Viva! Viva! Valeu Argentina!
Mais um grande exemplo que estão dando!
Petróleo não é commodity. Petróleo é riqueza estratégica!
Deve ser explorada por uma empresa estatal.
Parabéns ao povo argentino e ao Governo de Cristina Kirchner!
Carta Maior, 16 de Abril de 2012
Argentina diz basta à espoliação da Repsol
Por Saul Leblon
Cristina Kirchner anunciou decisão na segunda-feira.
A Argentina nacionalizou 51% das ações YPF pertencentes à espanhola Repsol.
A decisão soberana anunciada nesta 2ª veira pela presidenta Cristina
Kirchner em rede nacional de rádio e televisão é uma resposta ao
vampirismo que tem pautado a atuação do capital espanhol no setor. A
Repsol detinha 57% da petroleira argentina privatizada em 1993 no
proceso de desmonte do Estado argentino promovido pelo governo
neoliberal de Carlos Menen. Em 2010 os investidores espanhóis
extraíram um lucro de 1,4 bilhão de euros do subsolo argentino. A
produção nacional de petróleo, porém, recuou quase 5,5%.
A Argentina foi a economia ocidental que mais cresceu na última década. Entre 2003 e 2010 o consumo argentino de petróleo e gás aumentaria respectivamente 38% e 25%. A oferta cairia no entanto 12% e 2,3%. A assimétrica evolução evidenciou o descompromisso do capital estrangeiro com o desenvolvimento do país. Os atritos entre o Estado e a Repsol se intensificaram. Em 2010, as importações de petróleo resultaram num déficit de US$ 3 bi na balança comercial argentina. Em 2011 a Argentina gastou US 11 bi com a conta petróleo.
O país tem reservas para atender as suas necessidades. Encontra-se em solo argentino a 3ª maior reserva de gás de xisto do mundo: a Repsol, em que pesem os apelos da Casa Rosada, sempre ignorou essa fronteira de soberania energética. Agia em relação ao xisto como a Vale do Rio Doce agiu, durante a gestão do tucano Roger Agnelli, diante dos apelos de Lula para que a empresa investisse na produção siderúrgica acional.
Nos últimos três anos o governo Cristina fixou um imposto sobre exportações de petróleo, a exemplo do que fez com as commodities agrícolas. O objetivo era justamente reter no país os ganhos extras gerados pela especulação internacional com matérias-primas. No Brasil, esses ganhos extras eram repassados pela Vale aos acionionistas e festejados pela caixa de ressonância tucano-midiática.
A Repsol não furou um único poço de petróleo na Argentina desde 2009. Na Espanha, o governo do direitista PP disse que vai reagir à 'expropriação'. Não demonstra a mesma e energia ante a ação predatória que o capital financeiro mundial exerce sobre a sociedade espanhola nesse momento: hoje, o cartel rentista global exigia da Espanha um ganho extra de cinco e meio pontos acima da rentabilidade dos títulos alemães para continuar financiando a austeridade suicida de Mariano Rajoy.
A Argentina foi a economia ocidental que mais cresceu na última década. Entre 2003 e 2010 o consumo argentino de petróleo e gás aumentaria respectivamente 38% e 25%. A oferta cairia no entanto 12% e 2,3%. A assimétrica evolução evidenciou o descompromisso do capital estrangeiro com o desenvolvimento do país. Os atritos entre o Estado e a Repsol se intensificaram. Em 2010, as importações de petróleo resultaram num déficit de US$ 3 bi na balança comercial argentina. Em 2011 a Argentina gastou US 11 bi com a conta petróleo.
O país tem reservas para atender as suas necessidades. Encontra-se em solo argentino a 3ª maior reserva de gás de xisto do mundo: a Repsol, em que pesem os apelos da Casa Rosada, sempre ignorou essa fronteira de soberania energética. Agia em relação ao xisto como a Vale do Rio Doce agiu, durante a gestão do tucano Roger Agnelli, diante dos apelos de Lula para que a empresa investisse na produção siderúrgica acional.
Nos últimos três anos o governo Cristina fixou um imposto sobre exportações de petróleo, a exemplo do que fez com as commodities agrícolas. O objetivo era justamente reter no país os ganhos extras gerados pela especulação internacional com matérias-primas. No Brasil, esses ganhos extras eram repassados pela Vale aos acionionistas e festejados pela caixa de ressonância tucano-midiática.
