domingo, 7 de novembro de 2010

O condomínio verdetucano passado a limpo


O CONDOMÍNIO VERDETUCANO PASSADO A LIMPO: 

RACISMO, APARTHEID E PREDADORES

A campanha presidencial de 2010 colocou o ambientalismo progressista brasileiro --esqueçam o gabeirismo-- diante de uma encruzilhada. Vieram do eleitorado verde no 1º turno quase 95% dos votos adicionais obtidos por Serra no 2º turno. Segundo o Ibope, metade do eleitorado de Marina Silva (PV) mudou seu voto para Serra; um terço migrou para Dilma Rousseff (PT) e 15% anulou na volta às urnas em 31 de outubro. Até aí, tudo bem. A geografia do voto dado a Serra, porém, elucida a desconcertante aliança subterrânea implementada no interior desse condomínio verde-tucano, no qual se misturam racismo, apartheid e predadores sociais e ambientais.

O que se debulha nas análises dos mapas eleitorais são as evidencias de uma constrangedora endogamia entre o verde reacionário e o predador inconformado com a política ambiental do governo Lula, tudo arrematado pela emergencia de um movimento pró-apartheid, daqueles que nunca viram com bons olhos a igualdade republicana desfrutada pelos pobres, sobretudo pobres e nordestinos, na democracia brasileira.

Aspas para o jornal Valor desta 6º feira: "Tome-se, por exemplo, Marcelândia, cidade de 10,2 mil eleitores ao Norte do Mato Grosso. Em 2007 o município ocupava o primeiro lugar na lista daqueles que mais desmatavam. Foco da operação federal ‘Arco de Fogo’, Marcelândia zerou o desmatamento dois anos depois. Em 3 de outubro Marina Silva conseguiu lá 1,3% dos seus votos. Marcelândia saiu das urnas como o município mais serrista do país: deu 75% dos votos a Serra.
É também a [reação] à atuação do Ibama que parece explicar a extraordinária votação de Serra no Acre (69,6%). E dificilmente [o protesto à] demarcação da reserva Raposa do Sol pode estar dissociada da expressiva votação do candidato tucano em Roraima (66,5%). (...)Some-se aí o cinturão agrícola do Sul e Centro-Oeste que também fechou com o PSDB e é possível aquilatar as três principais insatisfações que guiaram o voto do Brasil mais serrista: atuação do governo federal na defesa do meio ambiente, a política pela preservação de povos indígenas e o nó cambial que prejudica as exportações agrícolas..."

É esse o 'blend' ao qual Marina Silva emprestou sua credibilidade, vestindo de verde o anti-verde e de tolerância o intolerável. A ex-ministra terá que fazer uma opção política urgente. Esponjar-se por mais tempo nessa gelatina plasma que habita o metabolismo conservador da política brasileira, autoriza aqueles que já a associam à classIca figura da força-auxiliar. Personagem desfrutável sempre que preciso para dourar o lacto purga anti-social da direita com algum verniz mezzo-'autentico', mezzo-culturalmente correto. A ver.

---------

Excelente análise da Dra. Fátima.

Tem minha total concordância!



http://www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdColunaEdicao=13192



A pequena burguesia "viajou" na onda da alta burguesia
Encantamento com o PV não tem nada de "onda verde"

Fátima Oliveira

Médica -
fatimaoliveira@ig.com.br
fatima-oliveira
   
         Adoro eleições. A aura que paira sobre elas desperta renovação de esperanças... Mas, em 3 de outubro, acordei esquisita. Adulta, era a primeira vez que não fazia boca de urna (quando criança, acompanhava mamãe). Votei cedo e fui dar plantão. Por todo o dia senti falta de zanzar pelas ruas. Amo a muvuca de dia de eleição. Minha tristeza era não estar naquilo que o sociólogo Marcos Coimbra verbalizou tão bem: "O dia da eleição é sempre diferente. Há uma mágica no ar, as pessoas se olham de uma maneira única. Talvez seja a percepção da democracia como realidade".
            Sob domínio ideológico da burguesia, a democracia como realidade não é fácil de ser fortalecida e consolidada; mesmo assim, é instigante e repleta de ensinamentos. Cada dia nos reserva novos aprendizados e de vez em quando nos deparamos com enigmas da esfinge, verdadeiros e falsos - como o encantamento da pequena burguesia urbana com o canto de sereia do PV, que não tem nada de "onda verde", só demonstra que a luta de classes não acabou.
            Na reta final da campanha, todas as frações da alta burguesia se mobilizaram coesas para incensar Marina para garantir Serra no segundo turno! E se valeram de outro regato para jogar água no moinho da luta de classes: o fervor religioso fundamentalista, que deu voto verde fundamentalista. Usemos de franqueza: a façanha de Marina é trágica. No fundo, e de cálculo pensado, serviu de escada para o conservadorismo e ainda canta vitória!
            A explicação está em textos clássicos do marxismo sobre as "viagens" da pequena burguesia, uma classe em transição, vacilante e não confiável, desde sempre, que não compreendeu que, sufragando Marina, servia ao Serra, que não a encantava pela triste memória dos tempos FHC, pois sabe que viver sob o jugo tucano é prostrar-se de joelhos. Pobres e não ricos conscientes e ricos patriotas sabem de que fel se trata os rechaçaram, elegendo Lula presidente duas vezes, bem ao estilo da frase lapidar de La Pasionaria - Isidora Dolores Ibárruri Gómez (1895-1989), personalidade comunista espanhola: "É melhor morrer em pé do que viver de joelhos".
            No dia da eleição, coordenando o plantão, monitorava quem saía para votar. Não ouvi um voto Serra, mas a quantidade de votos Marina assustava! A alegação para não votar em Dilma era equivocada e moralista: "ela já fez muita coisa ruim". Seria o enigma da esfinge? São pessoas que conheço há muito tempo; a maioria conseguiu comprar casa própria e carro zero a primeira vez nos últimos quatro anos; e nunca foram ecologistas, ecólogas, ambientalistas nem "verdosas"!
            Sem compreendermos que é da natureza da pequena burguesia ser pendular (oscila entre o capital e o trabalho) -, seus interesses são contraditórios e sua maior tendência ideológica é identificar-se com os valores da burguesia: não a convenceremos de que é um governo popular e democrático o que mais lhe convém. Eis por que Serra não se interessa pelo debate republicano, mas pelo religioso conservador.
            Setores do PT de extração reformista torcerão o nariz para a presente análise, ainda preliminar. Desprezá-la não é apenas ingenuidade, é atestar que esquecem dos milhões de recém-chegados à classe média (pequena burguesia) que, nela instalados, tendem a adotar valores políticos e morais da classe a que chegaram... E, como não houve empenho para a elevação da consciência política e sua decorrência direta, o pensamento crítico, o resto fica por conta de analistas políticos com mais "sustança" do que eu.

