domingo, 12 de abril de 2015

A Petrobrás que o inglês não vê




Blog do Santayana, 12 de abril de 2015



A Petrobrás que o inglês não vê

 
 
 
Por Mauro Santayana
 
 
 
 
Seguindo o tom alarmista e catastrofista que tem adotado nos últimos tempos com relação ao Brasil, o periódico britânico Financial Times publicou artigo na semana passada, colocando em dúvida a previsão de que o país possa se tornar um dos maiores produtores mundiais de petróleo nos próximos anos. No texto, o FT alerta para “possíveis problemas financeiros” decorrentes das denúncias de corrupção na empresa; cita a queda do preço do petróleo no mercado internacional como outro fator negativo; e, após ouvir “analistas”, conclui que “a exploração do pré-sal” não é mais viável, no Brasil, para a Petrobras.

Ao fazer isso, o Financial Times parece ignorar, olimpicamente, fatos concretos, alguns deles, recentes. O primeiro, é que a exploração de petróleo do pré-sal não é uma hipótese - ela atingiu 824,2 mil barris diários no dia 3 de março, em petróleo equivalente (670 mil barris de petróleo e o restante em gás), com 43 poços produtores

O segundo, é que a produção total de petróleo continua crescendo no Brasil

Em janeiro, a produção nacional aumentou mais de 22% com relação ao mesmo período do ano passado, com 92,2% sendo gerada pela Petrobrás, que em novembro, já havia ultrapassado a EXXON norte-americana como a maior produtora de petróleo do planeta entre as companhias de capital aberto. 

Quanto à baixa cotação do petróleo no mercado internacional, a Petrobras é uma empresa que será cada vez menos, no futuro, uma produtora de petróleo bruto destinado ao mercado externo, e, cada vez mais, um grupo de energia que - do poço à bomba - produz combustíveis e lubrificantes acabados destinados principalmente ao mercado interno.

Mesmo que não fosse assim, a cotação do petróleo tende a se recuperar a médio prazo, com o fechamento de empresas norte-americanas produtoras de gás de xisto. Há, ainda, a pressão de membros da OPEP por cortes na produção da Arábia Saudita. E haverá aumento do consumo nos dois maiores mercados do mundo, com a recuperação da economia norte-americana e das exportações chinesas, como se viu no início do ano. 

O FT não diz, mas o grande capital da Petrobras é a tecnologia que só ela detêm, e que está fazendo com que receba, pela terceira vez, no mês que vem, o “oscar” da indústria petrolífera mundial, o OTC Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations, and Institutions, em reconhecimento ao know-how desenvolvido para a produção no pré-sal.

Também na semana passada, por exemplo, foi iniciada a produção do campo marinho de Hadrian South, localizado a cerca de 370 quilômetros da costa da Louisiana, o quinto em produção pela Petrobras em águas ultra-profundas dos Estados Unidos, na região do Golfo do México - porque não existem empresas 100% norteamericanas para fazê-lo - mas isso, é claro, o Financial Times não deu.
 
 
 
 




 
AEPET, 10/02/2015



 

Receita para defender a Petrobrás contra a corrupção

            
 
Por Felipe Coutinho

 



Apresento  uma  receita,  com  16  passos,  para  defender  o  maior  patrimônio  dos brasileiros contra  a  corrupção.  Cada  etapa  é  apresentada  sumariamente,  recomendo  a leitura  das referências  para  compreensão  detalhada  e  o  sucesso  na  implantação  das propostas.
 

1.  Entenda o fenômeno histórico, sistêmico e estrutural da corrupção.

 

2.  Identifique o principal agente e beneficiário da corrupção, o empresário corruptor
.

3.  Note  o  papel  subalterno  dos  prestadores  do  serviço  ilegal  que  são  os  políticos  e executivos  da  administração  estatal  corruptos.  A  relação  de  subordinação  aos empresários corruptores  é  revelada  na  comparação  entre  os  valores  fraudados, através dos contratos superfaturados, e a propina cobrada para viabilizá-los.

