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Exército manda que general se cale e cancela palestra pró-64
O Comando do Exército abortou na última hora uma palestra com potencial explosivo do diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), general Augusto Heleno, com apologia ao Golpe de 1964. O tema da palestra seria “A Contrarrevolução que Salvou o Brasil”.
A apresentação do general estava confirmada até as 17 horas de quarta-feira, quando chegou a ordem do comandante do Exército, Enzo Peri, determinando o cancelamento do evento. A apresentação ocorreria no mesmo dia em que Heleno, liderança expressiva na caserna, foi para a reserva.Primeiro comandante brasileiro no Haiti, o general preferiu silenciar sobre o conteúdo da palestra e também sobre os motivos pelos quais o evento foi cancelado. Disse apenas que cumpriu ordem superior: “Recebi ordem. Sou militar, recebo ordem. Hierarquia e disciplina. Recebi a ordem ontem, no final da tarde. Tem uma frase famosa: nada a declarar”, afirmou Heleno.
O general se limitou a dizer que a abordagem seria exclusivamente "31 de março de 1964", mas não quis entrar em detalhes sobre o contexto histórico que seria levado aos colegas de farda. Nas redes sociais, militares se preparavam para o "desabafo de Heleno". Um oficial ouvido pelo jornal O Globo disse que o depoimento era aguardado com "grande expectativa".
Nesta semana, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, determinou aos comandantes das três Forças que não houvesse qualquer ato que exaltasse a data que deu início ao regime militar. Entretanto, como Heleno é general de quatro estrelas com grande destaque na tropa, coube ao comandante Enzo Peri a tarefa de impedir sua manifestação, às vésperas de sua aposentadoria.
Quanto às comemorações nos clubes militares, o ministério avalia que não tem como evitar ou tentar coibir manifestações de oficiais da reserva que estavam na ativa naquele período.
Da Redação, com informações do O Globo
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Aconteceu em 1º de abril
O prédio da UNE em chamas
1964 - Dia contra o golpe
Triunfa o golpe militar. Onda de prisões pelo país. Incêndio da sede da UNE no Rio destrói o acervo do CPC. Brizola tenta resistir no RS. Ferroviários do Rio e mineiros de SC fazem greve. A repressão atira contra passeata no Recife e mata os estudantes Ivan Aguiar e Jonas Barros.
Sexta-Feira, 01 de Abril de 2011
As visões descritivas dos grandes acontecimentos históricos tendem a reduzi-los a contingências – a Primeira Guerra, a um episódio menor – ou a idiossincrasias – a personalidade de Hitler. No caso do golpe no Brasil, a imprensa golpista da época se centrava nos supostos “abusos” do governo Jango, que teriam levado à intervenção dos militares para “salvar a democracia” – lugar comum nos editoriais da época.
O movimento que desembocou no golpe de 1964 na realidade vem de longe. Podemos remontá-lo ao começo da Guerra Fria, no fim da Segunda Guerra e no começo do segundo pós-guerra, quando os EUA reciclavam sua definição de inimigos do bloco derrotado na guerra, para a URSS. Não seria possível explicar a brutalidade das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, sem levar em conta a nova atitude norteamericana de mostrar para a URSS sua superioridade nuclear, que iria definir o começo do novo período. De capa da revista Times há poucos anos antes, como herói da luta pela democracia, Stalin se tornava a encarnação do mal que haveria que evitar: o “espectro do comunismo”.
Foi nesse momento que os EUA elaboraram a Doutrina da Segurança Nacional, que propunha que os Estados se transformassem em quarteis generais na luta contra a “subversão” e o “comunismo”. Todo tipo de conflito, de divergência, de expressão de descontentamento social seria classificado como “subversão” e deveria ser extirpado. A instalação de ditaduras militares, que blindassem os Estados, seria o objetivo ideal.