......

http://www1.folha.uol.com.br/poder/815867-marina-oficializa-neutralidade-para-segundo-turno.shtml

Como podemos ver, Marina decidiu-se pela "neutralidade"...
 
Neutralidade numa hora dessas é omissão, é covardia! 
É trair a pátria!
A hora é de decisão corajosa pelo avanço do Brasil e de suas conquistas sociais.

Neutralidade numa hora dessas não é independência: 
é subserviência a interesses eleitoreiros.
É possibilitar a volta da direita ao poder.

Marina, nesse PV, com essa decisão, acaba de renegar seu passado,
renegar Chico Mendes e a luta pela qual sempre lutou.  

Meus pêsames, Marina!
Lamentável, verdinhos.

Ivan M. Bulhões - Um cidadão brasileiro decepcionado com os "Verdes"


----------

Carta de Dilma para Marina Silva e Partido Verde

Brasília, 14 de outubro de 2010.

Prezada Marina,

Quero, por seu intermédio, fazer chegar à direção do Partido Verde meus comentários sobre a Agenda por um Brasil Justo e Sustentável, que foi entregue à coordenação de minha campanha.
Antes de tudo, saúdo a iniciativa de condicionar o posicionamento de seu partido a uma discussão de caráter programático. Ela é necessária e oportuna, sobretudo quando se verifica uma lamentável tentativa de mudar o foco do debate eleitoral para questões que, tendo sua relevância como temas de sociedade, não estão, no entanto, no centro da reflexão que o país necessita realizar para definir seu futuro.
Reiterando meus cumprimentos pelo expressivo resultado que sua candidatura obteve no primeiro turno das eleições, quero dar às observações que seguem um sentido que transcende em muito uma dimensão estritamente eleitoral. Nosso diálogo tem um significado futuro. Envolve as condições de governabilidade do país.
As observações que seguem refletem nossa primeira percepção da Agenda. Elas deverão ser objeto de novos aprofundamentos.
Transparência e ética
O Governo atual tem-se empenhado em garantir a mais absoluta liberdade de imprensa no país, posição com a qual me encontro pessoal e partidariamente comprometida.
Por outro lado, as avançadas medidas de transparência de informações sobre a execução orçamentária e de contratos deverão ser aprofundadas com rapidez nos próximos anos.
Reforma Eleitoral
Tenho dito que este tema é fundamental para o amadurecimento da democracia no país. Sendo questão a ser tratada no âmbito do Congresso Nacional, considero que a Presidência da República não deve estar alheia ao tema. Penso que, sobre a maior parte das questões, estamos de acordo e que a forma definitiva que deve assumir a reforma política tem de ser resultado de amplo acordo envolvendo o bloco de sustentação do Governo, partidos que nele não estejam incluídos e, igualmente, as oposições.
Educação para a sociedade do conhecimento
Manifestamos nosso acordo com todos os pontos deste item.
Segurança Pública
Em sintonia com o sentimento da sociedade brasileira, temos dado especial atenção aos temas da segurança. Temos insistido – na contramão de outras propostas – que a segurança pública não se esgota nas ações repressivas, mas deve ser complementada por políticas públicas em regiões onde o Estado esteve e ainda está ausente. No plano puramente repressivo, defendemos o fortalecimento de ações de inteligência e o emprego de modernas tecnologias. O Governo Lula instituiu, no âmbito do Pronasci, a Bolsa PROTEJO, que beneficia jovens em processo de formação. Concordamos em que uma melhor remuneração dos policiais é fundamental para garantir a dedicação exclusiva a suas funções. Um primeiro passo foi dado a partir de 2008, com a instituição da Bolsa Formação, que beneficiou desde sua criação mais de 350 mil policiais. A necessidade indiscutível de um piso nacional de remuneração para policiais tem de ser objeto de um pacto entre a União, os Estados e os Municípios. Essas e outras questões deverão ser objeto de uma PEC a ser enviada no menor prazo possível, consultados os entes federativos. Meu programa prevê a revisão do modelo atual de segurança pública e a institucionalização de um Sistema Único de Segurança Pública.

Mudanças climáticas, energia e infraestrutura
Expressando nossa concordância com a maior parte dos pontos contidos neste item, considero que há questões que devem ser objeto de aprofundamento e/ou negociação.
É o caso da criação de uma Agência Reguladora para a Política Nacional de Mudanças Climáticas. Mas temos acordo quanto à necessidade de um arcabouço institucional capaz de coordenar, implementar e monitorar iniciativas nesse setor.
A supressão do IPI sobre a fabricação de veículos elétricos e híbridos deve ser compatibilizada com nossa produção de etanol e nossa capacidade de geração elétrica. Pode-se propor política tributária diferenciada para veículos e outros bens que emitam menos GEE.
A proposta de moratória sobre a criação de novas centrais nucleares exige aprofundamento à luz das necessidades estratégicas de expansão de nossa matriz energética.
Seguridade Social: saúde, assistência social e previdência
Há concordância com todos os itens, com ressalva quanto à redução, no curto prazo, da população de referência para o PSF, pois implicaria aumentar as necessidades de profissionais além de uma capacidade imediata de resposta do sistema.
Proteção dos biomas brasileiros
Nosso Programa dá ênfase à proteção dos biomas nacionais. Por essa razão, estamos de acordo com a meta de incluir 10% dos biomas brasileiros em unidades de conservação A proposta de desmatamento de vegetação nativa primária e secundária em estado avançado de regeneração merece precisão.
Estamos de acordo sobre a prioridade de proteção da Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica, dentro de uma estratégia ambientalmente sustentável de ocupação e uso do solo e inclusão social.
Da mesma forma, é nossa prioridade a ação consistente na recuperação de áreas degradadas, a exemplo do Programa Palma de Óleo, na Amazônia.
Consideramos excelente a proposta de um Plano Nacional para a Agricultura Sustentável.

Sobre o Código Florestal, expresso meu acordo com o veto a propostas que reduzam áreas de reserva legal e preservação permanente, embora seja necessário inovar em relação à legislação em vigor. Somos totalmente favoráveis ao veto à anistia para desmatadores.

Gasto público de custeio e Reforma Tributária
Estamos de acordo com todos os itens.
Consideramos necessário afastar-nos de um conceito conservador de custeio que traz embutida a noção de Estado mínimo. A eficiência do Estado está ligada à qualificação dos servidores públicos. Daremos prioridade ao provimento de cargos com funcionários concursados.

Política Externa
Há acordo total com o expresso no documento.
Enfatizamos a necessidade de garantir presença soberana do Brasil no mundo, de fortalecer os laços de solidariedade com os países do Sul, em especial os da América Latina, com os quais compartilhamos história e valores comuns e estamos ligados pela necessidade de defesa de um patrimônio ambiental comum. Defendemos, igualmente, a necessidade de lutar pela reforma e democratização dos organismos multilaterais.
Fortalecimento da diversidade socioambiental e cultural
Pretendo dar continuidade e profundidade às políticas que foram seguidas neste campo pelo Governo do Presidente Lula.


Com apreço,
Dilma Rousseff
----------

O paradoxo ambiental no PSDB é que apesar de se autodenominarem "tucanos"
e o vice ser o "Índio",
o nome do candidato é... "Serra".
Paulo Adário, do Greenpeace

..........

Uma lembrança para Marina Silva

Por Paulo Maldos, ex-assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI):

Acho que é o caso de lembrar a Marina de onde ela estava em abril do ano 2.000.

No dia 22 de abril de 2.000 ela estava na estrada que liga Santa Cruz de Cabrália a Porto Seguro, junto com 3.600 indígenas, de mais de 180 povos, militantes do movimento negro, quilombolas, militantes do MST, estudantes, mulheres, militantes de inúmeros movimentos populares e sindicais, talvez mais de 10 mil ao todo, de todo o Brasil.

Ela tinha falado no Quilombo, que era o acampamento coletivo, no dia anterior, para alguns destes milhares de militantes.

No dia 22 de abril, logo pela manhã, foi desatada a repressão sobre todos e todas.

O Fernando Henrique estava na Cidade Alta de Porto Seguro, comemorando com o Presidente de Portugal.


Na estrada, a policia do Antonio Carlos Magalhães e as tropas do FHC jogavam bombas de gás, arrastavam negros pelos cabelos, espancavam indígenas e prendiam estudantes. Havia helicópteros e lanchas da Marinha no cerco.

Um indígena se jogou no chão da estrada, em frente dos soldados, que passaram por cima dele.

Encontrei a Marina com sua assessora Áurea, perdidas na estrada, escutando bombas e tiros próximos.

Coloquei as duas no meu carro, para escapar dali protegendo-as. Dentro do carro, a Marina falou calmamente que, se respirasse aquele gás, poderia morrer. Virei o carro para pegar um caminho de terra e ir em direção da praia. Ela pediu que não fosse, porque tinha visto soldados irem para a praia perseguindo estudantes.

Voltei com o carro prá estrada e levei a Marina até local seguro, longe da repressão e das bombas. Emocionado porque, segundo a nossa Senadora, eu talvez tivesse acabado de salvar sua vida.

Acho bom ela lembrar deste episódio neste momento, para pensar de que lado ela sempre esteve, e de que lado deve estar agora.

Um abraço fraterno
Paulo
..............


