terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Quando Dilma era “vadia” e “vagabunda”

http://brasiliaeuvi.wordpress.com/2011/02/22/dilma-na-cova-dos-leoes/

22/02/2011

Dilma na cova dos leões

Leandro Fortes


Surpresa!

Na íntegra do discurso de Dilma Rousseff proferido na cerimônia de aniversário de 90 anos da Folha de S.Paulo, disponibilizado na internet pela página do Portal UOL, lê-se, não sem certo espanto: “Estou aqui representando a Presidência da República. Estou aqui como presidente da República”. Das duas uma: ou Dilma abriu mão, em um discurso oficial, de sua batalha pessoal para ser chamada de “presidenta”, ou, mais grave, a transcrição de seu discurso foi alterada para se enquadrar aos ditames do anfitrião, que a chama ostensivamente de “presidente”, muito mais por birra do que por purismo gramatical.
Caso tenha, de fato, por conta própria, aberto mão do título de “presidenta” que, até então, lhe parecia tão caro, este terá sido, contudo, o menor dos pecados de Dilma Rousseff no regabofe de 90 anos da Folha.
Explica-se: é a mesma Folha que estampou uma ficha falsa da atual presidenta em sua primeira página, dando início a uma campanha oficial que pretendia estigmatizá-la, às vésperas da campanha eleitoral de 2010, como terrorista, assaltante de banco e assassina. A ela e a seus companheiros de luta, alguns mortos no combate à ditadura. Ditadura, aliás, chamada de “ditabranda”, pela mesma Folha.
Esta mesma Folha que, ainda na campanha de 2010, escalou um colunista para, imbuído de sutileza cavalar, chamá-la, e à atual senadora Marta Suplicy, de vadia e vagabunda. (Vide artigo abaixo (Ivan))

Essa mesma Folha, ora homenageada com a presença de Dilma Rousseff.
Digo o menor dos pecados porque o maior, o mais grave, o inaceitável, não foi o de submeter a Presidência da República a um duvidoso rito de diplomacia de uma malfadada estratégia de realpolitik. O pecado capital de Dilma foi ter, quase que de maneira singela, corroborado com a falsa retórica da velha mídia sobre liberdade de imprensa e de expressão. Em noite de gala da rua Barão de Limeira, a presidenta usou como seu o discurso distorcido sobre dois temas distintos transformados, deliberadamente, em um só para, justamente, não ser uma coisa nem outra. Uma manipulação conceitual bolada como estratégia de defesa e ataque prévios à possível disposição do governo em rever as leis e normas que transformaram o Brasil num país dominado por barões de mídia dispostos, quando necessário, a apelar para o golpismo editorial puro e simples.
A liberdade de expressão que garantiu o surgimento de uma blogosfera crítica e atuante durante a guerra eleitoral de 2010 nada tem a ver com aquela outra, defendida pela Associação Nacional dos Jornais, comandada por uma executiva da Folha de S.Paulo. São posições, na verdade, antagônicas. À Dilma, é bom lembrar, a Folha jamais pediu desculpas (nem a seus próprios leitores, diga-se de passagem) por ter ostentado uma ficha falsa fabricada por sites de extrema-direita e vendida, nas bancas, como produto oficial do DOPS. Jamais.
Ao comparecer ao aniversário da Folha, a quem, imagina-se, deve ter processado por conta da ficha falsa, Dilma se fez acompanhar de um séquito no qual se incluiu o ministro da Justiça. Fez, assim, uma concessão que está no cerne das muitas desgraças recentes da história política brasileira, baseada na arte de beijar a mão do algoz na esperança, tão vã como previsível, de que esta não irá outra vez se levantar contra ela. Ledo engano. Estão a preparar-lhe uma outra surra, desta feita, e sempre por ironia, com o chicote da liberdade de imprensa, de expressão, cada vez mais a tomar do patriotismo o status de último refúgio dos canalhas.
Dilma foi torturada em um cárcere da ditadura, esta mesma, dita branda, que usufruiu de veículos da Folha para transporte e remoção de prisioneiros políticos – acusação feita pela jornalista Beatriz Kushnir no livro “Cães de guarda” (Editora Boitempo), nunca refutada pelos donos do jornal.
A presidenta conhece a verdadeira natureza dos agressores. Deveria saber, portanto, da proverbial inutilidade de se colocar civilizadamente entre eles.
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http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/quando-dilma-era-vadia-e-vagabunda.html



