Retirado de: http://www.advivo.com.br/ luisnassif
A volta do "mensalão"
Enviado por luisnassif, sab, 02/04/2011 - 17:20
Época traz de volta o caso «mensalão» (clique aqui).
É matéria jornalisticamente mais sólida que as da Veja. Peca por generalizações e manipulação de ênfases.
O esquema Marcos Valério surgiu em Minas, serviu inicialmente ao PSDB, depois espraiou-se democraticamente por outros partidos até fechar o acordo com Delúbio Soares. Era um esquema que mesclava trabalho de agência de publicidade e financiamento de campanha.
Faz parte das manchas trazidas pelos esquemas de financiamento de campanha.
A revista pega os pagamentos das agências de Valério e seleciona aqueles para pessoas que ela quer fuzilar. Se procurar a fundo, irá encontrar pagamentos para a Época, Veja, Folha, Estado, simplesmente porque era a agência da Visanet e do Banco do Brasil, além da Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazonia Celular.
Colocar na lista Paulo Betti e Lanzetta faz parte do estilo que o repórter levou de Veja para a Época. Pena que essa irresponsabilidade se faça em uma revista normalmente mais criteriosa.
Coloca lateralmente na matéria políticos do PSDB apoiados por Valério. O esquema é suprapartidário. Mas a ênfase é no “mensalão”.
O “mensalão”
Há enorme dose de confusão na discussão sobre se existiu ou não o “mensalão”. Não se discute que existiram pagamentos, ressarcimento de campanha ou o que seja a políticos de vários partidos da base do governo – além de partidos da oposição, na sua derivada mineira. É evidente que houve pagamentos. O que caracterizaria o “mensalão” seria a existência ou não de pagamentos continuados. Aparentemente, o inquérito da PF não conseguiu comprovar a existência de pagamentos continuados.Pelo menos não existe a menor indicação na matéria.
O esquema aparentemente foi similar ao de Minas: ressarcimento de gastos de campanha. Não sei se melhora ou piora o quadro, mas este é o fato. E destinava-se obviamente a comprar o apoio dos beneficiados.
Marcos Valério cobria gastos de campanha de Azeredo, Brandt, Pimentel e Lula. Não há nada que desminta Freud Godoy, de que recebeu pagamento por serviços de segurança prestados a Lula na campanha. Era essa a função dele; e a de Valério era ajudar a financiar campanhas de quem quer que fosse.
A matéria não chega a livrar a cara de Daniel Dantas, o principal financiador do “valerioduto”. Mostra que foram assinados contratos fictícios visando repassar recursos para as agências de Marcos Valério. Mas o coloca como “vítima” do novo governo que assumia.
Certamente as revelações sobre Dantas jamais sairiam na Veja, depois de firmado o acordo entre eles.
Lembro que foi o fato de apontar Dantas como financiador do valerioduto que provocou os ataques do colunista da Veja ao Franklin Martins, no Globo, e a mim, na Folha e a reação de ambos os jornais, rifando seus colunistas.
Ainda não tenho uma opinião conclusiva sobre o que levou os jornais a esse mergulho no apoio a Dantas. No caso da Veja, inicialmente páginas de publicidade; depois, talvez o processo de capitalização da Abril. No da Folha – que se meteu até o pescoço no jogo – talvez a parceria com uma grande tele, já sabendo que as teles seriam as futuras grandes adversárias.
Serra e Dantas
Mas o mais provável é que, já naqueles tempos, tenha sido plantado o esquema Serra.
Não dá para dissociar Serra de Daniel Dantas.
No início da Satiagraha, Fernando Henrique Cardoso foi incisivo: o que está em jogo é a tomada do Estado. Sabia das enormes vinculações de Dantas com diversos políticos e da rede de interesses subterrâneos que domina o submundo da política.
Com exceção de ACM, nenhum político foi mais próximo de Dantas do que José Serra, através de sua filha Verônica.
No boom da Internet, mesmo sendo nova, inexperiente e pouco profunda, Verônica conseguiu participar das maiores tacadas do mercado.
A primeira, o caso Patagon. O próprio dono do Santander pagou aos controladores da Patagon dez vezes mais do que eles pensavam apresentar como proposta. Um dos sócios, com 10% da empresa, pensava em pedir US$ 7 milhões por sua parte. Antes de abrir a boca, o Santander ofereceu US$ 70 milhões. A representante da Patagon no Brasil – e dona de parte das ações – era Verônica Serra.