São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010


Marina e o Brasil
JUCA FERREIRA

Os 20 milhões de votos conquistados pela senadora Marina deram à sua candidatura uma aura de vitória, apesar de ela ter ficado fora do segundo turno.
Marina se apresentou como uma terceira via numa disputa eleitoral polarizada entre duas candidaturas, e, se não conseguiu evitar o plebiscito, como queria, os votos na candidata verde empurraram a decisão para o segundo turno.
A soma desses votos foi maior do que a diferença entre os dois candidatos que continuarão na disputa.
Para além da aritmética e da existência de outras motivações mais circunstanciais para o voto em Marina, o resultado trouxe para o primeiro plano a questão ambiental.
As mudanças necessárias em nosso projeto de desenvolvimento não serão fáceis. A velocidade da incorporação de padrões ambientais ainda é muito mais lenta do que a velocidade da destruição. A sociedade brasileira, historicamente, todos sabem, é ambiental e socialmente predatória.
Desde quando éramos colônia portuguesa até os dias atuais, nós nos comportamos de maneira perdulária, sem medir as consequências das nossas ações. Por outro lado, somos a maior potência ambiental do planeta e com a maior biodiversidade.
A questão ambiental é global, interessa ao mundo e fará parte da afirmação do Brasil na comunidade internacional. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu após a primeira reunião organizada pela ONU sobre a crise ambiental, em Estocolmo, em 1972. O encontro terminou em um impasse entre o desenvolvimento e a preservação do meio ambiente, ao propor crescimento zero. Só anos depois, em 1987, a ONU apresentou alternativas para o impasse. O relatório "Nosso futuro comum", que ficou conhecido como Relatório Brundtland, propõe o conceito de desenvolvimento sustentável como estratégia e produto da ação consciente de nossa relação com a natureza, eliminando e minorando os impactos sobre ela por meio do uso responsável dos recursos naturais.
O social e o ambiental se confundem no cenário dramático das sociedades contemporâneas, especialmente nas nossas, do hemisfério Sul. Um país socialmente enfermo jamais será ambientalmente saudável. O tema da sustentabilidade não pode evoluir sem se associar a outros temas igualmente importantes da vida social e política.
É evidente a dificuldade que temos de influenciar a visão de mundo, a sensibilidade e o comportamento da maioria dos brasileiros para que incorporem padrões de sustentabilidade.
O país vive um momento mágico, em que a maioria da população está sendo incluída. Não cabe, por nenhum motivo, desprezar a legitimidade dos sonhos e desejos dos milhões de brasileiros que querem ter uma vida melhor.
A grande força que o presidente Lula e o seu governo conquistaram, em larga medida, resulta dessa incorporação de milhões de pessoas ao processo de desenvolvimento econômico e social do país.
Antes do governo Lula, o desenvolvimento era visto apenas como circulação de mercadorias, aumento da capacidade produtiva e estabilização da moeda.
O Brasil enfrentará grandes desafios para garantir a continuidade do processo político e a consolidação das conquistas sociais do governo Lula. Marina poderá vir a cumprir um papel importante, se fizer do seu capital político uma contribuição para esse processo.
Uma concertação em torno de questões programáticas com a candidatura Dilma, que representa a continuidade do projeto político de desenvolvimento com inclusão de todos os brasileiros, será extremamente positiva e coerente com toda a história de vida e trajetória política de Marina Silva. Ignorar essa possibilidade será desperdiçar este momento especial.


JUCA FERREIRA, 61, sociólogo, fundador do Partido Verde, atualmente licenciado, é ministro da Cultura.

----------

O Escrevinhador, 05/10/2010

E agora, Marina?

por Mair Pena Neto Nas primeiras eleições presidenciais pós-ditadura, em 1989, quando perdeu para Lula o direito de disputar o segundo turno contra Collor, Brizola, apesar do enfrentamento direto que teve com o petista na primeira fase do processo, não hesitou sobre que lado tomar. Foi quando cunhou a frase de que seria fascinante fazer a elite engolir o “sapo barbudo” e apoiou Lula, transferindo alguns dos milhões de votos que teve no primeiro turno.
Em um momento crucial para o país, que elegia seu primeiro presidente após 25 anos de ditadura, não havia meio termo. Ou se estava ao lado da candidatura das forças populares, naquele segundo turno, representadas por Lula, ou se estava com as elites e o “filhote da ditadura”, como Brizola, em mais uma de suas históricas tiradas, classificou Fernando Collor. Em toda a sua trajetória política, Brizola jamais teve dúvidas ideológicas. Principalmente, no momento das grandes decisões para a vida do país.
Agora, o Brasil volta a viver uma situação de encruzilhada. O segundo turno das eleições presidenciais terá o caráter plebiscitário que Lula quis apresentar desde o início. O que estará em jogo são dois projetos antagônicos. Um, representado por Dilma Rousseff, baseado no fortalecimento do Estado e na sua capacidade de promover o crescimento com redução das desigualdades. O outro, personificado por José Serra, pró-mercado, privatista, que entende o Estado apenas como gerente e não vê sentido em programas sociais de grande alcance, como o Bolsa Família.
Novamente, não há meio termo ou terceira via. Ou é um ou é outro. É nesta hora que se pergunta se Marina Silva, responsável por levar a eleição ao segundo turno, terá a grandeza de Brizola, se irá se aproximar da direita, ou, pior ainda, se amiudará politicamente e tomará a posição conveniente e covarde da neutralidade.
Marina também está numa encruzilhada. Sua votação acima do esperado e não captada em sua verdadeira dimensão por nenhum instituto de pesquisa a alçou a um novo patamar político. E nesta nova condição, ela precisa tomar partido na completa acepção do termo.
A partir de sua decisão tomaremos conhecimento de quem é a Marina que sai dessas eleições. Se a seringueira forjada pela luta de Chico Mendes, a ex-militante histórica do PT e ex-ministra do governo Lula, que sempre participou das lutas populares ao lado das forças da esquerda, ou uma evangélica conservadora, apoiada num confuso discurso ambientalista, com mais aceitação no empresariado do que na população.
Marina, não há dúvidas, foi a maior beneficiária da sucessão de “escândalos” midiáticos e da exploração eleitoral nas últimas semanas de campanha da fé das pessoas, através da disseminação em púlpitos e pela internet de temores envolvendo aborto e união de homossexuais, onda que aproveitou sem maiores questionamentos.
Com o segundo turno, tem a oportunidade de mostrar que é bem mais do que isso e se posicionar no espectro político que sempre defendeu, comprometido com um Brasil socialmente mais justo. A neutralidade nesse momento é uma não tomada de posição e será entendida como preocupação exclusiva com um projeto político pessoal, em detrimento do que é melhor para o povo brasileiro.
----------

Marina, você se pintou?

por  Maurício Abdalla


“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão disse: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.-

“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.

Se Dilma, admitamos, para alguns não é a candidata dos sonhos, Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.

Maurício Abdalla
Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (clique para ler comentário), dentre outros.

----------

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/10/03/marina-e-marina-no-rio-levam-eleicao-para-o-segundo-turno/


Marina e Marina no Rio levam eleição para o segundo turno

    Publicado em 03/10/2010
Marina chega ao Rio
Marina Silva, a candidata da direita-cristã-eco-capitalista, teve 31% dos votos no Rio.
O Governador Sérgio Cabral se elegeu com 65% dos votos.

A votação da Marina foi, de fato, uma “onda verde” não captada pelos institutos de opinião pública.

José Serra tem 30% dos votos desde 2002.
Como em 2010.