Da geração de militares brasileiros que foi à guerra da Itália, Humberto Castello Branco e Golbery do Couto e Silva, estreitaram ali laços com as tropas nortemamericanas e, na volta para o Brasil, fundaram a Escola Superior de Guerra, que passou a ser o lugar estratégico de formulação, difusão e formação de pessoal das FFAA baseado na Doutrina de Segurança Nacional.
Os anos 50 foram anos de ensaios de golpe, contra Getúlio e contra JK, depois na renúncia do Jânio. Enquanto isso o Brasil crescia, distribuía renda, afirmava uma política internacional própria. Os investimentos norteamericanos foram voltando com força – depois do longo interregno desde a crise de 1929-, até que, com a chegada da indústria automobilística, deslocaram para si o eixo da economia e condicionaram fortemente o consumo de luxo. Mas ao mesmo tempo o mercado interno se expandia na direção do consumo de bens de consumo popular nas grandes cidades e também no campo, onde se estendia o processo de sindicalização rural, pela primeira vez.
As duas dinâmicas se chocavam: a da democratização do consumo e a do consumo de luxo junto à exportação. A ditadura resolveu o conflito a favor desta última. Além da brutal repressão que desatou contra tudo o que significasse democracia, desde o começo o regime militar teve um caráter de classe muito definido: interveio em todos os sindicatos, perseguiu seus líderes e determinou um arrocho salarial, o que significou uma situação extraordinariamente favorável à superexploração dos trabalhadores e à acumulação favorável ao grande capital nacional e estrangeiro.
Ao contrário do que alguns pensavam, a ditadura não significou o retrocesso da expansão econômica e da industrialização no Brasil. O fim da democracia e a imposição da ditadura foram funcionais ao capitalismo. Brecaram as demandas populares mediante o arrocho, bloquearam as demandas salariais pela intervenção e repressão aos movimentos populares, enquanto abria a economia ao capital estrangeiro, liberava o envio de royalties ao exterior e favorecia de todas as maneiras a concentração em favor das grandes empresas nacionais e estrangeiras.
O chamado “milagre” tinha um santo: a ditadura, a repressão, os golpes ao movimento popular e à democracia. Foi uma ditadura articulada com os planos da guerra fria dos EUA e com o modelo de acumulação do grande capital – que se desenvolveu em base à concentração no consumo de luxo, na superexploração dos trabalhadores e na exportação. Avançou o Brasil desigual, injusto, de concentração de renda, de exclusão social, de prepotência, de terror, de poder do capital, dos latifundiários, dos donos da mídia privada. O Brasil que recentemente começamos a superar, daí a oposição dos herdeiros da ditadura.
Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo.
As razões do golpe de 64
Por Emir SaderAs visões descritivas dos grandes acontecimentos históricos tendem a reduzi-los a contingências – a Primeira Guerra, a um episódio menor – ou a idiossincrasias – a personalidade de Hitler. No caso do golpe no Brasil, a imprensa golpista da época se centrava nos supostos “abusos” do governo Jango, que teriam levado à intervenção dos militares para “salvar a democracia” – lugar comum nos editoriais da época.
O movimento que desembocou no golpe de 1964 na realidade vem de longe. Podemos remontá-lo ao começo da Guerra Fria, no fim da Segunda Guerra e no começo do segundo pós-guerra, quando os EUA reciclavam sua definição de inimigos do bloco derrotado na guerra, para a URSS. Não seria possível explicar a brutalidade das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, sem levar em conta a nova atitude norteamericana de mostrar para a URSS sua superioridade nuclear, que iria definir o começo do novo período. De capa da revista Times há poucos anos antes, como herói da luta pela democracia, Stalin se tornava a encarnação do mal que haveria que evitar: o “espectro do comunismo”.
Foi nesse momento que os EUA elaboraram a Doutrina da Segurança Nacional, que propunha que os Estados se transformassem em quarteis generais na luta contra a “subversão” e o “comunismo”. Todo tipo de conflito, de divergência, de expressão de descontentamento social seria classificado como “subversão” e deveria ser extirpado. A instalação de ditaduras militares, que blindassem os Estados, seria o objetivo ideal.
