quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mulher em período fértil atrai solteiros e repele "casados"

São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Mulher em período fértil atrai solteiros e repele "casados"
IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO

Uma nova pesquisa joga um balde de água fria em quem justifica a infidelidade como "natural". Segundo um experimento da Universidade da Flórida, a fidelidade também pode ser explicada pela biologia.
Os coordenadores do estudo, Saul Miller e Jon Maner, mostraram que sinais de que uma mulher está em período fértil, como mudança de cheiro, são percebidos pelo homem. Mas, se ele for comprometido, em vez de atração, ele tende a rejeitar os sinais em uma desconhecida.

PICO FÉRTIL
Pesquisas anteriores já apontaram a relação entre pico fértil da mulher e resposta masculina. Um estudo feito em 2007 com dançarinas de striptease mostrou que as gorjetas aumentavam quando elas estavam ovulando.
"No pico de fertilidade, o aumento do estrogênio deixa a mulher mais lubrificada, com mais brilho na pele. O cheiro do corpo também muda de forma sutil, mas que é percebida pelo homem", diz a endocrinologista Vânia Assaly, membro da International Hormone Society.
A reação fisiológica do macho é responder com excitação sexual e partir para o bote. Mas, se isso significa pular a cerca, outras reações biológicas podem entrar em jogo, especulam pesquisadores.
No trabalho da Flórida, uma jovem frequentou o laboratório de psicologia social por vários meses. Os homens participantes classificaram o grau de atratividade da moça. A maioria dos desimpedidos a considerou mais atraente nos períodos férteis. Os que estavam em relacionamentos românticos a acharam menos atraente justamente nessas fases.
"Parece que os homens estavam de fato tentando afastar qualquer tentação que pudessem sentir diante da mulher que estava ovulando", disse o psicólogo Maner.
Para Assaly, isso mostra como condições sociais modulam a ação hormonal.
"A presença da mulher fértil aumenta a produção de hormônios sexuais no homem, como testosterona.  Mas a consciência e a memória desencadeiam a produção de outros hormônios, como ocitocina, que trabalham contra a ameaça ao vínculo amoroso."
Para o psiquiatra Luiz Cushnir, do grupo de estudos de gêneros do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o maior valor desse tipo de pesquisa é possibilitar reflexões.
"Relacionamentos são multifatoriais e o ser humano tem grande repertório emocional, ao contrário dos animais. Valores socioculturais influenciam a resposta sexual e podem ter repercussão bioquímica. Mas não dá para reduzir tudo à biologia."

Com o "New York Times"

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Folha de São Paulo, 21/06/2010
Ela não confia em você? A culpa é da testosterona

Por NICHOLAS WADE

O adesivo que mantém a sociedade humana unida é a confiança. Mas quem confia demais nos outros tende a ser enganado.
O lado "confiança" dessa equação é mediado por um hormônio cerebral chamado oxitocina. Um toque suave ou uma carícia enviam uma injeção de oxitocina ao fluxo sanguíneo de uma pessoa.
Pesquisadores suíços descobriram em 2005 que um jato de oxitocina deixava jogadores em um jogo de investimentos mais dispostos a entregar seu dinheiro a estranhos.
Pode parecer estranho que exista uma influência hormonal em um cálculo tão delicado quanto o de confiar ou não em uma pessoa. Mas talvez a confiança seja tão importante para a sobrevivência de uma sociedade que a seleção natural gerou uma base hormonal para ela.
De qualquer forma, a confiança tem uma desvantagem: corremos o risco de entregar dinheiro demais a alguém que promete gerar retornos constantes. É preciso que exista um antídoto à oxitocina, algo que, quando as circunstâncias o exigem, leve uma pessoa a reprimir aqueles sentimentos calorosos e pouco discriminadores.
Pesquisadores da Universidade Utrecht, na Holanda, informam ter identificado esse antídoto: é a testosterona. Eles deram a mulheres jovens uma dose do hormônio, na forma de uma gota de líquido sob a língua, e, então, pediram que avaliassem a confiabilidade de uma série de rostos de homens, mostrados em fotos.
As mulheres mostraram tendência consideravelmente menor de confiar em um rosto quando tinham recebido testosterona e não um placebo, disse a equipe holandesa em "The Proceedings of the National Academy of Sciences".
Mas o efeito alertador não foi igual em todas as mulheres do estudo. As que já tinham tendência menor a confiar, conforme foi avaliado pelo teste com placebo, praticamente não foram afetadas pela testosterona. Foram as mulheres confiantes cuja atitude foi mais modificada pelo hormônio -como seria de se esperar se a seleção natural tiver desenvolvido o sistema para as mais necessitadas de proteção.
"A testosterona reduz a confiança interpessoal, de maneira aparentemente adaptadora", concluem os pesquisadores.
Em muitos mamíferos, o efeito da testosterona é sobretudo o de promover a agressão, quando indivíduos competem por status social ou recursos.
A equipe holandesa enxerga o papel do hormônio nos humanos sob ótica mais benevolente. "Nos humanos, o hormônio parece motivar decisões racionais, escrutínio social e argúcia, as ferramentas aparentes para o sucesso na sociedade moderna", escrevem.
O biólogo evolutivo Marc Hauser, da Universidade Harvard, disse que a nova descoberta é "muito significativa" e abre a porta ao estudo dos mecanismos que orientam a confiança, os relacionamentos sociais e o senso de justiça, além das origens das variações entre pessoas.
Sabe-se por outros estudos que a testosterona reforça a libido das mulheres e que há um pico em sua produção logo antes da ovulação. Do ponto de vista evolutivo, parece natural que a mulher se interesse mais pelo sexo quando tem mais chances de conceber. Mas como a propriedade da testosterona de aumentar a desconfiança se encaixa nesse quadro?
"Mais ceticismo quanto à confiabilidade de um parceiro potencial também faz sentido evolutivo, em cenários nos quais o apoio contínuo do pai é crucial à sobrevivência do bebê", escrevem Ryan T. Johnson e S. Marc Breedlove, da Universidade do Michigan, em comentário.
Portanto, rapazes, vocês já sabiam que as mulheres são complexas, mas a situação é pior do que pensavam: no momento em que mais os desejam, elas confiam menos em vocês.

