Quer dizer.... Ser popular garante intocabilidade dos bens!?
Diretamente ou não responsável pela administração do banco, o banco era dele!
Vá um de nós montar uma empresa e deixá-la quebrar para ver o que a justiça faz com nossos bens.
Que se lixe se o cara é popular ou não. Que colocasse gente séria na administração de suas empresas!
E que maravilha de condições de pagamento, hein? Para trabalhador não tem estas mamatas.
E "viva" o sistema capitalista!
São Paulo, domingo, 06 de fevereiro de 2011 |
O Silvio que não sorri
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
LEONARDO SOUZA
EM SÃO PAULO
"Liquida, liquida. Eu não vou colocar meu patrimônio, deixa liquidar." Esqueça o Silvio Santos que sorri de orelha a orelha. Nos momentos em que se sente ameaçado, o apresentador mostra uma face que o público desconhece: a do empresário que não admite que coloquem a faca no seu pescoço.
O desafio embutido no "liquida, liquida" foi a resposta de Silvio a quatro dos maiores banqueiros do país quando ameaçaram bloquear seu patrimônio e processá-lo pelo rombo de R$ 3,8 bilhões do banco PanAmericano.
A frase foi dita na penúltima sexta-feira, na sede do Fundo Garantidor de Créditos, num prédio projetado por Ruy Ohtake em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
SILVIO X 4 BANQUEIROS
Silvio se reunira com Roberto Setubal (presidente do Itaú Unibanco), Lázaro Brandão e Luiz Carlos Trabuco (presidente do conselho e do Bradesco), Fábio Barbosa (do Santander) e Gabriel Jorge Ferreira (presidente do Fundo Garantidor de Créditos).O apresentador acabara de ouvir uma péssima notícia: a de que o rombo de seu banco não era de R$ 2,5 bilhões, mas de R$ 3,8 bilhões.A reação de Silvio, 80 anos completados em dezembro, foi violenta. Disse que não acreditava nos números dos auditores, que não colocaria mais dinheiro no banco nem daria mais patrimônio como garantia. Em novembro, quando foi anunciado o rombo de R$ 2,5 bilhões, ele concordara em dar suas empresas como garantia ao empréstimo desse mesmo valor pelo fundo.
Gabriel, presidente dessa entidade dirigida pelos bancos, reagiu no mesmo tom de Silvio: ameaçou levar o caso ao Banco Central para colocar o PanAmericano sob intervenção por meio de uma lei de 1987 chamada Raet (Regime de Administração Especial Temporária).
Se essa lei fosse usada, o banco poderia ser liquidado e Silvio ficaria com seus bens indisponíveis. Poderia ainda ser responsabilizado pelo rombo na Justiça.
Os banqueiros achavam que Silvio teria de sair do episódio com com algum arranhão patrimonial. Se recebesse o socorro sem comprometer suas garantias, o fundo passaria uma lição de moral nada edificante ao mercado: quebrem seus bancos que o fundo salva, deixem rombos de bilhões que seu patrimônio sairá ileso.Roberto Setubal, do Itaú, era o mais indignado com a possibilidade de Silvio sair sem dívidas. Silvio sacou então de um patrimônio que nenhum banqueiro tem: a sua popularidade.Disse que os quatro banqueiros e o fundo precisariam explicar à população por que o banco do Silvio Santos fora liquidado pelo governo.Havia outro complicador na eventual liquidação: como fazer isso quando a Caixa é sócia do banco? Passaria a impressão de que a Caixa não tinha bala para ajudar um sócio em apuros.
Outro problema: a liquidação poderia arrastar até 15 bancos que vivem da venda de carteiras de crédito. Imagine esse cenário de descontrole no primeiro mês do governo de Dilma Rousseff.
O fundo preferiu pagar para não ver as consequências. No confronto com banqueiros que dominam o sistema financeiro, Silvio saiu com o patrimônio intocado e sem dívidas.
NÃO VENDO MAIS
Por volta das 15h da última segunda-feira, todos os contratos para a venda do PanAmericano estavam prontos. Os advogados do fundo e do BTG Pactual haviam varado a madrugada de domingo para segunda para terminar a papelada. Finalizaram os contratos às 5h30.
