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quarta-feira, 27 de abril de 2011
Alckmin "matou" as aulas de inglês
São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 2011
Alckmin "matou" as aulas de inglês
ELIO GASPARI
O REPÓRTER FÁBIO Takahashi revelou que os estudantes da rede pública de São Paulo estão sem acesso às bolsas que lhes permitiam cursar na rede privada aulas extras de idiomas estrangeiros, sobretudo de inglês. No ano passado, esse programa beneficiou 80,8 mil estudantes.
Com isso, o governador Geraldo Alckmin conquistou um título. Foi o único governante que suspendeu um programa de estímulo ao aprendizado de idiomas estrangeiros.
É provável que coisa parecida ocorra nas áreas do Afeganistão dominadas pelo Taliban, mas nem o mulá Omar conseguiu prejudicar tanta gente.
Os educatecas de Alckmin justificam a iniciativa informando que o programa será substituído em pouco tempo por outro, maior e melhor. Tudo bem, mas não dizem quanto tempo (e lá se foram quase dois meses do ano letivo), muito menos como será o programa.
Uma coisa é certa, os educatecas recebem seus salários em dia, mas desde março a garotada paulista está sem acesso ao programa extracurricular que lhes reforça o aprendizado de idiomas.
A revelação adquire uma dimensão especial quando se sabe que há pouco o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgou uma encíclica intitulada "O papel da oposição", pedindo que seu partido (e de Alckmin) se volte para as demandas de milhões de brasileiros que melhoraram de vida.
Aprender inglês, ou outro idioma, é uma das prioridades de milhões de jovens nascidos num país diferente daquele em que o governador paulista se formou como médico e chegou a candidato a presidente da República em 2006.
Derrotado, foi para um curso em Harvard e contou: "Eu e a Lu estamos aprendendo computador, internet, falar inglês".
Na China, há 100 milhões de pessoas aprendendo inglês. Não é preciso ir tão longe: a Prefeitura do Rio de Janeiro ampliou o ensino do idioma na rede municipal e no ano passado beneficiou 180 mil crianças. Neste ano serão 240 mil.
A ideia de que se pode simplesmente suspender um programa que atendera 80,8 mil jovens da rede pública é produto da demofobia. Coisa de quem não se preocupa com as consequências de seus atos quando eles atingem o andar de baixo.
Nem todo tucano é demófobo, nem todo demófobo é tucano, mas se o PSDB não se livrar do véu que lhe embaça a visão do andar de baixo, caminhará na estrada que levou o DEM-PFL-PDS-Arena à inanição.
Às vezes a demofobia se manifesta agressivamente, como ocorreu em junho de 2006, na administração Claudio Lembo, do PFL, quando o governo paulista suspendeu o desconto decimal para os passageiros do metrô.
Em outros casos, ela deixa de fazer o que pode ser feito e as consequências só são percebidas quando os outros tomam a iniciativa. Dois êxitos de políticas petistas de alcance social, a criação do ProUni e do crédito consignado, poderiam ter acontecido durante o tucanato.
O que fazer com os educatecas paulistas? Em novembro passado, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, entregou a rede escolar da cidade a Cathie Black, presidente da empresa de comunicações Hearst. Ela fez poucas e boas, chegando a dizer que a superlotação das escolas poderia ser resolvida por meio do controle da natalidade. Há duas semanas, Bloomberg mandou-a embora.
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