21 de fevereiro de 2011
 

Quando Dilma era “vadia” e “vagabunda”


Dilma beija a mão de Otavinho, o chefe do Josias

por Luiz Carlos Azenha

Apenas para lembrar os leitores do Viomundo de um tempo em que a Folha de S. Paulo abriu espaço para que um colunista dela, Folha, se referisse de forma obliqua à candidata Dilma como “vadia” e “vagabunda”.
O mesmo jornal que Dilma homenageou, em São Paulo.
Está aqui (Vide abaixo(Ivan))

Filho de chocadeira

17 de fevereiro de 2009
por Conceição Lemes

Será que o jornalista Josias de Souza, colunista da Folha de S. Paulo, tem mãe, irmã, companheira, namorada, amiga? Será que ele as respeita? Será que as vê como seres humanos de verdade?

Bem, antes de responder, leia atentamente a manchete e o texto do primeiro item - Veneno -  da coluna de Josias, publicada ontem no seu blog no Uol. Veja a foto. Observe as palavras circundadas em vermelho por Eduardo Guimarães na denúncia que postou às 23h56, no Cidadania.com

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1. Veneno: No jantar oferecido por Marta a Dilma, na sexta (13), a candidata companheira comparou-se ao FHC da eleição de 1994.
Naquele pleito, empurrado pelo Real, o tucano voou de um ministério (Fazenda) para o Planalto, deixando pelo caminho um Lula que as pesquisas davam como favorito.
Pelo menos um grão-petista deixou o repasto com a impressão de que alguma coisa subiu à cabeça da presidenciável oficial do Planalto.
Lamentou que Dilma tenha apagado da memória o Serra de 2002, um tucano que também alçou vôo de um ministério (Saúde) e quebrou o bico.
De resto, o partidário cético de Dilma acha que, por ora, o PAC está mais para o programa de genéricos de Serra do que para o Real de FHC.



O que achou? Engraçadinho? Apenas uma brincadeira com as palavras? Ingênuo?
Pois para nós, não. Mais. Pelo menos, a impressão que passa é a de que Josias de Souza não tem mãe, irmã, companheira, namorada, amiga. Se as tivesse e as considerasse não faria um título e um texto rasteiros, com segundas intenções. E, considerando que o jornalista sabe manusear a língua portuguesa, não foi descuido. Foi má-fé. Desqualificação de gênero.

O seu objetivo é induzir o leitor a olhar Marta Suplicy e Dilma Rousseff como vadias e vagabundas. Vejamos:

1) Por que será que Josias colou o título geral do post e em seguida a foto e o texto sobre Marta e Dilma?  Ah, já sei; são do PT e, ainda, por cima mulheres. E o patrão dele odeia tudo o que diz respeito ao PT.

2) Se o objetivo do jornalista não era maledicente, por que não colocou como primeira nota a que fala sobre o Jarbas Vasconcelos e o Orestes Quércia, por exemplo?  Ah, já sei, os dois são da ala do PMDB que quer o José Serra para a presidência em 2010, assim como a própria Folha desde sempre.  Também não ia pegar bem correr o risco de relacioná-los com vagabundos e vadios, né?

Foi o Eduardo Guimarães quem nos alertou para essa ignomínia. O título do nosso artigo, aliás, é tirado do post dele: Um filho de chocadeira.

“Sou casado e tenho quatro filhos, sendo três mulheres. Tenho também uma neta. Além disso, tenho mãe, o que não parece ser o caso desse infeliz desse blog abjeto que aparece na imagem acima, desse empregadinho da mídia golpista, desse sujeitinho à toa que acha que a escolha dessa manchete para uma matéria relativa a foto mostrando a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e a ex-prefeita Marta Suplicy, é coisa de homem. Eu não acho. Como filho, esposo, pai e avô, tenho, ao todo, seis bons motivos para não descer a esse ponto na guerra política, ao ponto a que desceu esse degenerado sem mãe.”