O plano era anunciar a venda após o fechamento da Bolsa, na segunda passada. Fariam o anúncio de uma má notícia (a de o rombo subira de R$ 2,5 bilhões para R$ 3,8 bilhões) e uma boa: a venda para um grupo sólido.
Quando faltavam duas horas para a Bolsa fechar, Silvio disse a André Esteves, o presidente do BTG Pactual, que não venderia mais o banco.
Achava que o valor oferecido por Esteves era irrisório: "Querem levar o meu banco na bacia das almas e isso eu não aceito", teria dito. Por R$ 450 milhões, afirmou Silvio, eu mesmo compro.
O apresentador ficara enfurecido ao saber que o fundo quitaria uma dívida de R$ 3,8 bilhões, que seria paga em dez anos, por R$ 450 milhões -os R$ 450 milhões pelos quais o BTG levaria o banco equivalem a 12% da dívida alongada por dez anos.
Não aceitava também uma cláusula em que o BTG Pactual poderia devolver o banco caso o rombo fosse maior.
O apresentador só mudou de ideia sobre a venda quando Esteves mostrou-lhe que a conta não era a dos R$ 450 milhões. Que o banco precisava de R$ 8 bilhões para voltar a operar. Que Silvio não tinha mais condições de levantar esse valor. Que banqueiro faria negócios com um empresário que diz não entender nada de bancos?
O Banco Central já fizera chegar ao apresentador essa mesma mensagem -a de que ele não tinha mais condições de continuar à frente do PanAmericano.
Só ao ser apresentado à cifra de R$ 8 bilhões Silvio capitulou à proposta do BTG. Não aceitou, porém, a cláusula de devolução caso o rombo crescesse. O motivo é óbvio: que banco sobrevive a um comprador que depois recusa o negócio? A cláusula era um atestado de óbito.
CONTA DE CHEGADA
Nas negociações para definir o valor de venda da participação do apresentador, o fundo ofereceu condições excepcionais ao BTG Pactual.
A instituição considerou o rombo de R$ 3,8 bilhões como a quantia a ser paga não agora, mas em 17 anos e seis meses, sem incidência de juros nem correção monetária - isso tudo no país que tem a maior taxa real de juros do mundo.Sobre esse valor futuro, aplicou uma taxa de desconto de 13% ao ano, o que representa hoje R$ 450 milhões - esse é o preço pelo qual o Pactual se comprometeu a comprar as ações de Silvio Santos no PanAmericano. O BTG ainda não desembolsou o dinheiro.
A diferença entre os R$ 450 milhões a serem pagos pelo BTG Pactual e os R$ 3,8 bilhões injetados para sanar o banco foi assumida pelo Fundo Garantidor e contabilizada como um prejuízo de R$ 3,35 bilhões.
Pode parecer um escândalo, mas o fundo diz que fez um ótimo negócio. Se o PanAmericano quebrasse, o prejuízo direto seria de mais de R$ 8 bilhões.
Estima-se que 15 outros bancos iriam à bancarrota em seguida. Como o PanAmericano tomou US$ 900 milhões no exterior, o calote significaria um corte no crédito externo. O risco-país, que mede a estabilidade da economia, dispararia para mais de 700 pontos e o governo pagaria a conta.Segundo essa visão, o fundo existe para isso mesmo - é uma espécie de seguradora dos bancos.
DE SÃO PAULO
LEONARDO SOUZA
EM SÃO PAULO
"Liquida, liquida. Eu não vou colocar meu patrimônio, deixa liquidar." Esqueça o Silvio Santos que sorri de orelha a orelha. Nos momentos em que se sente ameaçado, o apresentador mostra uma face que o público desconhece: a do empresário que não admite que coloquem a faca no seu pescoço.
O desafio embutido no "liquida, liquida" foi a resposta de Silvio a quatro dos maiores banqueiros do país quando ameaçaram bloquear seu patrimônio e processá-lo pelo rombo de R$ 3,8 bilhões do banco PanAmericano.