O PiG também não pode cantar vitória, porque o que levou a eleição para o segundo turno não foi a Erenice.
Foi a Marina.
Foi o aborto.
Foi essa nova direita brasileira, que a incompetência do Serra deixou vicejar: a direita cristã.

O fenômeno da eleição não é o Serra, uma “força desgastada”, mas essa corrente subterrânea, desapercebida, em que se tornou a Marina.

Não há caso de eleição no segundo turno para Presidente em que o líder perca.
A Dilma continua favorita.


O problema agora será descobrir qual a força majoritária entre os conservadores: se o eco-capitalismo da Marina ou o neo-liberalismo dos tucanos de São Paulo.

Paulo Henrique Amorim

----------

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/10/02/quem-paga-o-jatinho-de-us-50-milhoes-da-marina/

Quem paga o jatinho de US$ 50 milhões da Marina ?
    Publicado em 02/10/2010
Na foto, as modestas instalações do jatinho da candidata pobrinha

O que o amigo navegante acha mais apropriado para referir-se à Bláblárina:
- Traíra
- Eco-capitalista
- A candidata de duas caras
- Voz de despertador de segunda feira (segundo o Zé Simão)
- Serra do B


Isso dá uma enquete …

Escândalo: Marina faz a campanha presidencial mais cara!



Como os auditores, policiais ou contadores sabem quando alguém lava dinheiro? Fácil, a pessoa começa a ter um padrão de vida bem superior aos seus rendimentos. Em outras palavras, o suspeito tem um carro que está muito além do seu salário, vive em uma casa com tamanho luxo e não há o que explique a origem dos recursos para a compra da tal casa.

Na campanha presidencial deste ano, uma candidata desponta como aquela que leva um padrão bem acima daquilo que é declarado: é a verde Marina Silva.

Em setembro deste ano, as doações da campanha da candidata superavam a marca de 13 milhões de reais, tornando a campanha de Marina mais cara que a de Lula em 2006.

Ainda sim, Marina e Guilherme Leal, seu vice bilionário e cuja empresa é acusada de biopirataria e tem mais de R$ 1,5 bilhão em multas da Receita Federal, afirmam fazer uma campanha modesta frente aos candidatos José Serra e Dilma Rousseff.

Aos moldes da campanha vitoriosa de Barack Obama nos Estados Unidos, Marina foi a primeira a pedir doações na internet. O objetivo, segundo a candidata, era garantir que as doações fossem transparentes (aqui). As doações são pífias, não tendo passado de pouco mais de R$ 160 mil até a semana passada.

Não foi o que aconteceu. No começo do pleito, Marina viajava o país todo dentro de um jatinho Legacy, propriedade da Natura, empresa do vice do PV.

Há alguns dias, em imagem exibida no Jornal Nacional, percebe-se que o avião agora é outro: um luxuoso e exclusivo jato Falcon 2000 Easy, no valor de mais de 50 milhões de dólares.  Veja a prova irrefutável:



Veja o avião por dentro



Os custos deste avião são tão caros que havia apenas dois modelos no Brasil. Agora temos um terceiro, o de Marina. Na imagem do Jornal Nacional, podemos observar no canto esquerdo da tela a logomarca da Colt Aviation, conhecida por administrar e alugar jatos de potentados, banqueiros e grandes empresas nacionais e internacionais, além dos altos valores que cobra por seus serviços.

Agora , nesta reta final de campanha, surgem dúvidas pertinentes aos eleitores:

Por que Marina trocou de avião?

Por que Dilma voa em um Citation e Serra em um Learjet, aviões bastante inferiores aos da falsa humilde ex-Marina, e ela gasta milhões em seu raid aéreo por todo o Brasil?

Por que a candidata do PV prega vida simples e sustentável aos outros, mas para si ostenta o luxo e polui o meio-ambiente voando numa máquina de US$ 50 milhões?

E a pergunta mais importante de todas: QUEM PAGA POR ESTE AVIÃO E QUE INTERESSES TÊM NISSO?

Marina Silva tem que vir a público para explicar estas questões. A sua máscara de boazinha já caiu faz tempo. Caiu com um super jato, com comissária de bordo, navegação e telefonia por satélite, interior luxuosíssimo, cama de casal, bar, escritório e um custo aproximado de US$ 10 mil por hora de vôo?

Barack Obama voou em sua campanha num jato Legacy, da JetBlue Airlines, fabricado no Brasil. Marina silva voa num avião que custo o dobro. Chique, não?

Conheça os detalhes do escândalo que envolve Marina Silva e a utilização de jato de US$ 50 milhões em sua campanha. http://migre.me/1sfWC

----------

Escutem só este cantor aí, pessoal!

Só fica no tra-la-lá e no bla-bla-blá, sem dizer nada que se aproveite... Que nem a Blablárina Silva.

http://www.youtube.com/watch?v=2Z4m4lnjxkY&feature=player_embedded


----------

http://www.viomundo.com.br/entrevistas/emir-sader-marina-e-a-falencia-do-movimento-ecologico-brasileiro.html

1 de outubro de 2010 às 15:08

Emir Sader: “Marina é a falência do movimento ecológico brasileiro”

