Entrevista coletiva de Dilma em Havana
Dilma sobre gestos à esquerda: 'Fico estarrecida com pergunta'
André Barrocal
Havana – A presidenta Dilma Rousseff teve nesta terça-feira (31) a chance de definir-se como de “esquerda” e de fazê-lo num lugar símbolo do ideal socialista na América Latina. Em vez disso, reagiu com surpresa ao ser questionada, em entrevista em Cuba, sobre recentes sinais políticos que emitiu nos últimos dias, incluindo a visita oficial à ilha de Fidel Castro.
Presidenta, a senhora começou o ano indo ao Fórum Social e agora vem a Cuba, são gestos políticos mais à esquerda. Por que a senhora fez isso?
"Eu acho interessante a forma como a mídia analisa meus atos... Posso te dizer uma coisa? Eu fico estarrecida com esse tipo de pergunta, estarrecida. Porque... significa que no ano passado eu fui à União Européia, recebi os Estados Unidos (…), fui no G20, fui pra Argentina... Como é que a gente interpretaria o ano passado?"
No roteiro internacional 2012 de Dilma, aberto com a visita a Cuba, está previsto também que ela viaje aos Estados Unidos, provavelmente em março, em retribuição a uma visita feita pelo presidente Barack Obama ao Brasil no ano passado.
Dilma já esteve nos EUA, como presidenta, mas foi para abrir a Assembléia Geral das Nações Unidas no ano passado.
Com Raúl, Dilma fala de Lula e Celac; com Fidel, 'orgulho' e sigilo
André Barrocal
Havana – Na reunião de 1h15 que teve com o líder cubano Raúl Castro nesta terça-feira (31), a presidenta Dilma Rousseff conversou sobre uma retribuição da visita, a saúde do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, e a criação da Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac), organismo político que exclui EUA e Canadá, além dos investimentos brasileiros na ilha.
Pelo lado brasileiro, a reunião foi testemunhada apenas pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Partriota, e pelo assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. O encontro foi parcialmente relatado aos jornalistas por assessores governamentais que tiveram acesso aos participantes do encontro.
Mais tarde, depois de almoçar, Dilma encontrou-se com o outro Castro da família, o mais velho e famoso, Fidel, de 85 anos (Raúl está com 80). Apesar de Fidel estar doente – a última aparição pública dele foi em 2006 -, as autoridades cubanas ainda têm muita preocupação com a segurança dele, de modo que o encontro foi restrito inclusive para assessores dos dois lados.
Dilma foi à casa de Fidel acompanhada apenas de Patriota, Marco Aurélio e governador da Bahia, Jacques Wagner, que pegara carona na visita presidencial na segunda-feira (30) – Dilma viajou a Cuba a partir de Salvador. Nem mesmo o fotógrafo oficial da Presidência brasileira teve acesso ao encontro, cujo registro coube exclusivamente a uma equipe que trabalha para Fidel.
Mais cedo, em entrevista à imprensa, Dilma disse que encontraria Fidel "com muito orgulho"
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