sexta-feira, 1 de abril de 2011

Advogado dá depoimento sobre torturas e mortes que ele próprio cometeu

João Lucena e o Curió

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2011/04/antigo-torturador-confirma-execucao-de.html

sexta-feira, 1 de abril de 2011

ANTIGO TORTURADOR CONFIRMA EXECUÇÃO DE GUERRILHEIROS DO ARAGUAIA

Lucena: "O sujeito amarrado, algemado e
o executor puxava o gatilho e matava"
Definitivamente, não foi o aniversário com que sonhavam as  viúvas da ditadura.

Se já não bastasse a Folha de S. Paulo haver desencavado diretrizes da Marinha ordenando a eliminação dos guerrilheiros do Araguaia, o SBT levou ao ar uma entrevista-bomba do antigo torturador João Lucena Leal, concedida a Roberto Cabrini.

 
Para quem não assistiu, um bom relato é o da longa reportagem do site Tudo Rondônia: Advogado de Rondônia choca o Brasil com depoimento sobre torturas e mortes das quais ele próprio participou

Eis alguns trechos mais impactantes:
"Na entrevista, Lucena descreveu, com tranqüilidade e frieza, o que viu e o que fez com os adversários políticos do regime. 'O sujeito amarrado, algemado e o executor puxava o gatilho e matava', disse ele ao narrar uma das cenas entre as inúmeras das quais presenciou e participou.

...informou ter apenas um remorso. Foi quando viu o corpo de uma moça de 17 anos morta pelos militares. 'Peguei no corpo dela e ainda estava quente. A moça não tinha ideologia nenhuma'.

Em Rondônia, Lucena ficou rico como advogado de traficantes e de notórios assassinos, como o fazendeiro Darli Alves, que matou a tiros, no Acre, o líder seringueiro Chico Mendes.
Preso nesta semana por porte ilegal de
arma, Curió não ficou nem um dia detido
 Mostrando profundo conhecimento no assunto, o advogado disse que, na sua época, o método mais utilizado era o pau de arara, nas suas palavras, 'um instrumento cruel, devastador, que deixa seqüelas. Tem muita gente que não resiste meia hora e conta tudo. Às vezes, é só mostrar o instrumento e ele (a vítima) abre'.
Lucena afirmou ter visto de dez a 15 execuções de guerrilheiros do PC do B no Araguaia, entre elas, a morte de uma jovem identificada por ele como 'Sônia', que foi assassinada pelo hoje major reformado do Exército Sebastião Curió.

Tanto Curió quanto Lucena participaram das investigações e prisão da hoje presidente Dilma Rousseff, então militante política. 'Ela (Dilma) era uma menina de 17 ou 18 anos de idade que foi presa e levada para a Operação Bandeirantes e entregue ao delegado Fleury (Sérgio Paranhos Fleury, notório torturador)'."
Aparentemente, a "moça de 17 anos morta pelos militares", que "não tinha ideologia nenhuma", seria moradora da região e não guerrilheira.

Quanto à  Sônia, Lucena pode estar se referindo a Lúcia Maria de Souza, estudante de medicina do RJ que chegou a prestar serviços médicos aos habitantes do Araguaia e a fazer partos.

Emboscada por uma patrulha do Exército em outubro/1973, quando estava em curso o extermínio de todos os guerrilheiros localizados, levou tiros mas, sem que que os militares percebessem, tombou em cima de sua arma.
Sônia: "Guerrilheira não tem nome,
seu fdp. Eu luto pela liberdade"

Ao perguntarem seu nome, ela deu a resposta célebre: "Guerrilheira não tem nome, eu luto pela liberdade!".

E, puxando o revolver de sob o corpo, atirou neles, atingindo no braço o (então) major Lício Maciel e  na barriga o capitão Sebastião Alves de Moura.

Foi em seguida metralhada e seu corpo, abandonado insepulto na mata.

O capitão Sebastião se tornou mais conhecido com a patente que adquiriu depois (major) e o apelido de Curió. Na reserva, ele é, na verdade, coronel.

Pensava-se que, ferido, não tivesse sido ele um dos executores de Sônia. Agora, Lucena pode ter lançado  uma nova luz sobre o episódio.

O chefão do Serviço Nacional de Informações e futuro ditador João Baptista Figueiredo chegou a citar numa entrevista a reação de  Sônia  como exemplo do "fanatismo" dos guerrilheiros...