por Conceição Lemes
Pesquisa divulgada pelo Datafolha na terça-feira, 28, colocou em cheque, de novo,  a credibilidade do instituto, que já andava baixa. Dizia que Dilma Rousseff (PT) caíra três pontos percentuais em relação ao levantamento realizado na semana anterior, quando tinha 49%. O candidato José Serra (PSDB) teria mantido 28% e Marina Silva (PV), subido de 13% para 14%.
Enquanto as pesquisas em geral dão 10% de vantagem para Dilma em relação à soma dos outros candidatos, o Datafolha deu 4%. Enquanto o Datafolha cogita o segundo turno, Sensus, Vox Populi e Ibope continuam jurando que vai dar Dilma no primeiro turno”,  disse, em entrevista ao Viomundo, o sociólogo-político Emir Sader. “O mínimo que se pode dizer é que, na margem de erro, está havendo manipulação do Datafolha.
Ao ser indagado sobre o que faremos até a reta final da campanha, Emir brincou: “Lexotan”. Depois, falando sério, afirmou: “Quem está empenhado num candidato, intensificar o trabalho. Mas, sobretudo, tentar desmentir os boatos, as falsidades que andam espalhando por aí”.
Eis a segunda parte da entrevista que nos concedeu.
Viomundo — Que falsidade o senhor destacaria?
Emir Sader A mídia está passando uma imagem platônica da Marina, que não tem nada a ver. Na hora em que teve de enfrentar uma luta concreta, a Marina ficou contra os povos indígenas.
Viomundo – O senhor se refere à acusação de biopirataria feita à empresa do vice dela?
Emir SaderExatamente. O registro de frutas tropicais da Amazônia feito, com fins comerciais,  pela Natura, cujo presidente [Guilherme Leal] é o vice da chapa verde. A Marina ficou do lado dele contra os interesses e os saberes naturais dos povos indígenas, dos povos da Amazônia.
Tenho dúvidas sobre a “preocupação” ecológica da empresa. Qual a política salarial dela?  Qual a política para exploração dos recursos naturais? Qual a política da propriedade intelectual? Eu não vejo nada de significativo na prática social dela, que pudesse ter um caráter ecológico. A questão ecológica não é só preservar a floresta e os animais em extinção. Essa visão é muito pobre, reducionista.
Curiosamente,  até sair do governo Lula, a Marina era o diabo para a imprensa. Dizia que ela era quem mais prejudicava os projetos econômicos com suas picuinhas ideológicas.  Essa mesma mídia, agora, exalta a Marina, numa clara instrumentalização, que ela aceita de bom grado. Quando se fala da Marina real, do Serra real, aí é que se vê a verdadeira dimensão deles.
Viomundo – Quem é a Marina real?
Emir Sader – No Fórum Social Mundial, ouvimos o tempo todo que a questão ecológica é transversal. Ou seja, assim como na época anterior da esquerda se achava que a questão capital-trabalho cruzava tudo, a ecologia cruzaria tudo.
Logo, a graça da campanha da Marina seria fazer uma campanha em que ecologia cruzasse tudo. Só que ela deixou de ter uma agenda própria, passou a reagir a partir do denuncismo da direita, do bloco tucano-udenista. Chegou a dizer que a violação dos sigilos bancários da filha e do genro do Serra provocava fragilidade na sociedade brasileira. Tomara que fosse essa a nossa fragilidade. Para nós, o que fragiliza a sociedade brasileira é a violência, o desemprego, a miséria, a injustiça…
Nessa campanha, Marina só assumiu posições equidistantes do cerne da questão ecológica. Ela não desenvolveu no governo nem fora uma concepção ecológica do desenvolvimento. O discurso dela não quer dizer nada.
Ao falar de Belo Monte, por exemplo, ela emenda “mas a energia limpa…Só que Belo Monte é energia limpa. A Marina não tem coragem de se colocar a favor de projetos como Belo Monte, mas também não tem capacidade de elaborar projetos alternativos. Acho que a Marina é a falência do movimento ecológico brasileiro.
Viomundo — Mesmo?
Emir Sader – Sim. O discurso dela pode parecer coerente no papel, mas quando você  questiona, é um vazio profundo. O estado brasileiro como é que vai ser? Qual o modelo desenvolvimento que propõe? Qual o papel do mercado interno? E da exportação? Como seria a política externa brasileira? E as políticas sociais?
São questões cruciais sobre as quais ela não tem nada a dizer — nem contra nem a favor do que está sendo feito. Nada.
Peguemos os transgênicos, uma questão grave. O que a Marina tem a dizer hoje? Vai acabar com eles, com exportação de soja e com a Monsanto? O  discurso dela acaba sendo um blefe, já que os segmentos dos transgêncis são totalmente aparelhados pela direita, que hoje a apóiam.
Está na hora de provar a transversalidade da questão ecológica. Não vejo nada disso na campanha da Marina. Onde está a questão ecológica, estruturando o conjunto da plataforma dela? Não tem.
Ela fala em terceira via, mas qual é a política de emprego dela? Qual a política de salários? Qual a política de crédito?  Não tem nada. Ela não tem nada a dizer nem dos programas essenciais do governo, como o microcrédito, o Luz para Todos, o crédito  consignado.  É só blábláblá. O que aparece, para quem está olhando a campanha, é um esvaziamento da transversalidade da questão ecológica.
Viomundo – A mesma mídia que apedrejava a Marina, hoje a enaltece. O Serra nem fala. Para alavancar a candidatura dele e liquidar a da Dilma, a “grande” imprensa assassinou o jornalismo durante essa campanha…
Emir Sader — A questão não é ser a favor ou contra o Lula ou a Dilma. Quando você tem um governo com 80% de aprovação e olha a imprensa, uma coisa não corresponde à outra. A cobertura não reflete a formação democrática e pluralista da opinião pública. Eu não queria que falasse bem, eu gostaria que existisse o pluralismo, os pontos de vista realmente existentes na sociedade. Por outro lado, no governo Lula, avançamos pouco na questão mídia.
Viomundo Que avaliação o senhor faz  da política de comunicação do governo?
Emir Sader –  Houve um fracasso enorme. Daí a dificuldade de governar. Se deixou criar um denuncismo, centrado em escândalos, reais ou não, desproporcional, que acaba falsificando o próprio debate político, ou seja, o que mudou na sociedade brasileira para melhor ou para pior.  Às vezes dá a impressão de que o governo é um poço de escândalo. O que não é verdade. Isso se deve ao fracasso da política de comunicação do governo.
O interessante é que a massa da população sabe dessa manipulação. Tanto que vota a favor do governo, apesar da mídia. Nós temos de democratizar, desconcentrar, ainda três coisas fundamentais: o dinheiro, a terra e a palavra. São monopólios privados. Não haverá sociedade democrática sem se democratizar essas instâncias.
Viomundo – E o Judiciário?
Emir SaderÉ muito ruim que tenha pessoas que se comportam como o Gilmar Mendes e a doutora Sandra Cureau. Estão tão empenhados politicamente que desmoralizam ainda mais o Judiciário.  São personagens que refletem a arbitrariedade da Justiça, que deveria ser um órgão justo. Por isso, a reforma do Estado é fundamental. Acho que o Judiciário tem de estar submetido a um controle social.
Há alguns dias a Folha, em editorial, disse que todo poder tem de ter limite. E quem coloca limite no poder mídia monopólica?  Quem coloca limite ao Judiciário?
Isso não vai cair do céu. Tem de ser definido em uma instância democrática. A doutora Cureau, como disse a Dilma, tem o direito de se manifestar como cidadã. Mas, ao dizer que o Lula está se empenhando ao máximo para eleger a Dilma, ela poderia dizer também que a imprensa está fazendo o máximo para eleger o Serra.
Acho que estão extrapolando o papel do Judiciário. Fazer uma leitura política de intenções é uma atitude totalmente indevida em relação aos juízes.
Viomundo – Para terminar, o que representa a eleição deste domingo?
Emir SaderO que está em jogo é o governo Lula. No domingo, o povo vai decidir se o governo Lula foi um parêntese e, aí, as elites tradicionais voltam ao poder. Ou se o governo Lula vai ser uma ponte para a gente construir um país justo, solidário e soberano, tarefa que apenas começamos a fazer. Acho que o povo está optando claramente pela continuação do processo, apesar da direita espernear através dos seus órgãos da mídia.
----------