A frase foi dita na penúltima sexta-feira, na sede do Fundo Garantidor de Créditos, num prédio projetado por Ruy Ohtake em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
SILVIO X 4 BANQUEIROS
Silvio se reunira com Roberto Setubal (presidente do Itaú Unibanco), Lázaro Brandão e Luiz Carlos Trabuco (presidente do conselho e do Bradesco), Fábio Barbosa (do Santander) e Gabriel Jorge Ferreira (presidente do Fundo Garantidor de Créditos).O apresentador acabara de ouvir uma péssima notícia: a de que o rombo de seu banco não era de R$ 2,5 bilhões, mas de R$ 3,8 bilhões.A reação de Silvio, 80 anos completados em dezembro, foi violenta. Disse que não acreditava nos números dos auditores, que não colocaria mais dinheiro no banco nem daria mais patrimônio como garantia. Em novembro, quando foi anunciado o rombo de R$ 2,5 bilhões, ele concordara em dar suas empresas como garantia ao empréstimo desse mesmo valor pelo fundo.
Gabriel, presidente dessa entidade dirigida pelos bancos, reagiu no mesmo tom de Silvio: ameaçou levar o caso ao Banco Central para colocar o PanAmericano sob intervenção por meio de uma lei de 1987 chamada Raet (Regime de Administração Especial Temporária).
Se essa lei fosse usada, o banco poderia ser liquidado e Silvio ficaria com seus bens indisponíveis. Poderia ainda ser responsabilizado pelo rombo na Justiça.
Os banqueiros achavam que Silvio teria de sair do episódio com com algum arranhão patrimonial. Se recebesse o socorro sem comprometer suas garantias, o fundo passaria uma lição de moral nada edificante ao mercado: quebrem seus bancos que o fundo salva, deixem rombos de bilhões que seu patrimônio sairá ileso.Roberto Setubal, do Itaú, era o mais indignado com a possibilidade de Silvio sair sem dívidas. Silvio sacou então de um patrimônio que nenhum banqueiro tem: a sua popularidade.Disse que os quatro banqueiros e o fundo precisariam explicar à população por que o banco do Silvio Santos fora liquidado pelo governo.Havia outro complicador na eventual liquidação: como fazer isso quando a Caixa é sócia do banco? Passaria a impressão de que a Caixa não tinha bala para ajudar um sócio em apuros.
Outro problema: a liquidação poderia arrastar até 15 bancos que vivem da venda de carteiras de crédito. Imagine esse cenário de descontrole no primeiro mês do governo de Dilma Rousseff.
O fundo preferiu pagar para não ver as consequências. No confronto com banqueiros que dominam o sistema financeiro, Silvio saiu com o patrimônio intocado e sem dívidas.
NÃO VENDO MAIS
Por volta das 15h da última segunda-feira, todos os contratos para a venda do PanAmericano estavam prontos. Os advogados do fundo e do BTG Pactual haviam varado a madrugada de domingo para segunda para terminar a papelada. Finalizaram os contratos às 5h30.
O plano era anunciar a venda após o fechamento da Bolsa, na segunda passada. Fariam o anúncio de uma má notícia (a de o rombo subira de R$ 2,5 bilhões para R$ 3,8 bilhões) e uma boa: a venda para um grupo sólido.
Quando faltavam duas horas para a Bolsa fechar, Silvio disse a André Esteves, o presidente do BTG Pactual, que não venderia mais o banco.
Achava que o valor oferecido por Esteves era irrisório: "Querem levar o meu banco na bacia das almas e isso eu não aceito", teria dito. Por R$ 450 milhões, afirmou Silvio, eu mesmo compro.
O apresentador ficara enfurecido ao saber que o fundo quitaria uma dívida de R$ 3,8 bilhões, que seria paga em dez anos, por R$ 450 milhões -os R$ 450 milhões pelos quais o BTG levaria o banco equivalem a 12% da dívida alongada por dez anos.
Não aceitava também uma cláusula em que o BTG Pactual poderia devolver o banco caso o rombo fosse maior.
