sábado, 2 de junho de 2012

O equívoco de Gilmar Mendes e suas 1001 versões







 

Bate-boca de Gilmar Mendes na mídia incomoda ministros do STF

 
1/6/2012 13:42, Por Redação - de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo  
 
 
É unânime o sentimento de repulsa dos magistrados que compõem o Supremo Tribunal Federal à exposição que a mais alta corte de Justiça do país tem passado com a atuação de um de seus ministros, segundo pesquisa informal realizada pelo Correio do Brasil nas últimas 48 horas. Nenhum dos 10 juristas que acompanham a trajetória do colega Gilmar Mendes se pronunciou oficialmente sobre os fatos e, dificilmente, o fará, por um entendimento de que a corte não deve se posicionar quanto aos fatos que cercam o encontro entre ele e o ex-presidente Lula. Predomina o sentimento que o encontro entre Lula e Gilmar não foi um episódio institucional, mas pessoal e de interesses duvidosos.
Observadores da rotina dos ministros, em seus gabinetes, no entanto, atestaram ao CdB a mudança de humor dos magistrados quando o assunto é o número de entrevistas de Mendes aos veículos da mídia conservadora e a dificuldade dele se expressar sobre temas recorrentes, como o uso de aviões fretados por empresários e parlamentares, entre outros. A posição do ministro frente à corte e seus pares complica-se, a ponto de o comentarista Bob Fernandes, da TV Gazeta, considerar estranho o posicionamento de Gilmar Mendes, de desabafar sua indignação por uma suposta pressão exercida pelo ex-presidente Lula nos ombros da revista semanal de ultradireita Veja. Para ele, Gilmar deveria se dar por impedido de trabalhar no processo por já ter se manifestado a respeito.

Um dos principais críticos do ministro por sua tendência em usar a mídia no proveito de seus pontos de vista, o jurista Joaquim Barbosa, primeiro na escala de sucessão do STF, afirmou que não se pronunciará sobre as notícias acerca das ligações do colega Gilmar Mendes com o senador Demóstenes Torres e a possível aproximação do ministro com o esquema criminoso do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Também prefere guardar silêncio quanto à exposição do STF à mídia conservadora, no grau em que se encontra frente à proximidade de um desenlace no processo conhecido como ‘mensalão’.

Blogueiro sujo
Enquanto dissemina seu discurso nos veículos de comunicação de tendência conservadora, o ministro Gilmar Mendes também quer deter as críticas no conjunto da mídia progressista, conhecido como ‘blogosfera’. Em entrevista ao jornalista Jorge Bastos Moreno, do diário conservador carioca O Globo, Mendes partiu para o ataque. Avisou que pretende entrar com uma ação na Procuradoria-Geral da República, na qual solicitará o substrato das empresas estatais que, na tese dele, financiam os jornalistas e comentaristas de notícias que colocam em xeque a idoneidade moral, jurídica e financeira do magistrado.
– É inadmissível que esses blogueiros sujos recebam dinheiro público para atacar as instituições e seus representantes. Num caso específico de um desses, eu já ponderei ao ministro da Fazenda que a Caixa Econômica Federal (CEF), que subsidia o blog, não pode patrocinar ataques às instituições – disse, em uma aparente referência ao apresentador de um programa jornalístico na TV Record, Paulo Henrique Amorim, que edita o blog Conversa Afiada, no qual a CEF mantém um anúncio fixo.
Para Gilmar Mendes, não se trata, “nem de longe”, de uma censura imediata ao jornalista e um ataque direto à liberdade de expressão. Ele argumenta que é o contrário.
– O direito de crítica, de opinião, deve ser respeitado. Mas o ataque às instituições é intolerável – afirmou Mendes.
Na resposta de Amorim, publicada logo após o ataque de Gilmar, nesta tarde, em sua página na internet, o “blogueiro sujo” avisou que o troco será uma ação contra o adversário, no próprio STF, por “abuso de autoridade; obstrução de atividade comercial legal; tentativa de censura e delírio psicológico incontrolável, com manifestações patológicas óbvias, incompatíveis com a função que exerce”.
“Se for quem este blogueiro sujo está pensando, ele informou ao Conversa Afiada que vai entrar com um pedido de impeachment de “Gilmar Dantas” (em uma referência ao habeas corpus concedido por Gilmar Mendes ao banqueiro Daniel Dantas, condenado por formação de quadrilha, entre outros crimes) no Senado.
“Se for este bogueiro sujo mesmo, ele sugere ao “Gilmar Dantas”: renuncie, dispa-se da toga do “foro privilegiado” e venha para a arena da democracia.
“Vamos para o mano-a-mano”, aqui na planície, debater ideias e confrontar fatos – disse o blogueiro sujo, que falou com exclusividade a este Conversa Afiada.
“Se for quem este blogueiro sujo pensa, diz ele que falou assim: Ministro, saia detrás da Veja, do PiG (ou porco, na tradução em inglês da sigla de Partido da Imprensa Golpista), dessas colunas de mexerico.
“E sugeriu que Gilmar respondesse à pergunta: o que significa ‘o Gilmar mandou subir’ ?
“Se for quem este blogueiro sujo está pensando, ele pergunta, também: por que o ‘Gilmar Dantas’ não vai à PGR mover ação contra o Mauro Santayana, outro blogueiro sujo há muitos anos, que pediu ao Supremo para mandar o Gilmar embora?
“Num ponto o blogueiro sujo concorda com esse, em quem ele está pensando: não recomenda nada o Ministro ter dados dois HCs Canguru logo a quem, ao Daniel Dantas!
“Lá isso é verdade.
“Não orna”, respondeu Amorim.
.....