As duas faces da candidata

Jornal do Brasil, 30/09/2010

Por Mauro Santayana

O súbito interesse, de alguns meios de comunicação e de setores empresariais poderosos, pela candidatura da senadora Marina Silva, recomenda aos nacionalistas brasileiros alguma prudência. A militante ecológica é apresentada ao país como a menina pobre, da floresta profunda, que só se alfabetizou aos 16 anos e fez brilhante carreira política. Tudo isso é verdade, mas é preciso saber o que pensa realmente a senadora do Brasil como um todo. Convém lembrar que a senhora Silva (que hoje se vale do sobrenome comum para atacar Dilma Rousseff) esteve associada a entidades internacionais, e recebeu o apoio declarado de personalidades norte-americanas, como Al Gore e o cineasta James Cameron. James Cameron, autor de um filme de forte simbolismo racista e colonialista, Avatar, intrometeu-se em assuntos nacionais e participou de encontro contra a construção da represa de Belo Monte.

A respeitável trajetória humana da senadora pelo Acre não é bastante para fazer dela presidente da República. Seu comportamento político, ao longo dos últimos anos, suscita natural e fundada desconfiança dos brasileiros. Seus admiradores estrangeiros pregam abertamente a intervenção na Amazônia, “para salvar o mundo”. Não são os ocupantes do vasto território que ameaçam o mundo. São as grandes potências, com os Estados Unidos de Gore em primeiro lugar, que, ao sustentar grandes e bem equipados exércitos, pretendem governar todos os povos da Terra. Al Gore, que festejou a candidatura verde, é o mesmo que pronunciou, com todas as sílabas, uma frase reproduzida pela imprensa: “Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é só deles, mas de todos nós”. Desaforo maior é difícil.

Ninguém, de bom senso, quer destruir a Natureza, e será necessário preservar a vida em todo o planeta, não só na Amazônia. A senadora Marina Silva tem sido interlocutora ativa das ONGs internacionais, tão zelosas em defender os índios da Amazônia e desdenhosamente desinteressadas em ajudar os nativos da região de Dourados, em Mato Grosso do Sul, dizimados pela doença, corrompidos pelo álcool e, não raras vezes, assassinados por sicários.

Argumente-se, em favor da senadora, que o seu fervor quase apostólico na defesa dos povos da Floresta dificulta-lhe a visão política geral. Mas seu apego a uma só bandeira, a da ecologia radical, e o fundamentalismo religioso protestante que professa, reduzem as perspectivas de sua candidatura. Com todos os seus méritos e virtudes, não é provável que entenda o Brasil em toda a sua complexidade, em toda a sua inquietude intelectual, em toda a sua maravilhosa diversidade regional. As conveniências da campanha eleitoral já a desviaram de alguns de seus compromissos juvenis. Esse seu pragmatismo está merecendo a atenção do ex-presidente Fernando Henrique, que pretende um segundo turno com a aliança entre Serra e Marina. Como sempre ocorre com os palpites políticos do ex-presidente, essa declaração é prejudicial a Serra e, provavelmente, também a Marina. Ela, vista por muitos como inocente útil daqueles que nos querem roubar a Amazônia, é vista pelo ex-presidente como inocente útil da candidatura dos tucanos de São Paulo. É possível desculpar a ingenuidade na vida comum, mas jamais aceitá-la quando se trata das razões de Estado.

José Serra poderia ter tido outro desempenho eleitoral, se tivesse desouvido alguns de seus aliados, como Fernando Henrique, que lhe debitou a política de privatizações, e Cesar Maia, que lhe impôs o inconveniente e troglodita Indio da Costa como vice.

----------

Sra. Marina Silva, candidata à Presidência da República,

Procure entender que é imprescindível para a evolução econômica-social de nosso país
um projeto ambiental que seja coerente com a batalha contra a miséria e o subdesenvolvimento, dentro de uma ótica de preservação de nossa soberania.

Suas idéias, seus valores, sua submissão à ideologia capitalista trabalha por estacionar a produção e o desenvolvimento do Brasil em benefício de uma servidão voluntária a interesses alienígenas.

De uma ascensão sua à Presidência de nosso Brasil somente poderíamos esperar uma eterna miséria verde.

Entenda: Um povo não é composto de herbívoros!