A Repsol não furou um único poço de petróleo na Argentina desde 2009. Na Espanha, o governo do direitista PP disse que vai reagir à 'expropriação'. Não demonstra a mesma e energia ante a ação predatória que o capital financeiro mundial exerce sobre a sociedade espanhola nesse momento: hoje, o cartel rentista global exigia da Espanha um ganho extra de cinco e meio pontos acima da rentabilidade dos títulos alemães para continuar financiando a austeridade suicida de Mariano Rajoy.
UOL, 16/04/2012 - 13h26
Argentina envia ao Congresso projeto para nacionalizar 51% da petroleira YPF
Do UOL, em São Paulo
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, enviou ao Congresso nesta segunda-feira (16) um projeto
de lei que declara como de utilidade pública e sujeitos a
desapropriação 51% do patrimônio da companhia petroleira YPF, controlada
pela espanhola Repsol.
As
agências de notícias chegaram a informar, mais cedo, que a
nacionalização já estaria em vigor, mas, segundo a imprensa argentina, o
projeto ainda segue para votação no Congresso Nacional.
Segundo o projeto de lei, das
ações desapropriadas, 51% passarão a estar sob controle do Estado, e os
49% restantes serão distribuídos entre as Províncias (Estados).
A
filial argentina representa dois terços da produção de petróleo da
Repsol (62%) e quase a metade de suas reservas (1 bilhão de barris de um
total de 2,2 bilhões).
A
Repsol YPF é o líder no mercado de combustíveis na Argentina. Sua
filial YPF, privatizada nos anos 1990, controla 52% da capacidade de
refinamento do país e dispõe de uma rede de 1.600 estações de serviços.
O governo e as províncias produtoras de petróleo responsabilizam a empresa por não cumprir compromissos de investimento e dizem que isso obriga o país a importar grandes volumes de hidrocarbonetos.
Umas das principais críticas é que a
Repsol-YPF "reduziu em 30%-35% sua produção de petróleo nos últimos
anos e mais de 40% a de gás", o que forçou a Argentina a aumentar em
mais de US$ 9 bilhões as importações de hidrocarbonetos, segundo um documento das províncias.
A Repsol YPF rejeita o argumento oficial e assegura que em 2012 deve investir 15 bilhões de pesos (US$ 3,4 bilhões) no país.
Tensão entre Espanha e Argentina
A
tensão entre Espanha e Argentina subiu bruscamente na sexta-feira (13),
com Madri voltando a protestar contra a possível nacionalização parcial
da YPF, sob o respaldo da Comissão Europeia (CE).
Segundo a Espanha, o ato seria uma "agressão à segurança jurídica" existente entre os países.
"Qualquer
agressão violando o princípio de segurança jurídica da Repsol será
tomada como uma agressão à Espanha, que tomará as ações que julgar
necessárias e pedirá o apoio que for preciso a seus sócios e aliados",
disse o ministro de Assuntos Exteriores espanhol, José Manuel
García-Margallo.
O
chanceler transmitiu esta posição ao embaixador argentino em Madri,
Carlos Bettini, a quem convocou antes de dar uma entrevista coletiva, na
qual recordou que a "YPF é importante para a Repsol e a Repsol é
importante para a Espanha".
Comissão Europeia interveio no conflito diplomático
O
mal-estar existente há semanas entre os dois países, de relações
tradicionalmente cordiais, gerou um conflito diplomático, que levou a
Comissão Europeia a intervir na sexta-feira, pedindo a Argentina para
que "proteja os investimentos estrangeiros em seu território".
"Esperamos
que Argentina respeite seus compromissos internacionais sobre a
proteção dos investimentos estrangeiros em seu território e nos mantemos
ao lado da Espanha neste caso", afirmou em Bruxelas Olivier Bailly,
porta-voz da Comissão Europeia, em entrevista coletiva.
Margallo, por sua vez, afirmou que houve contatos da Comissão Europeia com o governo argentino.
A
Comissão Europeia já entrou em contato com a Argentina sobre o assunto,
que também diz respeito a países que também têm investimentos na
Argentina" na Cúpula das Américas, disse García-Margallo.
Autoabastecimento de petróleo
O
ministro espanhol de Indústria, José Manuel Soria, foi na quinta-feira
(12) o primeiro a elevar o tom, poucas horas antes de uma reunião entre a
presidente argentina Cristina Kirchner e os governadores das
províncias, alguns dos quais retiraram suas concessões de exploração à
Repsol YPF, que nos últimos meses perdeu 16 licenças de exploração.
"O
objetivo do governo é atingir o autoabastecimento de petróleo.
