O Presidente da Colômbia e Dilma Rousseff em Cartagena
Segunda-Feira, 16 de Abril de 2012
Dilma passa um sabão no Tio Sam
Por Saul Leblon
Ainda que seja o melhor que a política norte-americana tem hoje a oferecer, convenhamos, é parcimonioso. Essa percepção de esgotamento extravazou das intervenções do democrata em Cartagena, na Colômbia. A um mosaico de nações que luta contra um legado secular de pobreza, desigualdade e truculênca nas relações com o Big Brother, e ainda assim desponta como um dos horizontes mais dinâmicos da economia mundial, Obama ofereceu a velha e gasta 'cooperação' do mascate viajante.
Instado a comentar a ascensão da classe média regional e, sobretudo, brasileira, murmurou memorizando as fichas preparadas pelo Departamento de Estado: "Uma classe média próspera e ascendente abre mercado para as nossas empresas. Aparecem novos clientes para comprar ‘Iphones', ‘Ipods, Boeings'..." "Ou Embraer!", atalhou-o a presidenta Dilma Rousseff , num aparte bem-humorado, mas também altivo e ao mesmo tempo revelador da miúda visão política autocentrada do chefe de Estado norte-americano.
A intervenção brasileira foi ovacionada com risos e palmas pelos demais chefes de Estado presentes. Caberia a Dilma, ainda, contrapor ao caquético catecismo da subordinação comercial o ponto de vista estratégico de uma América Latina cada vez mais encorajada a buscar seu próprio caminho e, mais que isso, definitivamente convencida de que esse caminho de soberania e desenvolvimento não cabe no acostamento estreito destinado historicamente à região pela Casa Branca. Em um improviso mais de uma vez aplaudido, ela despertou o orgulho latino-americano diante de um Obama entre sonolento, ausente e blasé.
Disse-o com assertiva altivez a Presidenta de todos os brasileiros e, agora também, uma referência aos latino-americanos que já haviam sido cativados por Lula: "As relações assimétricas foram muito negativas para o nosso Continente. Nos últimos 20 anos, tivemos recessão, desemprego e ausência de perspectivas de crescimento. O relacionamento virtuoso é aquele que respeita a soberania dos países e enxerga o crescimento recíproco como essencial. Todos aqui nessa mesa fomos países coloniais, inclusive os Estados Unidos, que pegou em armas para defender sua independência. Todos sabemos que não há diálogo entre desiguais", concluiu Dilma fechando um ciclo da cúpula das Américas.
Ou melhor, anunciando o novo capítulo da luta pelo desenvolvimento continental.
UOL, 14/04/2012
Cartagena (Colômbia), 14 abr (EFE).- A presidenta Dilma
Rousseff disse neste sábado ao governante americano, Barack Obama, que
as alianças entre a América Latina e os Estados Unidos devem ser em pé
de igualdade e defendeu os processos de integração regionais.
"Alianças de igualdade", afirmou Dilma ao lembrar que, "no passado, as relações assimétricas entre norte e sul foram responsáveis por muitos acordos negativos".
Dilma se expressou assim durante uma conversa pública com Obama e o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, durante o encerramento do Fórum Empresarial prévio à inauguração neste sábado da 6ª Cúpula das Américas, em Cartagena de Indias.
"Ninguém produz conhecimento, ciência, educação de qualidade se um for superior ao outro (...) todos sabemos que não existe diálogo entre pessoas e países desiguais, só existe cooperação se nos colocarmos como países que dependemos uns dos outros para fazer este mundo mais próspero", ressaltou a presidenta.
Em um dos atos mais esperado deste fórum, que reúne desde sexta mais de 700 empresários na busca de fórmulas para reduzir o problema da desigualdade social no continente, Dilma reconheceu, no entanto, o importante papel dos Estados Unidos.
"Temos que reconhecer a importância da economia dos Estados Unidos, que possui importantes características neste mundo multipolar que está surgindo: uma imensa flexibilidade, uma enorme liderança em ciência, tecnologia e inovação, e suas raízes democráticas", disse Dilma ao ressaltar "o importante papel que a economia americana segue desempenhando na América Latina".
A presidente do Brasil, cuja economia já é a sexta do mundo, respondeu perguntas sobre crescimento econômico e se orgulhou ao falar "da virtuosa expansão do mercado interno brasileiro", além de ressaltar o importante papel do país em integrar a região em seu conjunto.
"Temos que trabalhar na integração de nossos países e nossas economias", indicou Dilma ao mencionar os países latino-americanos e expressar seu otimismo "em direção às relações no hemisfério".
Entre os aplausos do público, a presidente citou especialmente as conquistas obtidas no seio de organismos regionais, como a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), a União Sul-Americana de Nações (Unasul), o Mercosul e o G20.
Segundo Dilma, estes fóruns permitem "articular processos de apoio e financiamento para os setores produtivos" dos países da América Latina e o Caribe.
Dilma diz a Obama que alianças com EUA devem ser em pé de igualdade
"Alianças de igualdade", afirmou Dilma ao lembrar que, "no passado, as relações assimétricas entre norte e sul foram responsáveis por muitos acordos negativos".
Dilma se expressou assim durante uma conversa pública com Obama e o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, durante o encerramento do Fórum Empresarial prévio à inauguração neste sábado da 6ª Cúpula das Américas, em Cartagena de Indias.
