Publicado em 29/06/2012
Golpe no Paraguai admite Venezuela no Mercosul
Saiu na Folha (*):
Venezuela será incorporada ao Mercosul em 31 de julho
A Venezuela será incorporada ao Mercosul em reunião especial que será realizada em 31 de julho no Rio de Janeiro,
anunciou nesta sexta-feira a presidente da Argentina, Cristina
Fernández de Kirchner, no âmbito da Cúpula de chefes de Estado do bloco.
O acordo tem a assinatura dos líderes de Brasil, Uruguai e Argentina (membros pleno do Mercosul). O Paraguai, que não havia ratificado essa decisão em seu Parlamento, está suspenso do bloco devido à deposição do ex-presidente Fernando Lugo.
(…)
O acordo tem a assinatura dos líderes de Brasil, Uruguai e Argentina (membros pleno do Mercosul). O Paraguai, que não havia ratificado essa decisão em seu Parlamento, está suspenso do bloco devido à deposição do ex-presidente Fernando Lugo.
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O tiro saiu pela culatra.
O Golpe “democrático” no Paraguai é para fortalecer o interesse nacional
americano.
Por isso tantos colonistas mervais, como a Catanhede e o de muitos chpéus
– clique aqui para ler – , defenderam a “legalidade” do golpe.
O que menos interessa ao interesse nacional americano é o fortalecimento
do Mercosul.
É por isso que o Padim Pade Cerra queria dinamitá-lo.
O maior obstáculo à entrada da Venezuela no Mercosul foi o presidente Sarney.
No Continente, o Senado paraguaio golpista é o que impedia isso.
Os americanos foram o Espírito Santo de orelha do golpe “democrático” e
não esperavam que a Dilma e a Cristina Kirchner aproveitassem a ausência
do Paraguai para trazer Chavez para a mesa de trabalhos.
Merval, Merval…
Paulo Henrique Amorim
Chávez oferece o Caribe e ingresso da Venezuela no Mercosul é líquido e certo
29/6/2012 17:14,
Por Redação, com agências internacionais - de Mendoza, Argentina
Prestes a ser admitido no grupo de países do Mercosul, após a suspensão do Paraguai – onde um golpe de Estado deu lugar à insegurança política no país vizinho – o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, lembrou que “a Venezuela tem o peito aberto para o Caribe”, o que tende a facilitar a exportação de produtos da Argentina, Brasil e Uruguai para os mercados do Hemisfério Norte. Chávez, porém, lamentou ausência do Paraguai, “por não ter um Governo legítimo”, nos encontros dos presidentes do bloco e da Unasul, que acontecem em Mendoza, na Argentina.
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, representou o país, que ainda mantém o status de membro associado nesta reunião semestral do Mercosul, da qual participam todos os presidentes do bloco integrado por Brasil, Argentina e Uruguai, além dos países associados Equador, Bolívia, Chile, Peru e Colômbia. Após a cúpula do Mercosul, marcada pela ausência de Fernando Lugo, está prevista, ainda em Mendoza, uma cúpula extraordinária da Unasul, para tratar sobre possíveis sanções ao Paraguai. Chávez anunciou, recentemente, a retirada de seu embaixador de Assunção, assim como a cessação a partir desse momento da provisão de petróleo para esse país, em protesto à destituição de Lugo após um “julgamento político” que Caracas qualifica como golpe de Estado.
Na reunião desta manhã, os presidentes Dilma Rousseff, o uruguaio José Mujica e a argentina Cristina Kirchner avaliaram como líquida e certa a possível entrada da Venezuela no bloco, de forma definitiva, após removido o último empecilho à determinação da maioria dos países integrantes do Mercosul. Com a ausência do Paraguai, país que barrava o ingresso da Venezuelana, há anos, há uma janela diplomática aberta para a admissão dos venezuelanos.
Na noite passada, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, lembrou que há “um grande interesse em promover a plena participação da Venezuela, país que já participa das reuniões regulares”.
– O chanceler (venezuelano) Nicolás Maduro está aqui, e nós queremos trabalhar para que se efetive no mais breve prazo a sua plena participação – disse Patriota, para quem a entrada da Venezuela no Mercosul “é um tema que mantém todo seu interesse para os chefes de Estado e de governo”.
(*) Leia aqui o relatório final de Samuel Pinheiro Guimarães ao Conselho de Ministros do Mercosul, apresentado em Mendoza, em 27 de junho de 2012.
