveu "Tintim no Congo" em 1930. A história foi publicada em preto-e branco no ano seguinte por uma pequena editora. Posteriormente é reeditado pela Casterman como mais um capítulo da série "As Aventuras de Tintim".

Na história, o célebre jornalista Tintim viaja com seu cão Milu à então colônia belga e enfrenta gângsters subordinados a Al Capone que tinham como objetivo roubar os minérios do país (no caso, da Bélgica). A história sofreu uma série de modificações em 1946, já no pós-guerra. Além de ser encurtada em até quase a metade por razões editoriais, o autor tratou de retirar uma série de estereótipos comuns à colonização.

Em um livro-entrevista publicado pela Casterman em 1989, Hergé admitiu que, na época da história original, desenhou os congoleses com o espírito e os preconceitos da época, refletidos como "pensamento católico e burguês". No entanto, defendeu que o livro fosse lido e interpretado em seu devido contexto histórico.

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