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Blog do Santayana, 23 de abril de 2015
Obama e Cuba
Por Mauro Santayana
Em encontro histórico no Panamá, o Presidente dos EUA, Barack Obama e o de Cuba, Raul Castro, colocaram fim a um confronto de décadas, concluindo movimento de reaproximação que começou com aperto de mãos entre os dois dirigentes, a poucos metros da Presidente Dilma Roussef, na tribuna de honra do funeral de Nelson Mandela, no dia 10 de dezembro de 2013.
Antes mesmo do início das negociações diplomáticas com os EUA, Cuba já estava plenamente integrada ao resto do mundo e à América Latina.
Os investimentos estrangeiros na ilha somam bilhões de dólares. Há poucas semanas, foi realizada a trigésima-segunda edição da feira Internacional de Havana, com a presença de 2.000 empresas de 60 países, entre eles a Alemanha, que esteve representada por 37 empresas, entre elas a Bosh, a MAN e a ThyssenKrupp.
A iniciativa de Barack Obama de se reaproximar com Cuba foi corajosa, mas necessária. Ao insistir em manter o bloqueio econômico sobre a ilha, os EUA estavam cada vez mais isolados, nessa questão, com relação ao resto do mundo.
Em outubro do ano passado, a Organização das Nações Unidas condenou , pela vigésima-terceira vez desde 1992, o embargo norte-americano contra Cuba. Cento e oitenta e oito países votaram contra os Estados Unidos, e a favor de Cuba. Três ( as Ilhas Marshall, a Micronésia, e Palau), se abstiveram. E os únicos votos a favor de Washington foram o de Israel e o dos próprios EUA.
Em 2014, 3 milhões de turistas visitaram Cuba, que está mais para um paraíso tropical, do que para o sombrio campo de concentração pintado por publicações como o "Reader´s Digest" durante a Guerra Fria - cujo fim foi anunciado agora por Obama.
O mais famigerado campo de prisioneiros em Cuba não é cubano, mas norte-americano, Obama já se comprometeu a fechá-lo, e funciona em uma base militar dos EUA no enclave de Guantánamo.
Há quase dois anos, qualquer cubano está liberado para montar o seu próprio negócio, tirar passaporte e viajar para o exterior, desde que tenha visto para o país de destino, incluídos dissidentes como a blogueira Yoani Sanchez, que já esteve no Brasil, e que vive em confortabilíssimo - para os padrões cubanos - apartamento em Havana, sem ser incomodada, presa ou torturada, como ocorreria caso tivesse vivido, em passado historicamente recente, em muitos países latino-americanos.
Enquanto isso, na contramão da história, assiste-se, no Brasil, ao ressurgimento de um anticomunismo tosco, anacrônico, rancoroso e desequilibrado. Malucos vêem perigosos agentes comunistas por trás dos médicos cubanos que estão aqui trabalhando - em tudo iguais aos médicos cubanos que trabalham em cooperação com os Estados Unidos no combate ao Ebola na África - ao mesmo tempo em que usam e exibem aparelhos eletrônicos montados por empresas estatais chinesas, com participação acionária do Partido Comunista, na República Popular da China.
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