O Globo.com, 17/06/12
Documentos detalham tortura sofrida por Dilma na ditadura
Amanda Almeida
BELO HORIZONTE - Em relato inédito, a presidente Dilma Rousseff
contou detalhes de sessões de tortura às quais foi submetida na prisão
em Juiz de Fora (MG), quando presa política, na década de 1970. Ela
narrou seu sofrimento ao Conselho dos Direitos Humanos de Minas
(Conedh-MG), que a ouviu em 2001, nove anos antes de ascender ao
Planalto. O depoimento, divulgado pelo jornal “Estado de Minas” neste
domingo, expõe um capítulo ainda pouco conhecido da militância política
da petista: os castigos em seu estado natal, onde iniciou a trajetória
subversiva.
A literatura sobre a militância política da presidente registra fartamente informações sobre a passagem de Dilma pelos calabouços da ditadura no Rio e em São Paulo. No depoimento, ela lembra que foi colocada no pau de arara, tomou choques elétricos, apanhou de palmatória e foi submetida a socos.
“Minha arcada girou para o lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente se deslocou e apodreceu”, relatou, segundo o documento. Ela conta ainda que os torturadores ameaçaram agredi-la no rosto, dizendo que, depois deformada, “ninguém ia querê-la”. As sequelas no maxilar só teriam sido corrigidas depois que ela assumiu cargos no governo Lula, em 2002, por meio de cirurgias.
A presidente foi ouvida pelo Conedh-MG no Rio Grande do Sul, quando era secretária de Estado de Minas e Energia. O depoimento fazia parte de processo aberto por determinação do então governador Itamar Franco para indenizar militantes mineiros. Dilma teria resistido em fazer o relato, tendo resolvido falar apenas na última hora. Ela não precisava falar para ser indenizada, porque já havia provas da tortura que sofrera, mas entendeu que era importante registrar os fatos para a História. No ano seguinte, foi indenizada em R$ 30 mil.
Com 24 anos, Dilma foi levada para Juiz de Fora em 1972, onde teria ficado por cerca de dois meses. Os militares suspeitavam que ela teria ajudado o ex-companheiro no Comando de Libertação Nacional (Colina), Ângelo Pezzuti, em um suposto plano de fuga de penitenciária em Ribeirão das Neves (MG). Eles haviam flagrado bilhetes entre Stela (um dos codinomes da presidente) e Cabral (Ângelo).
“O estresse é feroz, inimaginável. Descobri, pela primeira vez, que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente pelo resto da vida”, descreveu a presidente.
Dilma relatou que, em Minas, passou sozinha a maior parte do tempo no cárcere. Segundo ela, a solidão fazia parte da tortura. Ela se lembra de que a mãe ia visitá-la algumas vezes, mas nunca em seus piores momentos. “As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim”, contou a presidente.
A reportagem sobre Dilma, que hoje evita falar de seu sofrimento na ditadura, também revela detalhes do dia a dia na cadeia, como os bilhetes que trocava com o ex-marido, Carlos Araújo, escritos em pequenos pedaços de papel envoltos em durex e escondidos pelos presos nos dentes. O dentista, também preso político, se encarregava de intermediar o leva-e-traz.
A literatura sobre a militância política da presidente registra fartamente informações sobre a passagem de Dilma pelos calabouços da ditadura no Rio e em São Paulo. No depoimento, ela lembra que foi colocada no pau de arara, tomou choques elétricos, apanhou de palmatória e foi submetida a socos.
“Minha arcada girou para o lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente se deslocou e apodreceu”, relatou, segundo o documento. Ela conta ainda que os torturadores ameaçaram agredi-la no rosto, dizendo que, depois deformada, “ninguém ia querê-la”. As sequelas no maxilar só teriam sido corrigidas depois que ela assumiu cargos no governo Lula, em 2002, por meio de cirurgias.
A presidente foi ouvida pelo Conedh-MG no Rio Grande do Sul, quando era secretária de Estado de Minas e Energia. O depoimento fazia parte de processo aberto por determinação do então governador Itamar Franco para indenizar militantes mineiros. Dilma teria resistido em fazer o relato, tendo resolvido falar apenas na última hora. Ela não precisava falar para ser indenizada, porque já havia provas da tortura que sofrera, mas entendeu que era importante registrar os fatos para a História. No ano seguinte, foi indenizada em R$ 30 mil.
Com 24 anos, Dilma foi levada para Juiz de Fora em 1972, onde teria ficado por cerca de dois meses. Os militares suspeitavam que ela teria ajudado o ex-companheiro no Comando de Libertação Nacional (Colina), Ângelo Pezzuti, em um suposto plano de fuga de penitenciária em Ribeirão das Neves (MG). Eles haviam flagrado bilhetes entre Stela (um dos codinomes da presidente) e Cabral (Ângelo).
“O estresse é feroz, inimaginável. Descobri, pela primeira vez, que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente pelo resto da vida”, descreveu a presidente.
Dilma relatou que, em Minas, passou sozinha a maior parte do tempo no cárcere. Segundo ela, a solidão fazia parte da tortura. Ela se lembra de que a mãe ia visitá-la algumas vezes, mas nunca em seus piores momentos. “As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim”, contou a presidente.
A reportagem sobre Dilma, que hoje evita falar de seu sofrimento na ditadura, também revela detalhes do dia a dia na cadeia, como os bilhetes que trocava com o ex-marido, Carlos Araújo, escritos em pequenos pedaços de papel envoltos em durex e escondidos pelos presos nos dentes. O dentista, também preso político, se encarregava de intermediar o leva-e-traz.
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