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Folha de São Paulo, 12/05/2010
Cientistas buscam "fator genético" para a infidelidade
DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisadores têm buscado embasamento científico e justificativas para um fenômeno que talvez nunca seja fácil de explicar: a infidelidade. Estudos sugerem que variações genéticas estariam relacionadas à dificuldade de ser fiel.
Por exemplo um trabalho feito com 552 pares de gêmeos e seus parceiros, que avaliou um gene presente na maioria dos mamíferos, relacionado à formação de vínculos.
Os homens que carregavam variações desse gene eram menos propensos a se casar: os que se casaram tiveram mais crises conjugais, e suas mulheres eram mais infelizes, segundo o estudo, feito pelo Instituto Karolinska, na Suécia.
Mas é claro que não é possível utilizar esse dado para prever o comportamento masculino em um relacionamento.
"Você olha um "pegador" e identifica, por atitudes e pela forma de se relacionar, que ele tem maior tendência à traição. Mas ainda não dá para dizer que foi programado geneticamente para agir dessa forma", comenta a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de SP.
Outros estudos dizem que é possível treinar o cérebro para resistir a desejos "proibidos".
Um grupo da Universidade McGill, no Canadá, fez várias pesquisas para mostrar a reação de pessoas comprometidas diante das tentações.
Concluíram, em um primeiro estágio, que, quanto mais comprometida é a pessoa, mais ela sente repulsa por alguém ou alguma situação que ameace seu relacionamento.
Em um dos trabalhos, foi solicitado aos voluntários que dessem notas para fotos de pessoas do sexo oposto. As mais atraentes receberam notas mais altas. Depois, as mesmas fotos foram mostradas, seguidas da informação de que aquelas pessoas gostariam de encontrar os voluntários. Dessa vez, as avaliações foram piores.
Os canadenses ainda avaliaram como os sexos responderiam às ameaças de traição.
Em dois estudos, as mulheres se mostraram mais conscientes do risco de ferir a relação por causa de uma situação proibida, tornando-se mais compreensivas com os parceiros, por exemplo, ao discutir o relacionamento. Os homens não alteraram o comportamento após um flerte simulado.
Uma outra linha de pesquisa tenta provar o que parece óbvio: para Arthur Aron, pesquisador da Stony Brook University, nos EUA, não são os sentimentos de lealdade e de amor que mantêm os casais fiéis. Seus experimentos com atividades monótonas e instigantes mostram que o desafio constante eleva a satisfação dos parceiros com a relação.
"Partindo da hipótese de que não somos naturalmente monogâmicos, que é a mais aceita pelos estudiosos, podemos dizer que alguns se moldam mais e outros não conseguem. A fidelidade é um aprendizado e se sustenta pela necessidade de adequação social, econômica e afetiva", resume Abdo.
Com "The New York Times"

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Eu já andava suspeitando deste tal do Alelo! ;-)

Sábdo, 6 Set 2008


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