Não tem lógica pagar dez vezes mais. Não adianta dizer que o momento favorecia o estouro dos preços: pagou dez vezes mais do que os donos estavam dispostos a pedir. Não pode ter sido só o interesse pelo portal.
Na época, após a aquisição do Banespa, o Santander estava desesperado para manter as contas dos funcionários públicos de São Paulo e municípios – que, por lei, só poderiam ter contas em bancos públicos. Conseguiu. Não sei se Serra participou diretamente das tratativas, não sei qual foi a barganha. Mas o banco conseguiu preservar as contas. Essa ligação entre os dois episódios por enquanto é mera ilação.
A segunda tacada foi o tal portal em Miami, sociedade de Verônica Serra e Verônica Dantas, que conseguiu acesso a contas correntes de brasileiros, fichas cadastrais de empresas exportadoras e importadoras, conforme denúncia do Lenadro Fortes na Carta Capital. Não fosse o fim da bolha da Internet, um projeto daquele valeria seguramente mais de US$ 100 milhões.
A exposição de Dantas bateria diretamente em Serra, inviabilizando sua candidatura. Não foi por outro motivo que o mesmo esquema que apoiou Dantas com unhas e dentes foi o da linha de frente de apoio ao Serra.
As denúncias consistentes
Da extensa lista de denúncias contra Marcos Valério, no seu período PT, algumas eram fantasiosas, outras tinham consistência:
A tentativa de levantar a liquidação de um banco do nordeste. Essa informação circulou na época, divulgada em off pelo próprio presidente do BC, Henrique Meirelles.
A demora do INSS em conceder autorização para mais bancos explorarem o crédito consignado para aposentados. Foram meses preciosos, em que o BMG deitou e rolou.
Retirado de: http://www.conversaafiada.com. br/
PF: Dantas é a grana do valerioduto. Época não consegue esconder
- Publicado em 02/04/2011
Saiu na revista Época:
A pedido do ministro Joaquim Barbosa, a PF desvendou um dos mistérios mais estranhos do governo Lula: a relação do banqueiro Daniel Dantas com o PT. Antes de chegar ao poder, os líderes do partido sempre combateram a gestão de Dantas à frente do grupo que coordenava os investimentos dos principais fundos de pensão do país. Quando Lula assumiu, Dantas estava envolvido numa briga aberta para manter o controle desses investimentos, sobretudo da Brasil Telecom, um gigante do mercado de telefonia. O PT passou, então, a emitir sinais conflitantes sobre que lado assumiria nessa disputa. Alguns integrantes do governo articulavam para derrubá-lo, enquanto outros hesitavam em tomar lado. Em depoimento à PF, Dantas disse que, em meio a esse cenário ambíguo, foi convocado pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu, para uma reunião no Palácio do Planalto.
Segundo Dantas, o encontro deu-se no dia 4 de maio de 2003. Na reunião, Dirceu teria dado sinal de uma oportunidade de conciliação com Dantas e encarregado o então presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, de manter diálogo com o banqueiro. Onze dias depois, Carlos Rodemburg, sócio de Dantas, encontrou-se com Marcos Valério e Delúbio Soares no hotel Blue Tree, em Brasília, na suíte do tesoureiro do PT. De acordo com o depoimento do sócio de Dantas, Delúbio disse que o partido estava com um “deficit” de US$ 50 milhões – e pediu dinheiro. Não foi dito abertamente, mas o subtexto era evidente: se Dantas pagasse, teria ajuda do governo para se manter à frente de seus negócios.
À PF, Dantas disse que se negou a pagar. Procurado por ÉPOCA, Dantas confirmou, por meio de sua assessoria, o que afirmara em seu depoimento – inclusive o pedido de “ajuda” de Delúbio. E deu suas razões para não ter aceitado a oferta: “O Opportunity (banco comandado por Dantas) era gestor do fundo de investimentos que abrigava recursos do Citigroup. O banco americano foi consultado. A decisão do Citigroup foi informar que não tinha como ajudar”. Também afirmou que, depois de Rodemburg informar Delúbio da negativa, passou a ser perseguido pelo governo.