Da geração de militares brasileiros que foi à guerra da Itália, Humberto Castello Branco e Golbery do Couto e Silva, estreitaram ali laços com as tropas nortemamericanas e, na volta para o Brasil, fundaram a Escola Superior de Guerra, que passou a ser o lugar estratégico de formulação, difusão e formação de pessoal das FFAA baseado na Doutrina de Segurança Nacional.
Os anos 50 foram anos de ensaios de golpe, contra Getúlio e contra JK, depois na renúncia do Jânio. Enquanto isso o Brasil crescia, distribuía renda, afirmava uma política internacional própria. Os investimentos norteamericanos foram voltando com força – depois do longo interregno desde a crise de 1929-, até que, com a chegada da indústria automobilística, deslocaram para si o eixo da economia e condicionaram fortemente o consumo de luxo. Mas ao mesmo tempo o mercado interno se expandia na direção do consumo de bens de consumo popular nas grandes cidades e também no campo, onde se estendia o processo de sindicalização rural, pela primeira vez.
As duas dinâmicas se chocavam: a da democratização do consumo e a do consumo de luxo junto à exportação. A ditadura resolveu o conflito a favor desta última. Além da brutal repressão que desatou contra tudo o que significasse democracia, desde o começo o regime militar teve um caráter de classe muito definido: interveio em todos os sindicatos, perseguiu seus líderes e determinou um arrocho salarial, o que significou uma situação extraordinariamente favorável à superexploração dos trabalhadores e à acumulação favorável ao grande capital nacional e estrangeiro.
Ao contrário do que alguns pensavam, a ditadura não significou o retrocesso da expansão econômica e da industrialização no Brasil. O fim da democracia e a imposição da ditadura foram funcionais ao capitalismo. Brecaram as demandas populares mediante o arrocho, bloquearam as demandas salariais pela intervenção e repressão aos movimentos populares, enquanto abria a economia ao capital estrangeiro, liberava o envio de royalties ao exterior e favorecia de todas as maneiras a concentração em favor das grandes empresas nacionais e estrangeiras.
O chamado “milagre” tinha um santo: a ditadura, a repressão, os golpes ao movimento popular e à democracia. Foi uma ditadura articulada com os planos da guerra fria dos EUA e com o modelo de acumulação do grande capital – que se desenvolveu em base à concentração no consumo de luxo, na superexploração dos trabalhadores e na exportação. Avançou o Brasil desigual, injusto, de concentração de renda, de exclusão social, de prepotência, de terror, de poder do capital, dos latifundiários, dos donos da mídia privada. O Brasil que recentemente começamos a superar, daí a oposição dos herdeiros da ditadura.
Emir Sader, sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo.
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São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2011
Documentos da ditadura são expostos no Arquivo Nacional
RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO
Envolvido em recente polêmica sobre a dificuldade de acesso a dados do período da ditadura militar, o Arquivo Nacional inaugura hoje, no Rio, a exposição "Registros de uma Guerra Surda", com 220 documentos da época.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, participará da cerimônia de inauguração, às 19h. A partir de segunda-feira, a exposição estará aberta ao público.
Entre os principais destaques da mostra estão os originais do Ato Institucional nº 5 e da ata da reunião do conselho de ministros que discutiu sua edição. Ambos serão expostos pela primeira vez.
A exposição traz também pareceres da censura contra composições de artistas.
A exposição é fruto do projeto "Memórias Reveladas", patrocinado por estatais como o Banco do Brasil, que reuniu um acervo de 16,8 milhões de páginas de arquivos estaduais e federais.
No fim do ano passado, o historiador Carlos Fico deixou a comissão de altos estudos do projeto por causa das dificuldades para acessar documentos que poderiam ferir a intimidade das pessoas por eles retratadas.
