sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O demiurgo de uma nota só

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A imagem acima não é a de A.L.R. analisando a atual conjuntura econômica




André Lara Rezende, o demiurgo de uma nota só

 
Luis Nassif

Em algum momento de 1995 escrevi algumas colunas na Folha dizendo que havia algo de errado na economia. Não era possível um modelo em que uma pequena distribuidora, com R$ 14 milhões de capital, registrasse um lucro de R$ 140 milhões (a parte registrada), enquanto um atacadista com R$ 1 bilhão de faturamento tinha lucro de apenas R$ 10 mi.
André Lara (um dos sócios da distribuidora), primeiro, tentou dar uma carteirada acadêmica, em um artigo na Folha em que falava sobre “palpiteiros”. Depois, recuou e marcou um almoço.
Lá, questionei o absurdo de especialistas exclusivos em inflação inercial serem tratados como demiurgos. Sua resposta foi franca: “Eu entendo de inflação inercial. É a imprensa que cria as lendas”.
André foi um dos principais responsáveis por abortar o projeto de privatização com fundos sociais – que garantiria um capitalismo popular no país, e a distribuição equitativa dos benefícios da privatização com os chamados fundos sociais. Já era um jogo de cartas marcadas.
A fórmula de remonetização que adotou para o Real visou exclusivamente enriquecer grupos aliados no mercado futuro de câmbio. Explico detalhadamente isso em “Os Cabeças de Planilha”.
Agora, tem-se uma nova realidade, com o fim do ciclo financista – do qual ele foi um dos expoentes no país, à custa da perda da grande oportunidade de desenvolvimento trazida pelo Real. E o demiurgo reaparece trazendo não-soluções.
Tal qual Pérsio, tem bons diagnósticos sobre a crise e uma incrível incapacidade de enxergar caminhos novos. Confunde sua impotência intelectual de prospectar o novo – sem nenhum demérito, porque o mundo está atrás dessa pedra filosofal – com a incapacidade do mundo de atender às demandas de seus habitantes. Sua máxima parece ser: "Se não encontro uma solução é porque a solução não existe".
Passa ao largo de um conjunto fundamental de desafios e possibilidades – como extirpar a miséria absoluta, como levar a civilização à maioria da população do planeta, quais as tecnologias disponíveis para melhorar a produtividade, a produção de alimentos, quais os caminhos para a exploração das riquezas no fundo do mar, a era da economia verde – e limita-se a decretar que, dado o esgotamento da capacidade do planeta, nada mais resta do que rezar. O correto seria: dada a incapacidade de visualizar cenários novos, nada mais a pensar.
Esse neo-malthusianismo, essa visão atrasada do Clube de Roma não é uma solução. Com a carteirada das citações bibliográficas, André não consegue ir além de UM problema. E não trazer nenhuma solução
Sua única solução será os Bancos Centrais remonetizarem as dívidas e trazerem de volta a inflação. Aí, André terá o que dizer novamente. Por enquanto ele comete esse notável feito econômico de rebater Keynes... com Malthus.

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