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/06/01/o-equivoco-de-gilmar-mendes-448300.asp

01.06.2012

O equívoco de Gilmar Mendes


Por Ricardo Noblat


O ministro Gilmar Mendes informou à Rádio do Moreno que entrará com uma ação na Procuradoria-Geral da República pedindo o substrato das empresas estatais que usam o dinheiro público para o financiar blogs que atacam as instituições.
Disse Gilmar:
- É inadmissível que esses blogueiros sujos recebam dinheiro público para atacar as instituições e seus representantes. Num caso específico de um desses, eu já ponderei ao ministro da Fazenda que a Caixa Econômica Federal, que subsidia o blog, não pode patrocinar ataques às instituições.
E disse ainda:
- O direito de crítica, de opinião, deve ser respeitado. Mas o ataque às instituições é intolerável.
Ataco a instituição chamada presidência da República quando ataco o eventual ocupante da cadeira de presidente da República?
Por mais que eu critique um ministro do Supremo Tribunal Federal posso ser acusado de criticar o próprio Supremo?
E se digo que o Congresso virou um antro de políticos interessados antes de tudo em enriquecer devo ser punido com a supressão de anúncios de empresas estatais que porventura prestigiam meu blog?
A VEJA está repleta de anúncios de empresas estatais - e ela não dá moleza para o governo. Deveria perder tais anúncios?
Acho que o ministro confunde "Cid Sampaio" com "feijoada com paio".
Qualquer pessoa ou instituição que se julgue ofendida por um jornalista ou veículo de comunicação tem o direito de procurar a Justiça e pedir reparação.
É como procede o próprio Gilmar, alvo preferencial de blogs que fazem parte do PIG (Partido da Imprensa Governista).
De resto, é bom não confundir pessoas com instituições. Instituições são permanentes. Pessoas passam.
As próprias instituições também são passíveis de censura. Por que não deveriam ser?
Pregar o fim do patrocínio publicitário a qualquer veículo é trair o desejo de asfixiá-lo.
Isso atenta, sim, contra a liberdade de imprensa.

Em tempo: o titular deste blog não ganha um tostão, nem direta nem indiretamente, pelos anúncios aqui  veiculados.



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02/06/2012


A revista Carta Capital que chegou às bancas neste sábado (ed. 700) tem excelente reportagem de Cynara Menezes com o título:

“As 1001 versões – Gilmar Mendes vai, vem, volta, mexe, remexe, rebola, se enrola e tenta envolver colegas do Supremo Tribunal em uma história muito mal explicada.”


