Esta foto não é do "brilhante" Agnelli sorrindo
FOI-SE O HERÓI PRÓ-CÍCLICO QUE QUASE QUEBROU A VALE
Um dos heróis pró-cíclicos dos mercados e da mídia conservadora, expoente da galeria dos 'brilhantes executivos' que dão certo quando tudo dá certo, ou seja, quando os mercados de sua atuação estão na fase de alta do ciclo, Roger Agnelli era tido como intocável na presidencia da Vale, a maior mineradora do mundo. Sem ele, seria o caos; privatizada pelo tucanato em 97 por um valor equivalente ao lucro obtido em apenas um trimestre de 2010, a Vale pós-Agnelli viraria farelo, advertiam seus fiéis ventríloquos na mídia.
As ações desabariam; a diretoria toda da empresa se demitiria em solidariedade ao big-big boss; quiçá a China nunca mais compraria minério do país. Não foi bem assim. Defenestrado pela Presidenta Dilma, mas não substituído pelo 'preferido' dos mercados, e sim por um nome de confiança do governo, o herói pró-cíclico virou passado sem que as ações da empresa desabassem; ficaram estáveis. A solidariedade da diretoria não ocorreu.
Mais que isso, o mito do gestor fantástico dissolveu-se horas depois pela divulgação de fatos até então suavizados pelo jornalismo 'isento'. Por exemplo: em 2007, Roger, o fabuloso, insistia em adquirir a mineradora suiça Xstrata. Bateu de frente com a oposição ferrenha de outro executivo da empresa, Murilo Ferreira, responsável então pela área de fusões e aquisições. O negócio acabou suspenso, mas Ferreira, desgastado, pediu demissão logo em seguida. Aspas para o Valor de hoje: "... se tivesse acontecido, a aquisição ia se mostrar um desastre. Avaliada em US$ 90 bilhões, à época, a Vale teria se endividado em US$ 50 bilhões (para fazer a compra defendida por Agnelli). Com a crise do mercado financeiro, no fim de 2008, o valor da Xstrata encolheu para menos de US$ 14 bilhões..." Ou seja, a Vale teria quebrado.
Em tempo, o novo presidente da mineradora escolhido por Dilma é justamente o desafeto competente que impediu Agnelli de enterrar a Vale num mar de dívidas: Murilo Ferreira. Quem sabe agora a empresa deixe de ser uma ponte neocolonial encravada na economia brasileira e passe a agregar valor ao minério nacional .Sob o reinado do herói pró-cíclico, o Brasil vendia ferro bruto à China e importava trilhos chineses para a expansão das suas ferrovias. Colosso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário