segunda-feira, 11 de abril de 2011

Presidenta inicia visita à China

UOL, 11/04/2011
 
Dilma tenta inaugurar nova etapa em relação com China
 
A presidente Dilma Roussef (centro) desembarca em Pequim nesta segunda-feira (11), onde fará visita oficial de seis dias em que tentará inaugurar uma nova etapa na relação do Brasil com a China
A presidenta Dilma Rousseff chegou a Pequim nesta segunda-feira para uma visita de seis dias em que tentará inaugurar uma nova etapa na relação do Brasil com a China.

"A China é uma grande compradora de commodities. Nos interessa que continue sendo uma grande compradora, mas nos interessa também abrir uma nova etapa nessa relação em que a gente seja parceiro na área de ciência e tecnologia e na área de pesquisa", disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Fernando Pimentel.

"O objetivo da visita da presidente Dilma é inaugurar essa nova etapa. Não queremos perder a China como parceiro, mas queremos qualificar mais nossa relação com a China", acrescentou Pimentel, após participar, ao lado da presidente, de um encontro com o CEO da Huawei, Ren Zhengfei.

Pimentel anunciou ainda que a empresa chinesa de equipamentos de telecomunicações e computação vai investir cerca de US$ 300 milhões no Brasil na construção de um centro de pesquisa e tecnologia e também doar US$ 50 milhões em equipamentos para universidades brasileiras.

"Começamos com pé direito", comemorou Pimentel.

A busca por mais e "melhores" investimentos chineses ocorre no momento em que a China desponta como um dos principais investidores do mundo, o quinto maior, segundo o governo chinês.

No ano passado, investiu US$ 59 bilhões no exterior
, segundo o Ministério do Comércio. A maior parte teve como alvo obter acesso a commodities na área de petróleo e mineração, mas há, segundo analistas, potencial para uma maior diversificação.

Reciprocidade
Em Pequim, Dilma Rousseff terá uma reunião com o presidente Hu Jintao para discutir o "aprofundamento da parceria estratégica sino-brasileira". Nas palavras de Dilma Rousseff à agência estatal chinesa Xinhua, em entrevista ainda no Brasil, essa relação deve ser baseada na "reciprocidade".

O grande desafio de Dilma Rousseff nesta primeira viagem à China como presidente é criar bases para uma maior diversificação da pauta de exportações brasileiras, garantir melhor tratamento a empresas na China, como a Embraer, e também atração de investimentos em setores que não apenas o de extração de recursos naturais.

"Esta é uma relação que, eu acredito, será muito bem desenvolvida entre os dois países porque há algumas áreas em que a China pode ser crucial para o Brasil e outras em que o Brasil pode ser crucial para a China (...) baseada em um conceito que eu considero muito importante em uma relação entre iguais: a reciprocidade", disse Dilma Rousseff à Xinhua.

Desvantagem
 Os números que embasam a defesa do discurso da reciprocidade são bem claros. A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil em 2009. Mas as características dessa pauta comercial deixam o Brasil, na opinião de muitos setores, em posição de desvantagem.

Cerca de 95% das exportações brasileiras para a China são de matérias-primas. A via contrária, da China para o Brasil, é dominada quase em sua totalidade por produtos industrializados.
Além de principal parceiro comercial, o país se tornou também o principal investidor estrangeiro no Brasil em 2010. E também a área de investimentos diretos reflete a sede chinesa por commodities que sustentem seu crescimento.

Segundo o Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, 85% dos investimentos no Brasil estão nos ramos de mineração e petróleo.

Além disso, empresas brasileiras como a Embraer enfrentam grandes dificuldades em suas operações na China. Há expectativa de que um acordo seja anunciado nesta visita para encomenda de jatos da Embraer por uma empresa chinesa, o que poderia representar um avanço na solução de uma questão polêmica que se arrasta há anos.

Agenda
Na China, Dilma Rousseff deve assinar uma série de acordos bilaterais em áreas como ciência e tecnologia, defesa, agricultura, energia e educação. No campo empresarial, serão firmados acordos nos setores de energia, telecomunicações e eletrônica.

Além da visita oficial à China, sua terceira viagem ao exterior desde que tomou posse, Dilma Rousseff participa, na cidade de Sanya, da cúpula dos países que integram o grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e que passa agora a incluir a África do Sul).

De lá, vai para a cidade de Boao para participar do Fórum de Boao para a Ásia, um encontro de empresários da região.
O roteiro prevê ainda uma visita à cidade de Xi'an, na província de Shanxi, onde a presidente visitará o centro de pesquisa de uma empresa chinesa, ZTE, com interesses no Brasil.

Dilma Rousseff embarca de volta à Brasília no sábado.

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