31/03/2011

Advogado de Rondônia choca o Brasil com depoimento sobre torturas e mortes das quais ele próprio participou

O advogado João Lucena Leal, radicado em Rondônia há trinta anos, chocou o Brasil na noite desta quarta-feira, em rede nacional de televisão, com um depoimento frio sobre mortes e torturas durante o regime militar. Ele também revelou detalhes das operações de que participou para prender a hoje presidente da República, Dilma Rousseff, e o então estudante José Genoíno, que viria a ser presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e atualmente é assessor do Ministério da Defesa. Segundo Lucena, Genoíno não precisou ser torturado. "Fez um acordo com o Exército e entregou, delatou todos os seus companheiros", disse.
Lucena falou ao jornalista Roberto Cabrini, do programa Conexão Repórter, do SBT. Cabrini veio a Porto Velho para entrevistar aquele que é considerado um dos maiores torturadores ainda vivos do tempo da repressão no Brasil .
Agente da repressão a serviço dos militares que tomaram o poder no País com o golpe de abril de 1964, João Lucena Leal  foi descrito como o típico homem dos porões da ditadura.
Na entrevista, Lucena descreveu, com tranqüilidade e frieza, o que viu e o que fez com os adversários políticos do regime.O sujeito amarrado, algemado e o executor puxava o gatilho e matava”, disse ele ao narrar uma das cenas entre as inúmeras das quais  presenciou e participou.
TORTURA JUSTIFICADA
Para Lucena, a tortura se justifica “para extrair uma informação ardente”. Fazia parte de seu “trabalho” extrair tais informações dos ativistas políticos. “Eu executava com nobreza”, acrescentou.
Ex-delegado da Polícia Federal, Lucena também é descrito como um torturador profissional. A Ronberto Cabrini, ele relatou torturas, prisões e mortes das quais diz ter participado.
Mesmo acusado de cometer atrocidades, Lucena disse estar orgulhoso de tudo o que fez.
Com a saúde severamente abalada após um ataque cardíaco e acusado de ser um torturador impiedoso, mesmo assim o homem da repressão diz ter a consciência e um sono tranqüilos.
Na entrevista, informou ter apenas um remorso. Foi quando viu o corpo de uma moça de 17 anos morta pelos militares. “Peguei no corpo dela e ainda estava quente. A moça não tinha ideologia nenhuma”. 
Em Rondônia, Lucena ficou rico como advogado de traficantes e de notórios assassinos, como o fazendeiro Darli Alves, que matou a tiros, no Acre, o líder seringueiro Chico Mendes.
Ao falar sobre o que considera  tortura, Lucena disse que “é um ato de violência contra o próprio irmão”, e acrescenbtou :" a tortura é praticada em larga escala nas polícias militar e civil do País".
Mostrando profundo conhecimento no assunto, o advogado disse que, na sua época, o método mais utilizado era o pau de arara, nas suas palavras , “um instrumento cruel, devastador, que deixa seqüelas. Tem muita gente que não resiste meia hora e conta tudo. Às vezes, é só mostrar o instrumento e ‘ele” (a vítima)  abre”.
AS SETE VÍTIMAS VIVAS DE LUCENA
Cearense, João Lucena Leal estava lotado na Superintendência da Polícia Federal do Ceará quando era agente da repressão. Lá, entre suas incontáveis vítimas, o SBT localizou sete pessoas que dizem ter sido torturadas pelo advogado.
O hoje professor José Auri Pinheiro, professor na época, foi torturado barbaramente por dois dias. Ele reconheceu Lucena durante a entrevista a Roberto Cabrini, que lhe mostrou uma foto do advogado quando ainda era mais novo. “O Lucena é um torturador conhecido aqui no Ceará. Em 1973 fui torturado por ele, que é um sujetio explosivo, impulsivo e malvado, que só falava em matar, em destruir as pessoas”, contou Auri. Segundo ele, Lucena torturava as vítimas " com sadismo, com convicção".
O hoje arquiteto José Tarcísio Prata foi outro que também relatou sua experiência dolorosa nas mãos de João Lucena Leal. “É um torturador profissional, perverso”, disse.
VIU DEZ OU QUINZE EXECUÇÕES E A DELAÇÃO DE JOSÉ GENOÍNO
Lucena afirmou ter visto de dez a 15 execuções de guerrilheiros do PC do B no Araguaia, entre elas, a morte de uma jovem identificada por ele como “Sônia”, que foi assassinada pelo hoje major reformado do Exército Sebastião Curió.
No meio da entrevista, João Lucena disse que, no Araguaia, foi preso o então estudante José Genoíno, que viria a ser presidente do Partido dos Trabalhadores e atualmente é assessor do Ministério da Defesa. 
Segundo Lucena, Genoíno não foi torturado e fez um acordo para delatar os companheiros de guerrilha. O major Sebastião Curió confirma a afirmação de Lucena sobre o ex-dirigente petista. “O Genoíno não foi torturado e entregou todo mundo”.
A PRISÃO DE DILMA
Tanto Curió quanto Lucena participaram das investigações e prisão da hoje presidente Dilma Rousseff, então militante política. “Ela (Dilma) era uma menina de 17 ou 18 anos de idade que foi presa e levada para a Operação Bandeirantes e entregue ao delegado Fleury (Sérgio Paranhos Fleury, notório torturador”.

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