Dois anos depois, não se sabe por que, a Brasil Telecom, empresa ainda controlada por uma subordinada de Dantas, celebrou dois contratos com a agência DNA, de Marcos Valério, cada um deles no valor de R$ 25 milhões. Os depoimentos dos funcionários da Brasil Telecom à PF revelam que os contratos foram fechados em poucos dias, sem que ninguém da área de marketing soubesse dos motivos das pressa, nem sequer que serviços seriam prestados. Semanas depois, sobreveio o escândalo do mensalão. Apenas R$ 3,6 milhões foram efetivamente repassados às contas de Marcos Valério. Ao rastrear o dinheiro, a PF verificou que os recursos chegaram a doleiros paulistas – e ainda não descobriu a identidade dos beneficiários finais. Para os investigadores, os destinatários foram indicados pela turma do PT e do publicitário Marcos Valério. Na resposta que enviou por meio de sua assessoria, Dantas omitiu a existência desses contratos. Afirma o relatório: “Os contratos (…) foram celebrados apenas com o objetivo de conferir a fachada de legalidade necessária para a distribuição de recursos, na forma de doações clandestinas ou mesmo suborno, negociados ao longo de dois anos entre os representantes dos grupo Opportunity e do Partido dos Trabalhadores, sempre com a indelével intermediação do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza”.
A revista Época fez o que pôde para poupar o Daniel Dantas, aquele passador de bola apanhado no ato de passar bola.
Convém não esquecer que Diego Escosteguy, autor da reportagem. vem da revista VEJA, aquele detrito de maré baixa.
Escosteguy é da geração que presidiu a Veja, quando publicava reportagens a quatro mãos – duas delas, do Dantas – para dizer que o presidente Lula e o ínclito delegado Paulo Lacerda tinham conta secreta em paraíso fiscal.
(As outras duas eram de Marcio Aith, que foi assessor de imprensa do Padim Pade Cerra na campanha de 2010.)
Escosteguy saiu desse ninho.
A Época e Escosteguy pintam e bordam, têm gráficos, tabelas, setas, integrais e derivadas para desviar o foco.
Mas, o relatório da Polícia Federal tem foco e enfiou o dedo no câncer.
Dantas é o mentor (com caixa baixa, amigo revisor. Com caixa alta é outro, de que se tratará a seguir).
Dantas é o financiador.
Dantas é o pai do mensalão.
Primeiro, vamos esclarecer que a reportagem da Época comprova o que Mino Carta sempre disse.
Mensalão, não.
Mesada mensal, não.
O crime é outro: caixa dois de campanha, cobertura ilegal de déficit de campanha – chame como quiser.
Mas, não é mensalão.
O “mensalão” do Dantas começa com Eduardo Azeredo, governador de Minas.
Dantas “comprou” a Cemig – quando Azeredo era Governador – e inventou o Marcos Valério.
(Depois, o Itamar Franco recomprou a Cemig e botou o Dantas e a Elena Landau para correr. Hoje, o Itamar prefere não tocar no assunto – pelo menos com esse ansioso blogueiro.)
Em julho de 1998, foi a privatização do Fernando Henrique.
Aquela sopa no mel.
Foi quando houve o “momento Péricles de Atenas” do Governo Cerra-FHC: “se isso der m… estamos todos no mesmo barco”.
A partir daí, começa a jorrar dinheiro da Telemig Celular (do Dantas) no duto do Marcos Valério.
E o dinheiro do Dantas no valerioduto – através de contas fajutas de publicidade – cresce exponencialmente.
Jorra dinheiro da Telemig e da Brasil Telecom, que o FHC deu de presente ao “brilhante”.
E é daí que sai a grana para o PT.
O PT quebrou na campanha de 2002.
E Dantas queria voltar a mandar na Previ, na Petros e na Funcef – que o Farol de Alexandria e o ACM tinham dado a ele numa bandeja.
A matéria do Escosteguy e da Época não toca em Telemig.
(Pelo menos na versão online.)
A matéria do Escosteguy e da Época tem foto de todo mundo, mas não tem foto do Dantas.
A matéria do Escosteguy e da Época concede ao Dantas – e só a ele – o “direito de resposta”.
É quando Dantas conta aquela história de sempre: foi “perseguido”, “extorquido”, coitadinho.
Naquele jantar no Tramvia, em Santa Cecília, em São Paulo, exibido no jornal nacional, quando ele suborna um agente da Polícia Federal, também ali se percebe que os enviados de foram extorquidos, eram perseguidos.
(E foi tal cena edificante que o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (*) ignorou, ao dar o segundo HC Canguru ao Dantas – no prazo record de 48 horas ! Viva o Brasil !)
Mas, como se percebe, o relatório da Policia Federal deve ser uma coisa, a matéria do Escosteguy e da Época, outra.
O Escosteguy e a Época tentam incriminar o presidente Lula.
Não conseguem chegar lá.
Isso, porém, não significa que o PT não tenha sido soterrado pela grana do Dantas.
