Domingo, 29 de Abril de 2012
1º DE MAIO: A GÊNESE DO PELEGUISMO
"Cada
patrão mandou dez funcionários para cá. A gente tem que ficar até o fim
[do evento] e levar o comprovante de que veio, para não descontar o dia
de trabalho" . A confidência foi feita por um dos participantes
do primeiro congresso do "núcleo sindical" do PSDB, realizado em São
Paulo, na última sexta-feira, conforme relato da Folha (28-04). Uma
espécie de avant-première do 1º de Maio, o encontro liberou caciques
tucanos para o feriadão prolongado com a consciência do dever
cumprido.
A lotação proletária foi assegurada pelo engajamento natural
das bases: donos de construtoras e empreiteiras que prestam serviços ao
Estado convocaram seus trabalhadores à luta, com direito a sanduíche de
queijo, suco, biscoito e maçã. Mediante comprovante de comparecimento, a
militância teria o dia abonado trocando o saco de cimento pela
faiscante oratória tucana. Cada empresa foi convocada a encaminhar pelos
menos dez operários ao meeting.
Serra nem gaguejou ao afirmar aos
presentes que a relação do PSDB com sindicatos 'não é novidade'; em
seguida, pediu apoio à candidatura a prefeito de SP. "Temos nossa
primeira tarefa: mobilizar nossos sindicalistas para a campanha
eleitoral deste ano", disse o ex-governador com indisfarçável mal humor
diante do rival Aécio Neves. Alckmin foi de longe o mais
combativo; sapecou um 'companheiros e companheiras' na saudação e
arrematou com a frase cuja autenticidade sintetiza a de todo o evento:
"O PSDB é um partido que dá prevalência ao trabalho sobre o capital".
CartaCapital Online, 26/04/2012
Deputados tucanos se irritam com cartaz de ‘A privataria tucana’
Por Leandro Fortes
O
que antes era só uma acusação, agora está documentalmente provado: no
dia 7 de fevereiro passado, os deputados tucanos Rogério Marinho (RN) e
Sérgio Guerra (PE), acompanhados de um assessor ainda não identificado,
participaram de um ato de vandalismo no sétimo andar do anexo IV da
Câmara dos Deputados, em Brasília. Estimulado por Guerra, que é
presidente nacional do PSDB, Marinho simplesmente arrancou um cartaz de
propaganda do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro
Jr., então afixado na porta do gabinete do deputado Protógenes Queiroz
(PCdoB-SP). CartaCapital teve acesso às imagens captadas pelas câmeras
de segurança pelas quais se constata, quadro a quadro, como dois
parlamentares do maior partido de oposição do País se comportam como
delinquentes juvenis nas dependências do Congresso Nacional.
Os
dois primeiros quadros das imagens captadas pelas câmeras de segurança
mostram a dupla de deputados deixando o gabinete de Sérgio Guerra,
localizado a 50 metros do gabinete de Protógenes Queiroz. Depois, no
terceiro quadro, Marinho é flagrado à distância por uma das câmeras no
momento em que arranca o cartaz, com Guerra bem às suas costas, enquanto
o assessor observa a cena, um pouco mais atrás. O último quadro mostra o
trio se afastando, Marinho com o cartaz na mão, ao mesmo tempo em que
fala ao celular. O cartaz de “A Privataria Tucana”, livro que conta as
peripécias de parentes, sócios e amigos do tucano José Serra em
movimentações bilionárias por contas secretas no Caribe, acabou numa
lata de lixo, ao lado de um elevador.
A
molecagem dos deputados tucanos poderá acabar mal. Isso porque o
deputado Rogério Marinho confessou o crime. Segundo ele, arrancar o
cartaz da porta de um outro parlamentar foi “um ato político”. O Código
de Ética da Câmara dos Deputados enquadra a ação de Marinho, contudo,
como infração “às regras de boa conduta nas dependências da Casa”,
passível de ação de quebra de decoro parlamentar. O deputado Queiroz
prestou queixa do ocorrido no Departamento de Polícia Legislativa da
Câmara e, na quarta-feira 26, requereu ao presidente da Casa, deputado
Marco Maia (PT-RS), abertura de procedimento disciplinar contra Marinho e
Guerra.
Caso
o assunto chegue a ser julgado pela Comissão de Ética, os parlamentares
do PSDB poderão sofrer censura verbal em sessão do plenário da Câmara e
uma suspensão de seis meses do mandato parlamentar. É uma briga que vai
se estender à CPI do Cachoeira, onde Queiroz e Marinho são membros
titulares. Guerra, ao saber da queixa do colega do PCdoB à polícia
legislativa, apressou-se em também acusar Queiroz, delegado licenciado
da Polícia Federal, de quebra de decoro por ter sido citado em gravações
da Operação Monte Carlo, nas quais conversa com o araponga Idalberto
Araújo, o Dadá, com quem trabalhou na Operação Satiagraha, em 2008.
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