Analisamos cada uma das concessões e o cumprimento dos contratos. Quando
isso não ocorre, a situação se reverte", disse o ministro argentino da
Economia, Hernán Lorenzino, sem fazer maiores comentários sobre o caso
YPF.
"Creio
que caso ocorra (a nacionalização) seria uma notícia ruim para todos,
mas também para a Argentina, porque esta, na comunidade internacional na
qual vivemos, romper as regras possui um custo", advertiu o secretário
de Estado espanhol para a União Europeia, Iñigo Méndez de Vigo.
"Esta
série de acontecimentos, além de criar incertezas quanto o
desenvolvimento normal de um negócio, determinou uma depreciação das
ações da empresa em 40%", disse García-Margallo.
Argentinos manifestam apoio ao Governo do país por decidir expropriar 51% da YPF,
filial argentina do grupo espanhol Repsol Natacha Pisarenko/AP
Por que e para quê uma YPF do Estado
Página/12 - Produção: Raúl DellatorreBuenos Aires- Enquanto se aguarda uma definição do Governo, um enfoque diferente da abordagem que costumam difundir os ex-secretários de Energia que privatizaram o setor indica as razões pelas quais é válido o atual debate. Uma retomada ao assunto em seis questões.
- Por que a Argentina deveria considerar o petróleo e o gás como recursos estratégicos, de interesse nacional e não como commodities de livre disponibilidade de quem os extrai? Não é mais atrativa esta última alternativa para os investidores estrangeiros?
O comportamento observado pelas empresas privadas energéticas no país, a partir da desregulamentação e privatização dos hidrocarbonetos, tem sido privilegiar a maximização de lucros no curto prazo e a remessa dos lucros ao exterior. Estes conceitos são contraditórios com a necessidade do país de contar com disponibilidade e produção de energia suficiente para garantir o desenvolvimento do aparato produtivo, a um custo que assegure as vantagens competitivas, no mercado interno e no exterior, dos produtos elaborados no país. O cumprimento destes objetivos nacionais demanda um planejamento de longo prazo que considere a exploração racional de recursos, a busca de novas fontes de energia e assegure a disponibilidade no futuro. Daí que, segundo os especialistas consultados, seja imprescindível a consideração dos hidrocarbonetos como recurso estratégico de interesse nacional e não um bem livre de mercado.
- Isto implica excluir a empresa privada da atividade de extração de hidrocarbonetos?
Não. Embora em obediência ao critério anterior de dar prioridade aos objetivos nacionais em matéria energética, as empresas privadas que participem na atividade deveriam ficar alinhadas às diretrizes estabelecidas pelo planejamento estatal para chegar àqueles objetivos. Isto pode significar a obrigação de associar-se ao Estado em cada exploração, com a possibilidade de que a operação técnica fique em mãos privadas, mas com controle da exploração e do destino do recurso em mãos do Estado. Este é o modelo que se aplica, por exemplo, na Venezuela (Pdvsa) e no Brasil (Petrobras).
- Por que a YPF deveria voltar ao Estado?
Porque desde que o Estado perdeu o controle da empresa deixou de cumprir com todos os objetivos estratégicos mencionados. Desde sua criação (1922) até que começou o processo de desregulamentação e privatização (1992), a YPF expandiu a produção e a oferta de energia em todas suas formas, brindou energia abundante e barata, desenvolveu um aparato produtivo industrial e tecnológico de grande importância a nível regional e foi a responsável por descobrir e desenvolver praticamente todas as áreas petrolíferas hoje em produção. Atuava como empresa testemunha em todas as etapas da produção e coordenava, junto às empresas estatais de geração e distribuição elétrica, e distribuição de gás, o conjunto de recursos energéticos para assegurar preços e abastecimento.
Em matéria de combustíveis, regulava a compra de quotas de produção destinadas a cada refinaria através de uma “mesa de cru” que garantia, também neste caso, preços e abastecimento em cada etapa. Se bem que boa parte destas tarefas poderia ser dirigida para outros organismos, levando em conta que os hidrocarbonetos satisfazem quase 90% das necessidades energéticas da economia nacional e a YPF é o principal operador integrado do setor (34% da extração de petróleo e 23% da do gás natural, em dezembro de 2011; 51,7% da capacidade instalada de refinação de cru e 55,2 da oferta de combustíveis líquidos de produção nacional), para muitos especialistas é uma ferramenta imprescindível para cumprir os objetivos de política nacional expressados acima.
Informes e estatísticas: Centro Latino Americano de Investigações Científicas e Técnicas (Clicet). Diretor: Ricardo De Dicco.
Tradução: Libório Junior
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