quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A verdade é sempre muito bem-vinda


Jornal do Brasil, 06/01/2011

A verdade é sempre muito bem-vinda

Editorial

A verdade é sempre muito bem-vinda, seja qual for. É difícil de aceitar que ainda haja resistência à criação da chamada Comissão da Verdade, para divulgar os detalhes obscuros do período de repressão política no Brasil, entre as décadas de 60 e 80. A começar pelo nome. Se fosse proposta uma “comissão da mentira”, ainda se entenderia. Mas nada que envolva verdades pode ser negativo.
Pode-se entender que, num primeiro momento, setores militares ficassem com algum temor – até pelo fato de a presidente Dilma Rousseff ter sofrido torturas nos anos de chumbo.
Mas todos os que lutam pela criação da Comissão, incluindo Dilma, deixam bastante claro que seu fio condutor não é – nem poderia ser – o revanchismo.
Ninguém deve pretender que se façam perseguições a integrantes ou simpatizantes do lado repressor, tampouco se imagina que sejam feitas caçadas a bruxas entre os que empreenderam ações terroristas naquela guerra.
A questão é o resgate da história. O Brasil não pode sonegar às gerações atuais e futuras o livre acesso a fatos que foram parte da vida do país. Há, por exemplo, famílias de desaparecidos que não merecem a dor de continuar sem poder enterrar seus entes, sem ter o que dizer aos jovens que não os conheceram. Há também integrantes dos governos militares que tiveram seus nomes manchados pelo simples fato de estarem de um lado da briga, sem nunca terem feito qualquer coisa à margem da legalidade.
Sobre tudo isso é preciso que se jogue luz. Sem rancores, sem ressentimentos, sem vingança. Apenas com o espírito firme do registro e do rigor históricos.

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