domingo, 7 de novembro de 2010

PNUD - Desigualdade de gênero

Publicada em 04/11/2010 às 12h00m O Globo

Clarice Spitz
 
RIO - O país que elegeu a primeira mulher presidente de sua história ainda tem um longo caminho a percorrer até erradicar a desigualdade entre os gêneros. O Brasil está em 80ª em um ranking de 138 países, pesquisados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e que avaliam a disparidade de oportunidades entre homens e mulheres. O indicador até então inédito avalia os cargos ocupados por mulheres, mortalidade materna, a taxa de fertilidade na adolescência, o percentual de lugares no Parlamento, as diferenças de escolaridade e a participação no mercado de trabalho. Nem a violência contra a mulher nem o acesso delas a bens estão presentes nas estatísticas.
No caso brasileiro, questões relacionadas à saúde e à maternidade revelam dados alarmantes. A taxa de mortalidade materna alcançava 110 mulheres a cada 100 mil nascimentos entre 2003 e 2008. Já entre as meninas de 15 a 19 anos, 75,6 a cada mil eram mães adolescentes. O PNUD avalia que a saúde da mulher e a maternidade são os fatores que mais contribuem para a desigualdade de gêneros em todo o mundo.
- Coisas que acontecem com mães são questões de desenvolvimento - disse Flavio Comim, economista do PNUD. - O potencial de desenvolvimento humano é travado por problemas que as mulheres sofrem - completou.
A participação no Parlamento também ainda é reduzida no Brasil se comparada com Argentina e Suécia (ambos com cerca de 40% de participação feminina), apenas 9,4% das cadeiras eram ocupadas por mulheres. Apesar de ter presença maior que o de homens na fatia com pelo menos educação secundária a participação delas na força de trabalho era bem inferior a dos homens.
Entre os países com maior igualdade entre os sexos estão Holanda, Dinamarca, Suécia e Suíça, nessa ordem. A desigualdade de salários entre gêneros embora em queda em nível global, ainda persiste em patamares altos em todo o mundo. Em 33 deles, majoritariamente desenvolvidos, os salários das mulheres alcançavam 69% dos rendimentos dos homens entre 1998-2002, subindo para 74% entre 2003-2006.
Segundo o PNUD, países com distribuição desigual no desenvolvimento humano apresentam também elevada desigualdade de gêneros. Entre os países com situação mais crítica estão: República Centro-Africana, Haiti, Moçambique e Namíbia, cada um com perdas superiores a 40% na desigualdade e 70% na desigualdade entre gêneros.
De maneira geral, a distância que separa meninos e meninas em termos de anos de educação tem diminuído. No entanto, em oito países (Afeganistão, Benim, República Centro-Africana, Haiti, Libéria, Moçambique, Níger e Togo) as mulheres têm menos da metade dos anos de escolaridade dos homens.

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