Buenos Aires - A cúpula que reuniu os chanceleres do Mercosul começou com um fato previsível e uma surpresa. O previsível foi a confirmação de medidas para registrar a repulsa sulamericana à ruptura institucional no Paraguai. A surpresa, a renúncia do brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães do cargo de alto representante do Mercosul (chefe máximo com missões de negociação). Diplomata de carreira e filiado ao Partido dos Trabalhadores, Pinheiro Guimarães foi vice-chanceler e Secretário de Assuntos Estratégicos, com status de ministro, durante os oito anos do governo Lula.
O seu descontentamento pela escassa consistência do Mercosul não é novo. Ele havia manifestado isso na forma que o faz um diplomata, ou seja, dizendo que seria bom incorporar um maior nível de intercâmbio social e político, assinalando assim que a coesão não era o forte do mercado comum. Também comentou a falta de políticas específicas para os dois países menores do bloco, Paraguai e Uruguai.
Segundo o que o Página/12 conseguiu levantar, a oportunidade escolhida por este diplomata com peso intelectual próprio não entusiasmou nem ao governo brasileiro nem ao argentino. No caso brasileiro, aliás, não simétricas as expectativas de Pinheiro e as do governo liderado por Dilma Rousseff sobre os planos concretos e a autonomia prática do alto representante. De todo modo, considerado inclusive a crise menor dentro da crise maior, a renúncia dentro da interrupção da ordem institucional em um dos quatros membros, serve para uma reavaliação geral do tabuleiro.
Em 1991, a constituição do Mercosul em meio a regimes neoliberais diluiu a coordenação política prévia entre a Argentina e o Brasil e deu uma ênfase comercial a uma relação econômica que se baseava na integração administrada de setores produtivos. A coordenação dos tempos de Raúl Alfonsin e José Sarney voltou com Lula e Néstor Kirchner, e prossegue. Brasil e Argentina, apesar de terem hoje uma disparidade em tamanho relativo maior do que a que havia em 1985, apresentam uma sintonia política muito fina sobre a América do Sul e sobre o mundo e o volume de seu comércio é hoje três vezes maior do que em 1991.
Por outro lado, não conseguiram resolver a situação do Uruguai e do Paraguai, países que não têm semelhanças políticas, econômicas e institucionais. Por exemplo, o Uruguai é uma democracia consolidada e o Paraguai nunca terminou de estabilizar o regime constitucional que começou com a derrubada de Alfredo Stroessner pelo general Andrés Rodríguez em 1989. O establishment paraguaio agita esse tema agora com picardia. Dirigentes brancos e colorados sustentam que não importa que o Mercosul castigue o Paraguai pois isso acontece desde sempre.
A picardia consiste em basear um argumento com fundamentos em partes reais para encobrir a estratégia de que não ocorreu nada de mais. É um modo de reagir ao isolamento político do governo de Federico Franco, após a destituição relâmpago de Lugo. Relâmpago nas formas finais, é claro, porque antes 23 tentativas de impeachment, que se tornavam mais frequentes quanto maior era a debilidade político do ex-bispo.
É improvável que o Mercosul decida por um bloqueio econômico e comercial. Primeiro, porque os vizinhos, Argentina incluída, disseram que descartam essa possibilidade. E segundo porque, se quisessem, não poderiam fazê-lo. Como seria possível bloquear uma economia porosa onde pesa o contrabando? Como desconectar um país de onde vem 15% da energia elétrica argentina e 20% da brasileira?
O Mercosul enfrenta um desafio que não é novo, mas que a crise do Paraguai mostra com toda sua crueza. Neste ponto, crescem as chances de ingresso como membro pleno da Venezuela, como informou o Página/12, ainda que não se saiba de por via da suspensão de direitos do Paraguai, cujo Senado vinha trancando a entrada, ou mediante uma mudança no regulamento de incorporação de novos membros, mecanismo já acordado por sugestão feita na cúpula anterior pelo presidente uruguaio José “Pepe” Mujica.
Também neste ponto se entendem melhor os motivos da construção da Unasul, uma forma de integração política em primeiro lugar a partir dos chefes de Estado, que não abriga só os simpáticos a Lugo, mas, em geral, os afins às regras da democracia. Lugo é um espelho no qual nenhum presidente, de Hugo Chávez e Sebastian Piñera, desejaria se enxergar.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
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