Sem meias palavras: Miriam Leitão, Sardenberg e seus conjêneres me enojam! Me enojam!
As tantas e tantas vezes que suas análises já foram desmentidas pela realidade não deixam dúvidas: Seres absolutamente subservientes aos interesses do capital financeiro. Lacaios sempre!
As tantas e tantas vezes que suas análises já foram desmentidas pela realidade não deixam dúvidas: Seres absolutamente subservientes aos interesses do capital financeiro. Lacaios sempre!
Com exceções, mídia amplifica tese de que BC errou ao reduzir juro
Da Redação
SÃO PAULO - Com raras exceções, os principais colunistas econômicos da grande mídia amplificaram, nesta quinta-feira (1), a idéia de que o Banco Central (BC) cedeu à pressão política do Palácio do Planalto para reduzir a taxa Selic. A instituição anunciou na quarta-feira (31) o corte do juro básico da economia em meio ponto percentual, para 12%, pela primeira vez no governo Dilma. Apesar da queda, o país ainda possui uma das mais altas taxas do mundo. Colunista do jornal O Globo, da TV Globo e da rádio CBN, a jornalista Míriam Leitão buscou no mercado financeiro a justificativa técnica para sustentar que a decisão do BC prejudica a economia brasileira.
"Economistas que fazem análises nos departamentos de bancos e consultorias previam manutenção da taxa, porque era a melhor coisa a se fazer diante do cenário internacional e da pressão da inflação ainda forte no Brasil", escreveu em O Globo. "Todo mundo quer que os juros caiam, mas o problema é quando isso acontece quando não há condições técnicas e com tudo dizendo o contrário".
Apresentador e colunista da rádio CBN, Carlos Alberto Sardenberg também criticou a decisão do BC. Em seu comentário desta quinta-feira na edição matutina do Jornal da CBN, ele defendeu a importância da convergência de opiniões entre a instituição e o mercado. "O sistema de metas de inflação aplicado no Brasil e em mais 150 países com bancos centrais independentes funciona com alguns rituais, e um deles é que deve haver convergência de opiniões entre o Banco Central e o chamado mercado", afirmou.
Para Sardenberg, os sinais apontados pelo BC para reduzir a Selic – crise internacional e desaceleração da economia brasileira – não têm base na realidade. "A análise de que estamos na iminência de uma crise como a de 2008 só o BC está fazendo, e o Brasil está anunciando recorde no comércio externo", contestou.
No jornal O Estado de S. Paulo, o colunista Celso Ming optou pela ironia. Disse que há sinais de que “o Banco Central se transformou num derivativo do Ministério da Fazenda – ou do Palácio do Planalto” e que “as autoridades da área monetária terão de correr atrás do prejuízo infligido a sua credibilidade”.
“Ao Banco Central não basta que seja autônomo; é preciso parecer. A maneira como conduziu a baixa de juros, decidida quarta-feira, não cuidou da preservação da credibilidade de uma instituição que precisa conduzir responsavelmente as expectativas dos agentes econômicos”, analisou Ming, que também criticou que o PIB seja uma variável a ser considerada na definição da Selic.
Em sua crítica à decisão do BC, a colunista Thais Herédia, do portal G1, das Organizações Globo, respaldou-se em comentário do banco Morgan Stanley: “dadas as condições atuais da economia brasileira, o corte (de 0,50pp) pode se provar antecipado. Os riscos inflacionários continuam altos no país e, a não ser que ocorra uma brusca deterioração na economia mundial, a inflação vai continuar elevada”.
No Jornal do SBT, Carlos Nascimento aventurou-se pelo universo econômico e também deixou seu recado: “Se espera que a decisão tenha sido tomada apenas do ponto de vista técnico, sem inteferência política do governo que vinha buzinando na orelha do Banco Central para baixar o juro. Não que a notícia não seja boa, porque é, mas, além de boa, tem que ser a decisão certa”.
Contra a corrente
Apesar das críticas ao Banco Central terem se espalhado na mídia, em artigos e reportagens, nem todos os colunistas engoliram a tese de que foi um equívoco reduzir os juros. Em seu blogue no portal do Estadão, José Paulo Kupfer publicou um texto chamado “Exageros”, em que compara a reação anti-BC ao furação Irene que atingiu os Estados Unidos.
“Quando veio a decisão de cortar – e de cortar forte em 0,5 ponto porcentual – a reação contrária que se seguiu à surpresa generalizada teve a força de um furacão. E de tal intensidade que, se fosse possível comparar, o Irene, diante dela, não passaria de uma brisa”, escreveu.
