sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Começa a Festa de San Gennaro na Móoca

Festa de San Gennaro 2011

O Estado de São Paulo, 9 de setembro de 2011

Mamas dão sabor à festa de San Gennaro


CRISTIANE BOMFIM

São 13, 14 e às vezes até 18 horas seguidas de trabalho na cozinha e nas barracas nos dias da Festa de San Gennaro. Mas Fortunata Gajanigo, de 90 anos, diz não se cansar. Dona Nata, como gosta de ser chamada, é voluntária desde a primeira edição da festa italiana da Mooca, na zona leste, que inicia hoje sua 38.ª edição.
“Só sinto cansaço quando deito na cama. Ela ficou muito grande desde que meu amor se foi”, conta a mamma, que comanda uma das barracas de macarronada. E foi para combater a tristeza após a morte do marido, que dona Nata decidiu ser voluntária.
“Foram dois anos trancada em casa, só chorando. Foi aí que uma amiga me incentivou a ser voluntária para passar o tempo. Esse trabalho virou minha vida. Quando acaba a festa, fico ansiosa para chegar o próximo ano.” Dona Nata é uma das 13 madrinhas da Paróquia San Gennaro – ou, em português, São Januário.
Juntas, elas são responsáveis pelos tradicionais pratos italianos, como a macarronada, a fogaça, a polenta, a pizza e o lanche de calabresa. Por dia de festa, são preparados cerca de 500 quilos de espaguete e vendidos quase 3 mil pratos da comida.
Nos dez dias da festa que acontece sempre aos sábados e domingos e vai até 9 de outubro, serão feitas mais de 5 mil pizzas e 11 mil fogaças, cujo preparo consome mais de 4 mil quilos de farinha. Isso sem contar as batatas, os pimentões, as cebolas e as berinjelas que precisam ser descascados e picados; as linguiças que precisam ser cortadas e preparadas para o molho e os lanches.
E haja braço para misturar a polenta em duas panelas enormes. A responsável pelo prato, Margarida do Carmo Auricchio, de 79 anos, conta que é preciso mexer sem parar por mais de uma hora e meia. São preparados cerca de 50 quilos de polenta por fim de semana. “Ela tem que cozinhar bem e não pode grudar no fundo. A receita da minha polenta é igual a todas, o diferente é o amor”, diz.
Mas o serviço não para por aí. Depois de aprontarem a comida, as mammas vão para as barracas atender o público. São cerca de 12 mil visitantes por fim de semana. “A melhor parte da festa é quando as pessoas elogiam nossa comida. A gente fica toda cheinha de orgulho, sabe?”, confidencia Neusa Martins Gomes, de 70 anos, voluntária da festa há 25.
Filha de italianos e nascida na Mooca, Neusa comanda a cozinha do macarrão. Ali, foi batizada, crismada e se casou. “A gente conta os dias para a festa começar. Até falo para a família me esquecer nesta época do ano”, diz.
O motivo de tanta dedicação é que o dinheiro arrecadado com a festa italiana é o principal responsável por manter as obras assistenciais da igreja. “A gente faz tudo com muito carinho e muita diversão.”

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