Para o diretor-geral do Arquivo Nacional, Jaime Antunes, a exposição demonstra a vontade da instituição de tornar públicos os arquivos.
Deve servir, ainda, de combustível para que o projeto de uma nova Lei Geral de Acesso à Informação, hoje parado no Senado, avance.
"Há que se buscar uma alternativa para tornar isso [o acesso aos arquivos] universal, embora a Constituição diga que são invioláveis a intimidade, a honra e a imagem das pessoas", disse.
Para o diretor do Arquivo Nacional, a lei serviria como instrumento de "transparência pública".
ARAGUAIADocumentos da ditadura são expostos no Arquivo Nacional
RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO
Envolvido em recente polêmica sobre a dificuldade de acesso a dados do período da ditadura militar, o Arquivo Nacional inaugura hoje, no Rio, a exposição "Registros de uma Guerra Surda", com 220 documentos da época.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, participará da cerimônia de inauguração, às 19h. A partir de segunda-feira, a exposição estará aberta ao público.
Entre os principais destaques da mostra estão os originais do Ato Institucional nº 5 e da ata da reunião do conselho de ministros que discutiu sua edição. Ambos serão expostos pela primeira vez.
A exposição traz também pareceres da censura contra composições de artistas.
A exposição é fruto do projeto "Memórias Reveladas", patrocinado por estatais como o Banco do Brasil, que reuniu um acervo de 16,8 milhões de páginas de arquivos estaduais e federais.
No fim do ano passado, o historiador Carlos Fico deixou a comissão de altos estudos do projeto por causa das dificuldades para acessar documentos que poderiam ferir a intimidade das pessoas por eles retratadas.
Para o diretor-geral do Arquivo Nacional, Jaime Antunes, a exposição demonstra a vontade da instituição de tornar públicos os arquivos.
Deve servir, ainda, de combustível para que o projeto de uma nova Lei Geral de Acesso à Informação, hoje parado no Senado, avance.
"Há que se buscar uma alternativa para tornar isso [o acesso aos arquivos] universal, embora a Constituição diga que são invioláveis a intimidade, a honra e a imagem das pessoas", disse.
Para o diretor do Arquivo Nacional, a lei serviria como instrumento de "transparência pública".
Acusado de porte ilegal de armas, Major Curió é solto em Brasília
DE BRASÍLIA - O oficial da reserva Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido como major Curió, foi solto na madrugada de anteontem após ser detido por porte ilegal de arma.
Curió foi um dos líderes da repressão à Guerrilha do Araguaia (1972-1975), um dos casos mais emblemáticos da ditadura militar.
O major foi preso na terça-feira durante operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
Segundo a procuradora Luciana Loureiro, a operação foi uma "tentativa de localizar documentos que possam revelar o paradeiro de corpos de militantes políticos que participaram da guerrilha".
Na busca, a polícia encontrou armas sem registro. Curió conseguiu um habeas corpus horas depois de ser detido.
O processo tramita na 8ª vara criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. A assessoria do tribunal não informou o motivo da soltura.
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http://www.viomundo.com.br/ politica/ex-agentes-da- operacao-condor-condenados-na- argentina.html
BUENOS AIRES – O tribunal federal da Argentina condenou na quinta-feira um ex-general do Exército à prisão perpétua e outros três ex-agentes do Estado a até 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade cometidos em um centro de tortura durante a ditadura militar da Argentina. O ex-general Eduardo Cabanillas foi condenado por prisão ilegal, tortura e homicídio de 65 pessoas presas no Automotores Orletti, uma loja de carros usada como centro de tortura da Operação Condor, uma ação implementada pelas ditaduras na América do Sul para eliminar dissidentes que procuravam refúgio em países vizinhos. Os crimes ocorreram em 1976.
Promotores afirmaram que cerca de 300 passaram pela Automotores Orletti, incluindo uruguaios, chilenos, bolivianos e cubanos, que na maioria foram mortos ou estão desaparecidos.