"Ninguém produz conhecimento, ciência, educação de qualidade se um for superior ao outro (...) todos sabemos que não existe diálogo entre pessoas e países desiguais, só existe cooperação se nos colocarmos como países que dependemos uns dos outros para fazer este mundo mais próspero", ressaltou a presidenta.
Em um dos atos mais esperado deste fórum, que reúne desde sexta mais de 700 empresários na busca de fórmulas para reduzir o problema da desigualdade social no continente, Dilma reconheceu, no entanto, o importante papel dos Estados Unidos.
"Temos que reconhecer a importância da economia dos Estados Unidos, que possui importantes características neste mundo multipolar que está surgindo: uma imensa flexibilidade, uma enorme liderança em ciência, tecnologia e inovação, e suas raízes democráticas", disse Dilma ao ressaltar "o importante papel que a economia americana segue desempenhando na América Latina".
A presidente do Brasil, cuja economia já é a sexta do mundo, respondeu perguntas sobre crescimento econômico e se orgulhou ao falar "da virtuosa expansão do mercado interno brasileiro", além de ressaltar o importante papel do país em integrar a região em seu conjunto.
"Temos que trabalhar na integração de nossos países e nossas economias", indicou Dilma ao mencionar os países latino-americanos e expressar seu otimismo "em direção às relações no hemisfério".
Entre os aplausos do público, a presidente citou especialmente as conquistas obtidas no seio de organismos regionais, como a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), a União Sul-Americana de Nações (Unasul), o Mercosul e o G20.
Segundo Dilma, estes fóruns permitem "articular processos de apoio e financiamento para os setores produtivos" dos países da América Latina e o Caribe.
Dilma põe Obama em saia justa ao falar sobre aviões da Embraer
CARTAGENA - A presidente Dilma Rousseff aproveitou a deixa dada pelo
americano Barack Obama, durante debate no fórum empresarial das
Américas, e defendeu a venda de aviões da Embraer à Força Aérea dos
Estados Unidos. O processo foi suspenso há cerca de um mês e até o
momento nada foi resolvido, apesar dos apelos do governo brasileiro.
- O Brasil está mudando. Mais brasileiros vão comprar iPad e aviões - disse Obama, referindo-se aos caças americanos que disputam com os franceses e os suecos a preferência da Força Aérea Brasileira. - Ou a Embraer - retrucou Dilma rapidamente.
No fim de fevereiro, a Força Aérea dos Estados Unidos cancelou o contrato de US$ 355 milhões para fornecimento de 20 aviões Super Tucano, da Embraer, citando problemas com a documentação.
Em outro negócio, dessa vez de fornecimento de jatos de combate para a Força Aérea brasileiro, o governo Dilma pode preterir a americana Boeing se escolher os caças Rafale, da francesa Dassault Aviation. Fontes do governo brasileiro disseram recentemente que "muito provavelmente" o país escolherá o caça militar francês.
Dilma: medidas de defesa comercial
Aos empresários Dilma explicou que as medidas tomadas pelo Brasil não são de proteção e sim de defesa da indústria nacional. Ela voltou a criticar o que chamou de "tsunami monetário", queixou-se da valorização das moedas dos países do continente americano e disse que essa expansão deveria se traduzir em mais investimentos.
- É claro que temos que tomar medidas para nos defender e não nos proteger . A defesa é que não podemos deixar quer nossos setores manufatureiros sejam canibalizados e achamos que seria muito virtuoso pelos países superavitários que, em vez de políticas de expansão monetária, fizessem políticas de investimentos. Isso permitiria que os recursos da expansão monetária fossem destinados à saída da crise e à maior prosperidade internacional.
- O Brasil está mudando. Mais brasileiros vão comprar iPad e aviões - disse Obama, referindo-se aos caças americanos que disputam com os franceses e os suecos a preferência da Força Aérea Brasileira. - Ou a Embraer - retrucou Dilma rapidamente.
No fim de fevereiro, a Força Aérea dos Estados Unidos cancelou o contrato de US$ 355 milhões para fornecimento de 20 aviões Super Tucano, da Embraer, citando problemas com a documentação.
Em outro negócio, dessa vez de fornecimento de jatos de combate para a Força Aérea brasileiro, o governo Dilma pode preterir a americana Boeing se escolher os caças Rafale, da francesa Dassault Aviation. Fontes do governo brasileiro disseram recentemente que "muito provavelmente" o país escolherá o caça militar francês.
Dilma: medidas de defesa comercial
Aos empresários Dilma explicou que as medidas tomadas pelo Brasil não são de proteção e sim de defesa da indústria nacional. Ela voltou a criticar o que chamou de "tsunami monetário", queixou-se da valorização das moedas dos países do continente americano e disse que essa expansão deveria se traduzir em mais investimentos.
- É claro que temos que tomar medidas para nos defender e não nos proteger . A defesa é que não podemos deixar quer nossos setores manufatureiros sejam canibalizados e achamos que seria muito virtuoso pelos países superavitários que, em vez de políticas de expansão monetária, fizessem políticas de investimentos. Isso permitiria que os recursos da expansão monetária fossem destinados à saída da crise e à maior prosperidade internacional.
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