Movimentos pedem suspensão do Paraguai e inclusão da Venezuela
Najla Passos
Brasília - Representantes dos movimentos sociais, deputados e senadores pediram ao governo brasileiro que defenda, na reunião da Cúpula do Mercosul, a suspensão do Paraguai e a inclusão imediata da Venezuela ao bloco. O pleito foi formulado ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, em audiência ocorrida nesta quarta (27), antes que ele deixasse o país para participar da reunião, que começa nesta quinta (28), em Mendonza, na Argentina.
De acordo com parlamentares e militantes, o presidente eleito democraticamente pelo povo paraguaio, Fernando Lugo, foi deposto por um golpe de estado que coloca em risco à construção da democracia em toda a América Latina. “Mais do que o Lugo, todo o povo paraguaio foi vítima deste golpe. O Brasil precisa condenar essas investidas com firmeza”, justificou o coordenador do MST, Alexandre Conceição.
Segundo ele, nos últimos 12 anos, há um avanço dos movimentos organizados que elegeram presidentes comprometidos com uma pauta popular em toda a América Latina. Por outro lado, há também uma contrainvestida conservadora para desestabilizar a democracia na região. “Exemplos são a tentativa de golpe na Venezuela, a invasão da fronteira do Equador pela Colômbia, o golpe em Honduras e, agora, no Paraguai”, observou.
O coordenador disse que o grupo também pediu à Patriota que os ajude a viabilizar uma missão parlamentar para correr o Paraguai investigando as denúncias de que o novo governo comandado pelo recém empossado Frederico Franco, esteja repremindo os movimentos camponeses e de luta contra o golpe. “Os movimentos sociais estão mobilizados. Estamos pautando várias ações para denunciar o que ocorreu no Paraguai”, acrescentou.
O porta-voz do Itamaraty, Touvar Nunes, afirmou que o pleito coincide com as posições já manifestadas pelo governo brasileiro. “Há uma mesma percepção de que houve no Paraguai uma ruptura do processo democrático, um o atentado à democracia. A diferença é apenas no tom, já que os movimentos sociais têm todo o direito de serem mais contundentes”, explicou.
Nunes considerou o momento prematuro para se avaliar a inclusão da Venezuela no Mercosul. “O Brasil, individualmente, apoia a entrada da Venezuela. Mas discuti-la, neste momento, é prematuro, porque ainda não se discutiu a suspensão do Paraguai”, afirmou. De todos os países que integram o bloco, o Paraguai é o único que ainda não aprovou a adesão do estado presidido por Hugo Chaves.
Os parlamentares e representantes dos movimentos sociais também entregaram ao ministro uma moção de repúdio, subscrita por cinco senadores, onze deputados, e por representantes de movimentos camponeses, sindicais, estudantis, universidades e igrejas.
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