Abbas exibe o pedido de reconhecimento do Estado da Palestina durante seu discurso
O discurso de Abbas: http://noticias.uol.com.br/
Nesta sexta-feira (23), o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, discursou na Assembleia Geral da ONU, tendo sido aplaudido de pé durante sua fala. Ele acusou Israel de dificultar as negociações de paz e exibiu cópia do pedido entregue à ONU requisitando que a Palestina se torne membro pleno da entidade.
Abbas entrega pedido formal de reconhecimento do Estado palestino
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Em reunião com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, entregou nesta sexta-feira uma carta com o pedido de adesão do Estado da Palestina como 194º membro da Assembleia Geral da organização. Um porta-voz da ONU, Farhan Haq, confirmou a entrega formal da solicitação do reconhecimento da Palestina como Estado pleno de direito ao secretário-geral, que agora terá que avaliar o documento e enviá-la ao Conselho de Segurança.
Abbas deve discursar sobre o assunto na Assembleia Geral ainda hoje e há grande perspectiva em torno de sua fala. Ramallah, na Cisjordânia, está preparada para acompanhar o discurso por telões colocados na praça Manara, a principal da cidade, que transmitirão ao vivo a fala de Abbas. A cidade terá um dia inteiro de atividades dedicadas à expectativa do discurso histórico, incluindo procissão cristã. Uma cadeira gigante foi montada, para simbolizar assento pedido na ONU, para que o Estado Palestino se torne o membro número 194 da organização internacional.
Já na faixa de Gaza, controlada pelo movimento islâmico Hamas desde 2007, estão proibidas manifestações de apoio ao plano. O grupo, rival de Abbas, fará um ato público contra a iniciativa na ONU e declarou ser contra o pedido de reconhecimento.
Em Israel, 22 mil soldados e policiais foram colocados nas regiões mais propícias a iniciar conflitos, principalmente nas proximidades com palestinos e colonos, mas ainda assim foram registrados confrontos.
CONFRONTOS
Manifestantes palestinos enfrentaram soldados israelenses nesta sexta-feira em diferentes pontos da Cisjordânia. Cerca de 120 manifestantes, segundo a edição eletrônica do jornal "Yedioth Ahronoth", se concentraram próximo em uma área a oeste de Ramallah e atiraram pedras contra as forças militares israelenses.
Ronen Zvulun/Reuters |
Polícia israelense detêm jovem palestino suspeito de atirar pedras |
Os soldados reprimiram os manifestantes com gás lacrimogêneo e outros equipamentos adquiridos recentemente por Israel para conter uma possível onda de protestos pela apresentação da candidatura da Palestina à ONU. Três pessoas, entre elas um jornalista francês, sofreram ferimentos pela inalação do gás.
Em Bilin, onde durante anos os palestinos se manifestaram para protestar contra a construção da barreira de separação da Cisjordânia, também foi registrada uma pequena concentração. E em Qalandia, um dos focos de maior tensão entre Jerusalém e Ramallah, testemunhas informaram que homens encapuzados arremessavam pedras contra as forças israelenses.
Pouco antes, a polícia de fronteiras israelense deteve três palestinos em uma estrada de Jerusalém Oriental por atirarem pedras contra veículos israelenses, e outros dois na Cidade Antiga por desordens na entrada da Esplanada das Mesquitas.
LÍDERES INTERNACIONAIS
O governo francês advertiu que a iniciativa palestina poderia levar a situação de impasse no Oriente Médio a um "beco sem saída" dentro do Conselho de Segurança da ONU, que, segundo o ministro de Relações Exteriores francês, Alain Juppé, não aceitará reconhecer a Palestina como Estado pleno. Nicolas Sarkozy, presidente francês, havia proposto dar à Palestina o status de "Estado não membro" da ONU em troca do atraso em um ano da votação de admissão no organismo internacional, mas Israel já rejeitou a ideia. Segundo ele, o reconhecimento implicaria a existência de um Estado à margem das negociações de paz.
Mandel Ngan/France Presse | ||
Obama reiterou em reunião com Abbas que os EUA vetarão os planos palestinos de adesão às Nações Unidas |
Após o presidente americano, Barack Obama, indicar que os EUA não apoiarão o pedido de Abbas, seu antecessor Bill Clinton afirmou que o premiê israelense Benjamin Netanyahu é o grande responsável por não se ter chegado a um acordo pacífico que acabe com o conflito na região. Os EUA devem vetar a prosposta de reconhecimento da Palestina no Conselho de Segurança.
De acordo com o jornal israelense "Ha'aretz", Clinton deu a declaração durante conferência em Nova York, onde disse ainda que Netanyahu perdera o interesse nas negociações assim que duas demandas suas foram aceitas: a existência de uma liderança palestina viável e a possibilidade de normalizar seus laços com o mundo árabe.
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, por sua vez, ao abrir o ciclo de debates da 66ª Assembleia Geral da ONU, defendeu a existência de um Estado palestino pleno. Após dar as boas-vindas ao Sudão do Sul, ela disse lamentar "não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas".
"Assim como a maioria dos países nesta Assembléia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título", afirmou. "Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional."
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