Huang Nubo, presidente do grupo Zhong Kun, apresenta o projeto Foto: AFP
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2 de setembro de 2011
Barão dos negócios chinês quer comprar pedaço da Islândia
Por Andrew Ward em Estocolmo e Leslie Hook em Beijing
do Financial Times, em 29.08.2011
Um homem de negócios chinês planeja comprar uma grande porção de terra da Islândia para um projeto de turismo de 100 milhões de dólares que críticos temem dará a Beijing uma posição estratégica no Atlântico norte. Huang Nubo, um investidor imobiliário e ex-autoridade do governo chinês, fechou acordo provisório para ficar com 300 quilômetros quadrados de uma área selvagem no noroeste das planícies da Islândia, para construir um resort de ecoturismo e um campo de golfe. Opositores tem questionado: por que um pedaço de terra tão grande — igual a 0,3% da área total da Islândia — é necessário para construir um hotel? Eles alertam que o projeto poderia dar cobertura a interesses geopolíticos chineses na ilha-nação do Atlântico, integrante da OTAN.
Embora tenha uma população de apenas 320 mil pessoas, a Islândia ocupa um lugar estrategicamente importante entre a Europa e a América do Norte e tem sido vendida como ponto de passagem em potencial para a carga cujo destino é a Ásia, se as mudanças climáticas abrirem as água do Ártico para a navegação.
O negócio foi fechado com donos privados da gleba, mas ainda tem de ser aprovado pelo governo islandês, que controla parte da propriedade, conhecida como Grímsstadir á Fjöllum. Ögmundur Jónasson, o ministro do interior da Islândia, que seria o responsável pela decisão, demonstrou preocupação com o plano. “A China tem estado muito ativa na compra de terras em todo o mundo; então, devemos ficar alertas sobre as ramificações internacionais”, ele declarou ao Financial Times.
Além de sua proximidade em relação a portos de água profunda em potencial, a gleba também inclui um dos maiores rios glaciais da Islândia. O sr. Huang, que trabalhou para o Departamento Central de Propaganda e para o Ministério da Construção da China, tentou tranquilizar os islandeses sobre suas intenções prometendo renunciar a todos os direitos sobre a água que atravessa a gleba. Pessoas que tem familiaridade com o negócio dizem que o sr. Huang concordou em pagar quase 8,8 milhões de dólares e planeja investir entre 10 e 20 bilhões de coroas islandesas no projeto turístico. O ministério de Relações Exteriores islandês disse que “dá boas vindas ao investimento estrangeiro e ao fortalecimento do turismo”, mas alertou que um cuidadoso estudo seria necessário antes de autorizar o projeto. Reykjavik busca investimento estrangeiro no momento em que batalha para se recuperar da crise bancária de 2008.
O sr. Huang ficou na posição 161 da lista dos mais ricos da China compilada pela revista Forbes, com um total de 890 milhões de dólares. A companhia dele, Zhongkun Group, controla resorts e instalações turísticas em toda a China. Ele se descreve como poeta e aventureiro, tendo escalado o monte Everest e chegado aos dois polos da Terra. Gente próxima ao empresário disse que o interesse dela na Islândia é motivado pelo amor à natureza, não pela geopolítica.
O sr. Huang tem ligações com a Islândia desde que dividiu um quarto com um estudante islandês, Hjorleifur Sveinbjornsson, na Universidade de Pequim nos anos 70. O sr. Sveinbjornsson,cuja mulher é uma ex-ministra das relações exteriores da Islândia e prefeita de Reykjavik, atua como representante informal do sr. Huang na Islândia.
No ano passado, a China fez swap de moedas no valor de 500 milhões de dólares com a Islândia, numa operação que foi descrita como sinal de que Beijing pretendia fortalecer ligações com Reykjavik. Os dois países já estão discutindo cooperação em navegação no Ártico, como parte do interesse mais amplo de Beijing no potencial de enviar e receber mercadorias da Europa e da costa Leste dos Estados Unidos através do Polo Norte, acompanhando o recuo do gelo do Ártico [causado pelo aquecimento global].
A gleba que o sr. Huang pretende comprar fica na vizinhança de um porto de águas profundas, embora a gleba em si não inclua nenhuma porção costeira, de acordo com uma pessoa que tem familiaridade com o negócio.
PS do Viomundo: ‘Perigo amarelo’, versão 2011.
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