A corte ainda sentenciou o ex-agente de inteligência Raul Guglielminetti a 20 anos de prisão e o ex-espiões Honorio Martinez Ruiz e Eduardo Ruffo a 25 anos de detenção, cada. Um quinto suspeito no caso, o coronel Ruben Visuara, morreu em fevereiro passado.
– Estamos vivendo um dia glorioso e histórico, que nós “mães” não acreditávamos que iríamos ver chegar. Isto é justiça — disse Tai Almeida, membro das “Mães da Praça de Maio”, um grupo argentino de direitos humanos.
Sobreviventes do centro de tortura relataram que prisioneiros amarrados e vendados recebiam choques elétricos, além de serem içados de cabeça para baixo e mergulhados na água, no que ficou conhecido como “o submarino”. O barulho dos motores dos carros na loja abafava os gritos das vítimas sob tortura.
Entre as vítimas do centro estão Marcelo Gelman, filho do poeta argentino Juan Gelman. Seu corpo foi encontrado em um cilindro de cimento num rio. Sua mulher, que estava grávida, também foi capturada e ainda está desaparecida. Ela deu a luz no cativeiro e Juan Gelman localizou sua neta em Macareba, no Uruguai, em 2000.
O julgamento reflete um esforço do governo da Argentina para resolver crimes cometidos durante a ditadura de 1976-1983. Cerca de 3 mil dissidentes políticos desapareceram durante o regime, de acordo com dados oficiais. Segundo grupos de direitos humanos, os números chegam a 30 mil.
1 de abril de 2011
Ex-agentes da Operação Condor são condenados na Argentina
De O GloboBUENOS AIRES – O tribunal federal da Argentina condenou na quinta-feira um ex-general do Exército à prisão perpétua e outros três ex-agentes do Estado a até 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade cometidos em um centro de tortura durante a ditadura militar da Argentina. O ex-general Eduardo Cabanillas foi condenado por prisão ilegal, tortura e homicídio de 65 pessoas presas no Automotores Orletti, uma loja de carros usada como centro de tortura da Operação Condor, uma ação implementada pelas ditaduras na América do Sul para eliminar dissidentes que procuravam refúgio em países vizinhos. Os crimes ocorreram em 1976.
Promotores afirmaram que cerca de 300 passaram pela Automotores Orletti, incluindo uruguaios, chilenos, bolivianos e cubanos, que na maioria foram mortos ou estão desaparecidos.
A corte ainda sentenciou o ex-agente de inteligência Raul Guglielminetti a 20 anos de prisão e o ex-espiões Honorio Martinez Ruiz e Eduardo Ruffo a 25 anos de detenção, cada. Um quinto suspeito no caso, o coronel Ruben Visuara, morreu em fevereiro passado.
– Estamos vivendo um dia glorioso e histórico, que nós “mães” não acreditávamos que iríamos ver chegar. Isto é justiça — disse Tai Almeida, membro das “Mães da Praça de Maio”, um grupo argentino de direitos humanos.
Sobreviventes do centro de tortura relataram que prisioneiros amarrados e vendados recebiam choques elétricos, além de serem içados de cabeça para baixo e mergulhados na água, no que ficou conhecido como “o submarino”. O barulho dos motores dos carros na loja abafava os gritos das vítimas sob tortura.
Entre as vítimas do centro estão Marcelo Gelman, filho do poeta argentino Juan Gelman. Seu corpo foi encontrado em um cilindro de cimento num rio. Sua mulher, que estava grávida, também foi capturada e ainda está desaparecida. Ela deu a luz no cativeiro e Juan Gelman localizou sua neta em Macareba, no Uruguai, em 2000.
O julgamento reflete um esforço do governo da Argentina para resolver crimes cometidos durante a ditadura de 1976-1983. Cerca de 3 mil dissidentes políticos desapareceram durante o regime, de acordo com dados oficiais. Segundo grupos de direitos humanos, os números chegam a 30 mil.
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