 

4.  Descubra a relação entre a corrupção ilegal e a corrupção legal. A corrupção legal também é necessária para viabilizar o interesse dos agentes privados na relação com a Petrobrás. Faz parte da corrupção legalizada  o financiamento privado dos partidos políticos  e das campanhas eleitorais. Assim  como  as  elevadas  remunerações  dos executivos  da  estatal em  relação  aos cargos não comissionados. Os  titulares  da hierarquia  corporativa,  muitas vezes,  implementam decisões autocráticas  de  seus superiores, de  maneira  acrítica  e antidemocrática,  mesmo  que potencialmente lesivas à companhia, para a manutenção de sua renda e poder corporativos.

 
5.  Perceba  o  interesse  do  oligopólio  empresarial  dos  meios  de  comunicação  em divulgar, espetacular e repetidamente,  os casos de corrupção para garantir vendas e audiência.

6.  Reconheça o senso comum fabricado pelos meios empresarias de comunicação que apresentam os  casos  de  corrupção  como  particulares,  não  sistêmicos  e  derivados exclusivamente do desvio moral dos corruptos. Perceba como os agentes ativos da fraude e principais beneficiários, os empresários corruptores e seus executivos, são preservados ou apresentados como vítimas.

7.  Repare  o  oportunismo  dos  defensores  das  corporações  de  capital  privado  e internacional, os  históricos  entreguistas,  que  aproveitam  o  lamentável  espetáculo para condenar  a  principal vítima  das  fraudes,  a  Petrobrás.  Tentam  influenciar  o senso comum para  acessar,  direta  ou indiretamente, a  riqueza do petróleo, o patrimônio da Petrobrás e sua condição legal de operadora única do pré-sal.
 
8. Conheça o problema para poder propor soluções. As soluções devem ser de natureza compatível com o problema, sistêmicas e estruturais.
 
9. Defenda a punição dos responsáveis, corruptos e corruptores. Prisão e recuperação dos valores fraudados são necessários mas não suficientes.
 
10. Descubra a necessidade de declarar as empreiteiras condenadas como inidôneas, para impedi-las de participar de novas licitações com a Petrobrás e demais entes públicos.
 
11. Entenda que considerar civilmente inidôneos os sócios controladores e executivos responsáveis também é essencial. Assim se objetiva evitar possíveis manobras  jurídicas com o intuito de socializar o prejuízo com a manutenção do patrimônio privado. Caso típico é a falência da empresa condenada para evitar o ressarcimento da fraude e o pagamento dos direitos trabalhistas. A falência também serviria para lidar com o desgaste da marca e da imagem da empreiteira condenada, para em seguida criar nova empresa com a mesma finalidade, sob o controle e em benefício dos agentes da fraude.
 
12. Para evitar as consequências sociais indesejadas da aplicação rigorosa da lei, notadamente a parada das obras de infraestrutura e o desemprego, defenda a expropriação das empreiteiras condenadas.
 
13. Depois da expropriação, apoie a socialização das empresas, significa implantar mecanismos de autogestão pelos trabalhadores, em autenticas cooperativas produtivas. Suporte também a estatização de pelo menos uma entre as empreiteiras condenadas. Assim, no setor poderão competir empresas com três diferentes modelos de gestão, privadas (idôneas), autogeridas pelos trabalhadores e estatais.
 
14. Contribua na formulação de medidas institucionais para proteger a Petrobrás contra a corrupção e que garantam sua eficiência empresarial. Transparência, democracia no local de trabalho, desmonte da estrutura hierárquica e burocrática vigente e implantação de mecanismos de controle social. Mudanças para subordinar a empresa ao objetivo de atender as necessidades, atuais e futuras, da maioria da população brasileira da forma mais eficiente possível.
 
15. Reforce a defesa e o fortalecimento do corpo técnico no exercício direto das atividades de pesquisa aplicada, projetos básicos, condução dos empreendimentos, compra direta de equipamentos e materiais, com a redução das contratações de consultorias e de terceiros para exercício de atividades fins.

16. Entenda que não há receita viável sem a mobilização organizada e consciente dos petroleiros e da sociedade, assumindo o protagonismo social necessário para garantir a promoção das mudanças em defesa da Petrobrás.


Nenhum comentário:

Postar um comentário