Delubio, José Dirceu, José Mentor (aquele que enterrou a CPI do Banestado – êpa ! – e agora, ao lado do Senador Delcídio Amaral, tem um projeto para “deslavar” dinheiro de quem lavou com o Dantas).
O PT tá lá.
Com a mão no valerioduto.
Entalado.
Especialmente o PT de São Paulo.
Então, como diz este ansioso Conversa Afiada, o PT tem que se acertar com o Daniel Dantas – especialmente na hora de readmitir o Delúbio.
Outra consideração a fazer sobre o texto do Escosteguy e da Época: não foi o Zé Eduardo Cardozo quem fez essa investigação.
Logo ele, o Zé, que trabalhou para Dantas – até entre os amiguinhos o Berlusconi.
Não vai ser agora que o Zé vai posar para a história como o papagaio de pirata do encarceramento do Dantas.
Não daria tempo.
Isso é trabalho que vem de antes.
Vem da Operação Satiagrajha e de seus desdobramentos exigidos pelo corajoso Juiz Fausto De Sanctis (hoje devidamente promovido a julgar litígio de velhinho com o INSS – Viva o Brasil !).
Terá sido por isso que o presidente Lula disse no encontro histórico com blogueiros sujos que ia concluir no Governo dele a investigação sobre Dantas ?
Escosteguy e a Época integram o minueto do PiG (**) para esconder o Dantas debaixo do tapete.
Não adianta.
Dantas tem um encontro marcado com o Ministro Joaquim Barbosa.
E aí, como diria o Joe Louis, ele pode correr, mas não pode se esconder.
Este ansioso blogueiro convida o amigo navegante a ler o que escreveu em 11 de setembro de 2008, neste ansioso blog:
11 de setembro de 2008
por Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 1436
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
“O sol é o melhor desinfetante.” (Autor anônimo)
. Por que Daniel Dantas não foi indiciado entre os 40 ladrões do mensalão ?
. Aquele processo no Supremo Tribunal Federal, em que o relator Ministro Joaquim Barbosa fez um trabalho de que todos os brasileiros se orgulharam.
. Mas, Dantas, aquele que botava grana no valerioduto, Dantas escapou.
. Escapou ?, caro leitor.
. Se é o que ele pensa, pode começar a ficar preocupado.
. Ou insistir para que o Sistema Dantas de Comunicação, onde se distingue um lobbista que edita a “publicação” de nome Conjur, continue a “desestruturar” o Ministro Barbosa.
. Um passarinho pousou aqui na janela e me contou o seguinte.
. Há várias ações derivadas dos crimes do mensalão.
. A denúncia da primeira ação chegou ao Supremo e ao Relator ANTES da conclusão dos trabalhos da CPI do mensalão.
. O Procurador Geral da República propôs a ação ANTES do fim da CPI.
. A CPI, como se sabe, tentou até os 45 minutos do segundo tempo poupar Dantas.
. Sob a proteção da bancada liderada pelo senador Heráclito Fortes e com a mão de gato do Presidente da CPI, senador do PT Delcídio Amaral, e do relator do PMDB, Osmar Serraglio, quase que Dantas consegue ficar de fora do relatório final.
. Agora, vem aí outra ação.
. Quem está nela, ao lado de Dantas, é o Ministro José Dirceu.
. Trata-se da ação de número 2474.
. Dantas, esse é o teu número: 2474.
. A denúncia se prepara na Procuradoria Geral da República e, quando chegar ao Supremo, será entregue ao ministro Joaquim Barbosa para que a relate.
. Barbosa relatará TODAS as ações que derivarem do mensalão.
. Dantas, você gosta de Boxe ?
. Você já leu a Joyce Carol Oates ?
. Manda comprar na Amazon (clique aqui) e leva para ler no PF Hilton, quando você voltar para lá.
. Dantas, tinha um lutador muito esperto, muito rápido, muito ágil, o Billy Conn, que ia enfrentar o Joe Louis. Na véspera da luta, Conn disse que ia “bater e correr” – “hit and run”. Joe não se perturbou e respondeu: você pode correr, mas não pode se esconder (“you can run, but you can’t hide”).
. Dantas, você pode correr e se esconder sob as asas do Supremo Presidente, nas brechas da CPI dos teus amigos no Congresso, na vala comum da Veja e da IstoÉ, contratar a proteção da Folha (da Tarde *) e do PiG, mas, não adianta: você não pode se esconder.
. Dantas, você tem um encontro marcado com o Ministro Joaquim Barbosa.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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