Por um lado, Kupfer diz que “a presidente Dilma Rousseff, com ela própria no comando da ação interventora, extinguiu a norma institucional vigente e atropelou sem cerimônia a autonomia informal do Banco Central, determinando que se decidisse o que foi decidido”. Por outro, porém, contestou a tese de que a credibilidade do Banco Central na coordenação do sistema de metas de inflação e o próprio sistema de metas de inflação foi arruinada.
“Se a coordenação de expectativas do BC se limitasse às do mercado financeiro, não haveria dúvida de que este é um momento de ampla falta de sintonia. Mas, se tal coordenação deve englobar os outros segmentos da economia e, enfim, a sociedade em geral, a conversa da credibilidade precisa de qualificação e ir bem mais longe”, apontou.
Outro colunista que remou contra a corrente foi Fernando Canzian, em artigo publicado na versão eletrônica da Folha de S. Paulo, chamado “Brasil vira o jogo”. No texto, o jornalista afirma que não faltará capital externo ao Brasil mesmo com o recuo da Selic, pois “o mundo rico pratica hoje taxas de juro negativas ou próximas de zero”.
Canzian também não descarta a justificativa do BC de que “os riscos de inflação são cada vez menores diante do desaquecimento no mundo rico”. Sobre isso, ele diz: “É uma aposta, mas factível. Os países desenvolvidos devem comprar menos, diminuindo pressões sobre preços”.
Estratégia para enfrentar a crise
Amir Khair (*)
Esses R$ 10 bilhões constituem parte do excesso de arrecadação previsto anteriormente. A decisão do governo foi de usar essa parte do excesso para abater a dívida do governo federal e não usar para outras despesas. Não é o que os analistas ortodoxos querem. A ladainha deles é que haja redução das despesas do governo para reduzir a pressão da demanda, o que permitiria ao Banco Central (BC) reduzir as taxas de juros.
Sob o ponto de vista macroeconômico uma elevação da receita pública tem o mesmo efeito que uma redução do mesmo montante na despesa. Ao elevar o superávit primário o governo comprou a tese do mercado financeiro de que a Selic só vai cair se houver melhor desempenho fiscal. É o contrário: a Selic caindo é o que dá maior contribuição para a redução das despesas públicas.
A estratégia fiscal do governo é, no entanto, de médio prazo, ou seja, até 2014. Quer que as despesas de custeio cresçam menos que o PIB, indexação das cadernetas de poupança a um percentual da Selic e reduzir a participação da dívida pública atrelada à Selic.
A sinalização do governo de aperto fiscal pode ser a estratégia do possível tentando contornar o enfrentamento dos interesses do mercado financeiro de manter a Selic elevada para aumentar os seus lucros em cima da dívida do governo federal. Não creio que isso funcione, ou seja, o mercado financeiro reagirá sempre à redução da Selic e a forma de fazer isso ficou demonstrada após essa última reunião do Copom.
É importante o governo ter e anunciar seu plano fiscal que cubra o prazo que vá até o final do mandato em 2014. Da mesma forma é importante que no plano constem compromissos de manter as despesas de custeio abaixo do crescimento do PIB para elevar os investimentos, mas isso é insuficiente. A estratégia governamental falha ao não incluir nesse plano o impacto das políticas monetária e cambial sobre as finanças públicas. Influem com peso nos resultados fiscais a Selic da política monetária e as reservas internacionais na política cambial. A Selic completamente fora da realidade internacional e maior aberração macroeconômica do País, contamina as taxas de juros dos demais títulos do governo pré-fixados ou atrelados a índices de preço. Ao subir a Selic sobem as outras taxas de juros dos títulos públicos, pois o aplicador passa a exigir isso.
Impacto cambial
O impacto fiscal da política cambial se dá através do nível das reservas internacionais. O BC vem elevando essas reservas em dólares e as aplica em títulos do Tesouro americano que não rendem quase nada e paga ao mercado juros atrelados à Selic. Esse diferencial de taxas de juros vezes o nível das reservas deve atingir neste ano cerca de R$ 70 bilhões!
Não há a necessidade de manter tão elevada essas reservas. No auge da crise de 2008 estavam em US$ 204 bilhões e no final de julho atingiram US$ 347 bilhões, crescendo 70%! Outro problema é que as reservas elevadas servem de atração aos especuladores internacionais, pois representam maior garantia de solvência externa aos aplicadores.