É segundo Carlinhos Medeiros, do blog Bodega Cultural, o PITU – Partido da Imprensa Tucana -- em ação.

Examinem mais uma vez as protagonistas da foto e as imagens textuais selecionadas para associá-las. “É uma maneira subliminar de desqualificação”, indigna-se a historiadora Conceição Oliveira no seu blogAo associar termos e expressões com duplo sentido à imagem das fotografadas, o Josias opera no subconsciente de uma sociedade com longa história patriarcal, sexista, machista, chauvinista e de muita violência contra as mulheres. Escolher a dedo termos como ‘vadias’, ‘vagabundas’, ‘bico’, ‘asas’ (só faltaram as penas) tem um propósito claro neste contexto.”

Ainda vivemos em uma sociedade que mulheres no centro de poder são exceções e por ousar ocupá-los são constantemente desqualificadas. E é neste registro que operam manchete, imagem e texto do Josias de Sousa”, prossegue Conceição Oliveira. “Esta estratégia é danosa para homens e mulheres e para as lutas femininas por respeito e dignidade humana.”

Ações como sua, Josias, são um desserviço às mulheres e ao País; contribuem para aumentar a violência contra nós.  Tomara que nem você nem as pessoas que ama provem do seu veneno.

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São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Imprensa livre é imprescindível, diz Dilma

90 anos

DE SÃO PAULO

                                       Joel Silva/Folhapress
<b>FOLHA, 90:</b> Dilma Rousseff discursa na Sala São Paulo durante evento que reuniu 1.200 convidados para celebrar o aniversário do jornal
FOLHA, 90: Dilma Rousseff discursa na Sala São Paulo durante evento que reuniu
1.200 convidados para celebrar o aniversário do jornal

A presidente Dilma Rousseff exaltou ontem a liberdade de imprensa na comemoração dos 90 anos da Folha. "Uma imprensa livre, pluralista e investigativa é imprescindível para um país como o nosso", disse. "Devemos preferir o som das vozes críticas da imprensa livre ao silêncio das ditaduras."
A celebração reuniu cerca de 1.200 convidados na Sala São Paulo, na Luz (região central). Compareceram os presidentes do Senado, José Sarney, da Câmara, Marco Maia, e do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso.
Além de Sarney, participaram da cerimônia os ex-presidentes da República Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.
Também estavam presentes os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Fernando Haddad (Educação), Alexandre Padilha (Saúde) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), além de governadores e congressistas.
Entre outros empresários e banqueiros, compareceram Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, Daniel Feffer, do grupo Suzano, e Fábio Barbosa, presidente do Conselho de Administração do Santander.
O governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a expressão imprensa livre deveria ser considerada pleonasmo. "A imprensa só é [imprensa] se for livre."
Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, ressaltou que o projeto do jornal "jamais teria acontecido sem aquele que é origem e destinatário de tudo, aquele a quem o sr. Frias, criador da Folha moderna, chamava de Sua Excelência, o leitor", referindo-se a seu pai, o empresário Octavio Frias de Oliveira (1912-2007).
"Em nome desse leitor, peço que aceitem a incumbência de continuar sendo fiscais, hoje e amanhã, dos compromissos da Folha com o jornalismo, com a democracia e com o desenvolvimento do Brasil", disse.
O evento começou com um ato multirreligioso, que reuniu líderes de oito religiões. Participaram o cônego Aparecido Pereira (catolicismo), Rolf Schünemann (protestantismo), João Baptista do Valle (espiritismo), xeque Abdel Hamid Mohamed Mohamed Aly Metwally (islamismo), monja Coen Murayama (budismo), mãe Liliana de Oxum (candomblé), rabino Michel Schlesinger (judaísmo) e dom Datev Karibian (armênios apostólicos).
A cerimônia foi encerrada com o concerto de Villa-Lobos, a "Sinfonia Nº 6", pela Osesp, regida pelo maestro Isaac Karabtchevsky.

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