O apresentador só mudou de ideia sobre a venda quando Esteves mostrou-lhe que a conta não era a dos R$ 450 milhões. Que o banco precisava de R$ 8 bilhões para voltar a operar. Que Silvio não tinha mais condições de levantar esse valor. Que banqueiro faria negócios com um empresário que diz não entender nada de bancos?
O Banco Central já fizera chegar ao apresentador essa mesma mensagem -a de que ele não tinha mais condições de continuar à frente do PanAmericano.
Só ao ser apresentado à cifra de R$ 8 bilhões Silvio capitulou à proposta do BTG. Não aceitou, porém, a cláusula de devolução caso o rombo crescesse. O motivo é óbvio: que banco sobrevive a um comprador que depois recusa o negócio? A cláusula era um atestado de óbito.
CONTA DE CHEGADA
Nas negociações para definir o valor de venda da participação do apresentador, o fundo ofereceu condições excepcionais ao BTG Pactual.
A instituição considerou o rombo de R$ 3,8 bilhões como a quantia a ser paga não agora, mas em 17 anos e seis meses, sem incidência de juros nem correção monetária - isso tudo no país que tem a maior taxa real de juros do mundo.Sobre esse valor futuro, aplicou uma taxa de desconto de 13% ao ano, o que representa hoje R$ 450 milhões - esse é o preço pelo qual o Pactual se comprometeu a comprar as ações de Silvio Santos no PanAmericano. O BTG ainda não desembolsou o dinheiro.
A diferença entre os R$ 450 milhões a serem pagos pelo BTG Pactual e os R$ 3,8 bilhões injetados para sanar o banco foi assumida pelo Fundo Garantidor e contabilizada como um prejuízo de R$ 3,35 bilhões.
Pode parecer um escândalo, mas o fundo diz que fez um ótimo negócio. Se o PanAmericano quebrasse, o prejuízo direto seria de mais de R$ 8 bilhões.
Estima-se que 15 outros bancos iriam à bancarrota em seguida. Como o PanAmericano tomou US$ 900 milhões no exterior, o calote significaria um corte no crédito externo. O risco-país, que mede a estabilidade da economia, dispararia para mais de 700 pontos e o governo pagaria a conta.Segundo essa visão, o fundo existe para isso mesmo - é uma espécie de seguradora dos bancos.
Como são confiáveis estas empresas de auditoria, não? Lembram-se daquela outra empresa de auditoria gigantesca que teve de cerrar as portas há alguns anos porque estava macomunada com fraudes bilionárias nos EUA?
É isto aí, gente! São estas empresas que "orientam" as maravilhosas ações do " perfeito" Mr. Market!
É isto aí, gente! São estas empresas que "orientam" as maravilhosas ações do " perfeito" Mr. Market!
Fiquemos absolutamente tranquilos quando os neoliberais propõem o Estado mínimo e a ampla e absouluta liberdade para o Mercado.
São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Auditoria ignorou checagens básicas
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Auditoria ignorou checagens básicas
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
A Deloitte mandou na última semana para o Banco PanAmericano e para o Banco Central o balanço do terceiro semestre da instituição financeira de Silvio Santos como se ela não tivesse um rombo de R$ 2,5 bilhões -R$ 2,1 bilhões são do banco e R$ 400 milhões da área de cartão de crédito.
O buraco seria tratado numa nota técnica da demonstração financeira, recurso usado normalmente para explicar metodologia ou eventos menores no período analisado pelo balanço -de junho a agosto deste ano.
Executivos que integram a nova diretoria e o novo conselho de administração do PanAmericano se recusaram a assinar o balanço porque seria o endosso da fraude, na interpretação deles.
O prazo legal para o envio da demonstração financeira do terceiro trimestre acabou à meia-noite de ontem.
O buraco foi descoberto pela fiscalização do Banco Central em agosto, mas a Deloitte só ficou sabendo do problema no mesmo dia em que o PanAmericano fez um comunicado ao mercado -no último dia 7.
A Deloitte é a maior empresa de auditoria do mundo e não apontou os problemas que o PanAmericano tinha ao auditar o balanço de 2009.
Entre outros problemas, diretores do PanAmericano vendiam carteiras de crédito para outros bancos, mas não registravam o repasse na contabilidade.