Impacto monetário
O impacto fiscal da política monetária é dado através das despesas com juros. Nos últimos 16 anos representou 7,38% do PIB, quando a média internacional é de 1,8% do PIB. Isso ocorreu devido à Selic ser a taxa de juros mais alta do mundo durante mais de uma dezena de anos. Nos últimos doze meses terminados em julho atingiu R$ 224,8 bilhões, ou 5,73% do PIB. Como o governo pretende alcançar um superávit primário de 3,3% do PIB, irá ocorrer um déficit fiscal de 2,43% do PIB (5,73 menos 3,3). Nesses primeiros sete meses do ano em comparação com o mesmo período do ano passado as despesas não financeiras do governo federal (funcionalismo, previdência social, área social, investimentos e demais despesas com a máquina pública) cresceram em termos nominais (sem corrigir a inflação), 11,0%, o mesmo para o funcionalismo e 10,8% para a previdência social e, pasmem 48,3% (!) para os juros, passando de R$ 71,3 bilhões para R$ 105,8 bilhões ou crescimento de R$ 34,5 bilhões (ver quadro acima).
Esse quadro apresenta para os primeiros sete meses de 2010 e 2011, a evolução da Receita Líquida (receita menos as transferências a estados e municípios), das despesas, juros, resultado primário e resultado fiscal (resultado primário menos os juros). A coluna “diferença” é o valor de 2011 menos o de 2010 e o percentual (%) é o quanto evoluiu no período. Assim, a Receita Líquida passou de R$ 389,9 bilhões em 2010 para R$ 471,3 bilhões em 2011 com crescimento de R$ 81,3 bilhões ou 20,9%. O Resultado Primário cresceu 161,3% e o déficit fiscal foi reduzida em 14,1% (última linha e coluna).
Se o BC não abaixar a Selic será mantida essa tendência e o acréscimo de juros poderá atingir neste ano R$ 60 bilhões! Todo o esforço de cortar R$ 50 bilhões do orçamento feito no início do ano, mais essa elevação de R$ 10 bilhões no superávit primário é anulada pelo BC e as despesas com juros do setor público poderão alcançar 6,3% do PIB.
Redução da Selic e reação
Como o BC, face à crise internacional, reduziu a Selic nessa última reunião do Copom em 0,5 ponto percentual, o mercado financeiro ficou frustrado e começou a por em xeque essa decisão, taxando-a de política e de obediência ao Planalto. Na verdade o que ele quer é que o governo continue obediente aos interesses financistas. Apesar de o governo ter se comprometido com mais austeridade nas suas despesas, o mercado financeiro, com amplo espaço na mídia, puxou a faca contra o governo atingindo a presidente. Resta ver se ela vai enfrentar essa turma da bufunfa, que mama nas tetas do governo há décadas.
A melhor resposta é, ao invés de se defender, partir ao ataque, em medidas de alto impacto favorável ao País, elevando os depósitos compulsórios dos bancos no BC e a tributação sobre o lucro deles como um dos componentes para permitir recursos para regulamentar a Emenda Constitucional nº 29, que garante mais recursos para a área da saúde. O outro “presente” é estabelecer limites às escorchantes taxas de juros cobradas nos seus empréstimos. Se der marcha a ré, o governo desiste do comando da economia, que é de sua exclusive responsabilidade. Portanto, vale mais ação do que palavras.
Essa decisão do BC de baixar a Selic pode estar relacionada a uma política econômica integrada sob a responsabilidade da presidente da República. Assim, o esforço fiscal do governo pode ser o compromisso assumido para o BC iniciar um processo de redução gradual da Selic até levá-la a um patamar mais baixo. Caso siga o que fazem os bancos centrais dos países emergentes a Selic seria próxima do nível da inflação, ou seja, de 6%, neste ano. A Selic, excluída a inflação prevista para os próximos doze meses, está em 6,3% ao ano, mais do dobro do segundo colocado (Hungria, com 2,8%). A taxa média de juros internacional envolvendo uma amostra representativa de 40 países está negativa em 0,8% ao ano.
Ainda é cedo para prever o que acontecerá no governo face à forte reação do mercado financeiro e, consequentemente, dos próximos passos na redução da Selic. A crise trouxe a oportunidade de tomar medidas para a reativação da economia, que vem caindo pelo fato de ter preponderado o combate da inflação pela forma ineficaz e prejudicial da elevação da Selic. Ao que tudo indica o governo parece convencido que já passou da hora de estimular o mercado interno e, para isso, irá fazer o caminho inverso reduzindo a Selic e controlando o câmbio.
Uma coisa é certa e não existe meio termo: ou o governo derruba as taxas de juros ou elas irão continuar envenenando progressivamente o tecido econômico e social, mantendo o País atrelado ao atraso. É hora de enfrentamento.
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