Vaticano teria recebido mais de R$ 1 milhão para enterrar mafioso em basílica
Michael Day, do Independent
MILÃO — O Vaticano enfrenta uma grande controvérsia sobre o enterro
de um notório chefe mafioso ocorrido 22 anos atrás, com novas
informações de que a Igreja teria aceitado um bilhão de liras (mais de
R$ 1,245 milhão), a antiga moeda italiana, como pagamento de uma viúva
para permitir o enterro de seu marido em uma basílica, ao lado de
antigos papas.
Uma fonte da Santa Sé contou à agência de notícias italiana Ansa que “apesar da relutância inicial”, o então vigário-geral de Roma, o cardeal Ugo Poletti, “face a um montante tão conspícuo, deu sua benção” para o controverso sepultamento de Enrico De Pedis, chefe do grupo mafioso Banda de Magliana, da capital italiana. O dinheiro teria sido usado em missões e na restauração da Basílica de São Apolinário, onde De Pedis foi colocado, ao lado de papas e cardeais, após seu assassinato em 1990.
As informações, que não foram comentadas pelo Vaticano, podem explicar como um notório criminoso foi enterrado em um local considerado sagrado. Na semana passada, para combater as crescentes críticas e ajudar a resolver o mistério que perdura sobre o assassinato há 20 anos, as autoridades do Vaticano decidiram retirar os restos mortais de De Pedis de sua cripta especial.
A pressão aumentou no início deste mês, quando o procurador Giancarlo Capaldo afirmou que os altos funcionários do Vaticano sabiam muito mais do que revelavam sobre as ligações do chefe da Magliana com a Santa Sé e sobre o suposto sequestro e assassinato de Emanuela Orlandi, filha de 15 anos de um funcionário do Vaticano, em 1983.
— Há pessoas que ainda estão vivas, e ainda estão dentro do Vaticano, que sabem a verdade — afirmou Capaldo.
Alguns acreditam que o pai de Emanuela tinha provas ligando o Banco do Vaticano, Istituto per le Opere di Religione, ao crime organizado, e que ela foi pega para mantê-lo em silêncio. A teoria é de que De Pedis, que foi morto a tiros em 1990, organizou o sequestro.
Nas últimas duas décadas, houve especulações de que os restos mortais de Emanuela foram postos junto ao túmulo do criminoso. Pietro Orlandi, irmão da adolescente, integra o grupo dos que pedem para que o túmulo seja aberto.
O Vaticano — que enfrenta fortes críticas após uma série de escândalos — negou as acusações e deu a entender que os investigadores poderão testemunhar a reabertura da cripta, em uma tentativa de aplacar os rumores.
— Parece que nada foi escondido e não há segredos do Vaticano a serem revelados — afirmou Federico Lombardin, porta-voz do Vaticano.
Aparentemente, Enrico De Pedis será transferido para um destino menos badalado. O local deve ser decidido em um encontro. Mesmo que os restos mortais de Emanuela não sejam encontrados no túmulo, o mistério que ronda seu desaparecimento permanecerá.
Outras teorias sobre o destino de Emanuela também existem. Uma, mais palatável para o Vaticano, sugere que membros da Magliana a entregaram a extremistas turcos, que queriam usá-la como objeto de barganha para conseguir libertar Mehmet ALi Agca, o atirador turco que tentou matar o Papa João Paulo II em 1981.
Mas outras pessoas acusam Paul Marcinkus, o ex-chefe do Banco Vaticano que caiu em desgraça e que esteve envolvido com a falência do Banco Ambrosiano, o maior banco privado da Itália, em 1982.
Pouco depois de o escândalo vir à tona, o presidente do Banco Ambrosiano, Roberto Calvi, foi encontrado enforcado embaixo da ponte Blackfriars, em Londres.
Uma fonte da Santa Sé contou à agência de notícias italiana Ansa que “apesar da relutância inicial”, o então vigário-geral de Roma, o cardeal Ugo Poletti, “face a um montante tão conspícuo, deu sua benção” para o controverso sepultamento de Enrico De Pedis, chefe do grupo mafioso Banda de Magliana, da capital italiana. O dinheiro teria sido usado em missões e na restauração da Basílica de São Apolinário, onde De Pedis foi colocado, ao lado de papas e cardeais, após seu assassinato em 1990.
As informações, que não foram comentadas pelo Vaticano, podem explicar como um notório criminoso foi enterrado em um local considerado sagrado. Na semana passada, para combater as crescentes críticas e ajudar a resolver o mistério que perdura sobre o assassinato há 20 anos, as autoridades do Vaticano decidiram retirar os restos mortais de De Pedis de sua cripta especial.
A pressão aumentou no início deste mês, quando o procurador Giancarlo Capaldo afirmou que os altos funcionários do Vaticano sabiam muito mais do que revelavam sobre as ligações do chefe da Magliana com a Santa Sé e sobre o suposto sequestro e assassinato de Emanuela Orlandi, filha de 15 anos de um funcionário do Vaticano, em 1983.
— Há pessoas que ainda estão vivas, e ainda estão dentro do Vaticano, que sabem a verdade — afirmou Capaldo.
Alguns acreditam que o pai de Emanuela tinha provas ligando o Banco do Vaticano, Istituto per le Opere di Religione, ao crime organizado, e que ela foi pega para mantê-lo em silêncio. A teoria é de que De Pedis, que foi morto a tiros em 1990, organizou o sequestro.
Nas últimas duas décadas, houve especulações de que os restos mortais de Emanuela foram postos junto ao túmulo do criminoso. Pietro Orlandi, irmão da adolescente, integra o grupo dos que pedem para que o túmulo seja aberto.
O Vaticano — que enfrenta fortes críticas após uma série de escândalos — negou as acusações e deu a entender que os investigadores poderão testemunhar a reabertura da cripta, em uma tentativa de aplacar os rumores.
— Parece que nada foi escondido e não há segredos do Vaticano a serem revelados — afirmou Federico Lombardin, porta-voz do Vaticano.
Aparentemente, Enrico De Pedis será transferido para um destino menos badalado. O local deve ser decidido em um encontro. Mesmo que os restos mortais de Emanuela não sejam encontrados no túmulo, o mistério que ronda seu desaparecimento permanecerá.
Outras teorias sobre o destino de Emanuela também existem. Uma, mais palatável para o Vaticano, sugere que membros da Magliana a entregaram a extremistas turcos, que queriam usá-la como objeto de barganha para conseguir libertar Mehmet ALi Agca, o atirador turco que tentou matar o Papa João Paulo II em 1981.
Mas outras pessoas acusam Paul Marcinkus, o ex-chefe do Banco Vaticano que caiu em desgraça e que esteve envolvido com a falência do Banco Ambrosiano, o maior banco privado da Itália, em 1982.
Pouco depois de o escândalo vir à tona, o presidente do Banco Ambrosiano, Roberto Calvi, foi encontrado enforcado embaixo da ponte Blackfriars, em Londres.
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