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sexta-feira, 10 de junho de 2011
A pressa em liberar a maconha
São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2011
Pressa em liberar
RUY CASTRO
RIO DE JANEIRO - Nos últimos tempos, não se abre um jornal, revista, portal, blog ou embalagem de pizza no Brasil que não contenha um artigo em defesa da liberação da maconha. A causa é defendida por criminalistas, sociólogos, economistas, historiadores e por um ex-presidente sem agenda e em disponibilidade - o mesmo que, em oito anos no emprego, dedicou pouca ou nenhuma atenção ao tema, contra ou a favor.
Não se veem muitos médicos, terapeutas, assistentes sociais, profissionais da saúde pública e estudiosos da dependência química em geral abraçando a causa. Talvez seja mais fácil defender a liberação a partir de tabelas e dados estatísticos, não da realidade das clínicas de dependência - e da realidade ainda mais dura da grande maioria, que não chega a se beneficiar dessas clínicas e morre na rua, depois de devastar a vida de suas famílias.
A pressa em liberar parece ignorar que uma das consequências seria o ingresso a jato de milhares de jovens no universo de outras drogas. Uma amostra disso é a recente e fulminante penetração do crack, inclusive em cidades em que, até há pouco, a droga mais mortífera era o quentão nas festas juninas.
Para prevenir tal tragédia, devem estar contando com a criação maciça, pelo Ministério da Saúde, de centros de recuperação em todo o país, com capacidade de atendimento condizente com o súbito volume de emergências. Mas, pelos resultados pífios que o Brasil vem mostrando no combate, por exemplo, à dengue, não há razão para acreditar que, de uma penada, o país possa absorver e tratar as legiões de novos usuários -recuperá-los, então, já é outra história.
Os defensores da liberação fariam melhor se se dedicassem a uma campanha nacional de esclarecimento sobre as consequências da dependência química. Mas, para isso, primeiro, precisariam aprender como esta se dá.
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