Nascido nos confins de Mato Grosso, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, deveria conhecer um velho ditado de pescadores matutos: o peixe sempre morre pela boca. Talvez o sábio ensinamento o tivesse ajudado a evitar os constrangimentos dos últimos dias. Entre o sábado 26, quando a revista Veja chegou às bancas com a candente denúncia de que o magistrado havia sido chantageado pelo ex-presidente Lula, e a quinta 31, data de fechamento desta edição, Mendes enroscou-se no anzol lançado por ele mesmo. A cada entrevista, uma nova versão, novos personagens e um destempero crescente, que, segundo anota Wálter Fanganiello Maierovitch à pág. 28, não lhe deixa alternativa a não ser se declarar impedido no futuro julgamento do chamado mensalão.

Uma informação obtida por CartaCapital complica ainda mais a versão inicial sustentada pelo ministro. Mendes se disse “perplexo” e “indignado” com a suposta chantagem de Lula, que o teria ameaçado com a divulgação de sua viagem a Berlim em companhia do senador Demóstenes Torres, caso ele não aliviasse no julgamento dos réus do mensalão. Mas não agiu como alguém moralmente atingido. E não só pelo fato de ter demorado um mês para externar sua “indignação”, igual tartaruga no inverno. Segundo apurou a revista, o magistrado agiu de forma calculada para obter respaldo institucional à sua versão. De que maneira? Somente na quarta-feira 23, três dias antes de a edição de Veja chegar às bancas com a história, Mendes relatou o ocorrido ao presidente do STF, Carlos Ayres Britto.

Ou seja, o comunicado poderia ter servido apenas para que Veja pudesse confirmar a tempo de publicar no sábado que Mendes informara ao presidente do tribunal sobre o conteúdo da conversa com Lula, o que daria contornos institucionais aos fatos narrados. Funcionou em princípio. Procurado, Ayres Britto deu declarações formais ao semanário da Abril. Até então, o assunto permanecia desconhecido de todos os integrantes da Corte.


Cynara também se pergunta:

– por que Gilmar Dantasexpressão agora consagrada pelo repetido emprego do Noblat – preferiu falar a “jornalistas” do detrito sólido de maré baixa a exigir uma nota institucional de repúdio ?

(O ansioso blogueiro pergunta: por que não chamou a testemunha, Nelson Johnbim, e denunciou à  policia um chantagista ?)

por que Lula haveria de pedir a Gilmar Dantas para maneirar o mensalão, se ele não preside (Britto), não relata (Barbosa) e não revisa o processo (Lewandowski) ?

por que Lula haveria de “encantar” o Ministro que mais desafetos tem na própria Corte ?

– Ayres Britto está escaldado com Gilmar Dantas, diz a Cynara: desde o grampo sem áudio, que foi levado a testemunhar;

– por  que o Padim Pade Cerra – aquele do “Robanel do Pagot” – ligou ao Nelson Johnbim para atender ao “repórter” do detrito sólido de maré baixa ?

Haveria um complô entre o Cerra, que chamou Gilmar Dantas (*) de “meu Presidente!” antes de um voto decisivo no STF, e Gilmar Dantas para desmoralizar  Nunca Dantes, vacinar o Gilmar e condenar o José Dirceu ?

O ansioso blogueiro se pergunta: o Padim Pade Cerra, além do aborto no Chile, da bolinha de papel e da união gay pretende, como fez em 2010, usar a carta “José Dirceu” na campanha em que perderá para o Haddad ? )

Conclui Cynara, com a pena afiadíssima:

A rigor, inexplicáveis mesmo, até agora, são as viagens de Mendes (Dantas, segundo o Noblat) ao exterior e a bordo do “aeroDemostenes” a Goiania.

“Além do mais, se o magistrado, como disse, só com os direitos autorais dos “quase 100 mil exemplares” que vendeu de um livro “poderia dar a volta ao mundo se quisesse” (é a nova versão do “tenho jatinho porque posso”- PHA), por que não bancou a própria viagem de Brasília à vizinha Goiânia?”


Paulo Henrique Amorim

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