Com isso, a situação do banco parecia melhor do que era de fato.
PROCESSO
Silvio Santos já anunciou que vai processar a Deloitte por conta da aparente omissão na análise do balanço.
Se for condenada a pagar uma indenização para o empresário, uma das hipóteses mais plausíveis, a empresa de auditoria corre o risco de se tornar inviável no Brasil.
O PanAmericano recebeu um empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito, um instrumento criado justamente para salvar bancos que estejam correndo risco de quebrar.
A venda de carteiras de crédito para outros bancos, sem a devida baixa, não foi notada pela Deloitte porque a empresa deixou de fazer checagens primárias, segundo dois auditores ouvidos pela Folha. Um deles define o trabalho dos auditores como coisa de estagiário.
A Deloitte não conferia com outros bancos quais eram as condições em que o PanAmericano havia vendido carteiras de crédito.
A conferência desse tipo de venda é essencial para um balanço porque, conforme as condições de venda, afeta a capacidade do banco de emprestar dinheiro.
Era o que acontecia no PanAmericano. As carteiras de crédito eram vendidas com o que o mercado chama de coobrigação -o banco de Silvio Santos funcionava como uma espécie de avalista daquele crédito e pagaria pelos eventuais casos de calote.
Os executivos não registravam a venda nem a cláusula de coobrigação. Se a coobrigação fosse registrada, como manda a lei, o PanAmericano ficaria com menor capacidade de emprestar recursos e teria de diminuir o ritmo de captação de clientes.
O foco principal da instituição são os financiamentos de carros, motos e computadores.
O buraco seria tratado numa nota técnica da demonstração financeira, recurso usado normalmente para explicar metodologia ou eventos menores no período analisado pelo balanço -de junho a agosto deste ano.
Executivos que integram a nova diretoria e o novo conselho de administração do PanAmericano se recusaram a assinar o balanço porque seria o endosso da fraude, na interpretação deles.
O prazo legal para o envio da demonstração financeira do terceiro trimestre acabou à meia-noite de ontem.
O buraco foi descoberto pela fiscalização do Banco Central em agosto, mas a Deloitte só ficou sabendo do problema no mesmo dia em que o PanAmericano fez um comunicado ao mercado -no último dia 7.
A Deloitte é a maior empresa de auditoria do mundo e não apontou os problemas que o PanAmericano tinha ao auditar o balanço de 2009.
Entre outros problemas, diretores do PanAmericano vendiam carteiras de crédito para outros bancos, mas não registravam o repasse na contabilidade.
Com isso, a situação do banco parecia melhor do que era de fato.
PROCESSO
Silvio Santos já anunciou que vai processar a Deloitte por conta da aparente omissão na análise do balanço.
Se for condenada a pagar uma indenização para o empresário, uma das hipóteses mais plausíveis, a empresa de auditoria corre o risco de se tornar inviável no Brasil.
O PanAmericano recebeu um empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito, um instrumento criado justamente para salvar bancos que estejam correndo risco de quebrar.
A venda de carteiras de crédito para outros bancos, sem a devida baixa, não foi notada pela Deloitte porque a empresa deixou de fazer checagens primárias, segundo dois auditores ouvidos pela Folha. Um deles define o trabalho dos auditores como coisa de estagiário.
A Deloitte não conferia com outros bancos quais eram as condições em que o PanAmericano havia vendido carteiras de crédito.
A conferência desse tipo de venda é essencial para um balanço porque, conforme as condições de venda, afeta a capacidade do banco de emprestar dinheiro.
Era o que acontecia no PanAmericano. As carteiras de crédito eram vendidas com o que o mercado chama de coobrigação -o banco de Silvio Santos funcionava como uma espécie de avalista daquele crédito e pagaria pelos eventuais casos de calote.
Os executivos não registravam a venda nem a cláusula de coobrigação. Se a coobrigação fosse registrada, como manda a lei, o PanAmericano ficaria com menor capacidade de emprestar recursos e teria de diminuir o ritmo de captação de clientes.
O foco principal da instituição são os financiamentos de carros, motos e computadores.
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