sexta-feira, 1 de abril de 2011

China aumenta taxação de terras raras

http://www.bizaims.com/files/World%20Production%20of%20Rare%20Earth%20Metals.JPG

São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2011


China aumenta taxação de terras raras

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

Matérias-primas para a produção de televisores, smartphones, lâmpadas fluorescentes, carros híbridos e mísseis, entre outros produtos de tecnologia avançada, devem ficar mais caras.
A China eleva, hoje, impostos sobre terras raras, um grupo de 15 elementos químicos metálicos usados na fabricação desses produtos. A taxa vai de 30 yuans (R$ 7,48) a 60 yuans (R$ 14,96) por tonelada -o valor máximo até então era de 3 yuans.
Apesar de não serem elementos raros, como o nome sugere, a oferta de terras raras está concentrada na China, com 97% da produção mundial. Dificuldades na extração dos minerais que contêm terras raras -e tornam o processo caro- resultaram nessa concentração.
"Como nas últimas décadas foi fácil comprar da China, os países consumidores interromperam a produção e ficaram nas mãos dos chineses", diz Marcelo Tunes, diretor do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).
Com a medida, o governo chinês busca controlar ainda mais as terras raras, depois de, nos últimos quatro anos, ter reduzido gradativamente as cotas de exportações.
A justificativa da China para colocar o pé no freio é o impacto ambiental da exploração, já que o país precisa reduzir suas emissões. O objetivo seria acabar com atividades clandestinas.
"Os dirigentes decidiram estimular a profissionalização", afirma Romualdo Paes de Andrade, geólogo especialista em recursos minerais do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).
Já Tunes afirma que a medida é uma "jogada de natureza comercial e estratégica". "Aumentar imposto significa aumentar preço", diz.
Outra hipótese é a estratégia chinesa de reduzir as exportações de insumos para aumentar a produção de bens com valor agregado.
A limitação na oferta de terras raras impacta diretamente a rotina de empresas de diversos setores, da tecnologia da informação à indústria petroquímica.
Segundo Paulo Chaves, gerente de logística da Fábrica Carioca de Catalisadores -metade é da Petrobras-, que demanda terras raras para produzir elementos usados no refino de petróleo, o preço dessa matéria-prima passou de US$ 5 (R$ 8,18) para US$ 90 (R$ 147,17) por quilo em seis meses.

REAÇÃO A alta dependência da China provoca movimentação de países que possuem terras raras, mas que não têm atividade de exploração.
É o caso dos EUA, que decidiram reativar a mina de Mountain Pass, na Califórnia, e do Canadá, da Austrália e de países da África.
"Existem mais de 30 novos projetos sendo tocados", afirma Ronaldo Santos, do Cetem (Centro de Tecnologia Mineral), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
O Brasil, que há cinco anos interrompeu a produção de monazita (mineral com 60% de terras raras), também discute o tema.
O governo criou um grupo de trabalho interministerial para debater como aproveitar as reservas e definir prioridades para incentivos governamentais.

As terras raras vendidas atualmente pelo Brasil são fruto de estoque acumulado pela estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil).

Nenhum comentário:

Postar um comentário