Grande bem a sra. faria ao seu país e ao seu povo se deixasse de dividir as forças progressistas e se candidatasse à Presidência da Associação Nacional dos Haras.

Cordialmente,

Ivan M. Bulhões

2o. Ten R/2 do Exército Brasileiro, economista, pós-graduado em segurança da informação, consultor de segurança corporativa, e NÃO filiado a nenhum partido político.

----------

Terça-Feira, 28 de Setembro de 2010

VOX/BAND: DILMA TEM 55% DOS VOTOS VÁLIDOS.

EM AÇÃO, A ENDOGAMIA VERDE-LACERDISTA
 
O arrastão do conservadorismo jogará todas as cartas nas próximas horas na tentativa de reverter a vantagem de Dilma, na prática ou no imaginário popular. Outros Datafolhas e Ibopes virão até domingo.
Objetivamente, o conservadorismo nativo não tem nenhuma proposta, nenhum projeto capaz de mobilizar essa virada estatisticamente colossal. Resta-lhe, porém, uma endogamia publicitária apoiada em duas frentes, cuja desfrute mútuo produz efeitos não subestimáveis; a saber: I) afogar os avanços sociais e econômicos dos últimos oito anos num 'mar de lama' cenográfico, anabolizado pelo dispositivo midiático até o dia da votação; II) usar --o termo é tristemente esse-- 'usar' Marina Silva como glacê verde do udenismo lacerdista, emprestando-lhe um frescor de photoshop que a direita nunca teve neste país e Serra, naturalmente, foi incapaz de suprir.
Sim, a aliança de forças pró-Dilma também inclui remanescentes da direita e centro direita abrigados em partidos aliados. A diferença na história é sempre quem detém a hegemonia do processo. Do lado de Dilma, em última instancia, são os sindicatos operários e os movimentos sociais que concentram uma capacidade de mobilização capaz de fazer a diferença no prato da balança política.
E no caso de Marina Silva, para qual margem do rio estão sendo arrastados os votos dirigidos a uma suposta candidatura de terceira via? Objetivamente, acima de ressentimentos e divergências superáveis, esse é o quadro sobre o qual o ambientalismo progressista deve refletir.  
----------

http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/09/28/lucia-hippolito-vota-na-marina-por-que-a-globo-trocou-de-candidato/l

Vota na Marina. Por que a Globo trocou de candidato

Publicado em 28/09/2010

    Kelly bag com havaiana verde: ideal para ir à Fundação Roberto Marinho
    No Blog da Lucia Hippilito. lá está:

    A candidata do Blog é a Bláblárina Silva que, segundo a Hippolito, tem “a cara do Brasil” (esconjuro!).

    Nada mais natural.

    O PiG (*) fora de São Paulo já sabe: o jenio tem essa propriedade: ele perde.

    A Bláblárina é o “novo”.

    O “chic”.

    O “radical chic” do West Side.

    O Natura: perfumado, mas nem tanto.

    O radical que entra nas colunas sociais.

    O radical que sabe onde fica Kyoto.

    Que morde mas não aperta.

    Que, se for preciso, pára de morder.


    O radical que adora os filmes do Fernando Meirelles.

    Come barra de cereal para não engordar.

    Odeia bife de tira.

    Cerveja, cachaça ?

    Não, vinho branco não muito gelado.

    Que já foi de esquerda, de direita, mas agora viu a Luz.

    O radical que trocou a “teoria da dependência” pelo Al Gore.

    Usar Havaianas com Kelly bag.

    Pobreza ?

    Aumento do salário mínimo ?

    Índice de Gini ?

    Nada disso: calota polar, CO2, gás estufa – isso é o que importa.

    Distribuir renda ?

    O importante é distribuir oxigênio.

    Precisamos garantir a sobrevivência da espécie (dos ricos).

    Não mudar nada.


    Se for para mudar alguma coisa, trocar a calça americana por calça de linho cáqui.

    Perder com a Bláblárina é mais chic do que perder com o Serra – que, além de tudo, é muito feio.

    E, na Globo, tudo isso tem uma vantagem: um dos filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – é “verde”, um ecologista militante de coquetel.

    A última vez em que esteve na Amazônia foi, provavelmente, numa escala do jatinho em Manaus, a caminho dos Hamptons.

    Paulo Henrique Amorim

    ----------

    Falsa e coisas piores....
    Muito bem, Sr. Plínio!


    http://www.jb.com.br/eleicoes-2010/noticias/2010/09/27/apos-debate-na-record-plinio-diz-que-considera-marina-muito-falsa/

    Jornal do Brasil, 27/09/2010 05h50

    Após debate na Record, Plínio diz que considera Marina "muito falsa"

    Perguntado ao final do debate da Rede Record, realizado na noite deste domingo, sobre a predileção que ele parece ter em atacar a candidata Marina Silva (PV), Plínio de Arruda Sampaio (Psol) justificou sua postura dizendo que considera a senadora muito falsa. "Eu acho a Marina muito transversal. Ela rotula sem rotular, bate sem bater, não quer querendo, ela é muito falsa".

    Plínio disse que quando Marina se comporta desse jeito "dá um troço" nele. O socialista repetiu a critica que já tinha feito à senadora durante o programa, dizendo que quando é para tratar de temas fáceis ela se posiciona de maneira categórica, mas que quando surge algum assunto polêmico ela foge e apela para o plebiscito.

    Na avaliação do candidato do Psol, o vencedor do debate foi ele mesmo. Na sequência, viriam os demais candidatos, todos empatados. "Eles estão indo razoavelmente bem do debate da Band para hoje, eles melhoraram pra burro, mas também depois de dois, três, quatro debates, eles aprendem". Questionado sobre como se prepara para os debates, Plínio revelou sua receita: "Gatorade, repouso, e o Plininho (filho do candidato) buzinando 'fala isso, fala aquilo...'". Ele explicou ainda que recebe contribuições do comitê de seu partido com direcionamentos sobre que tipo de perguntas deve fazer e a quem deve endereçá-las, mas que tem total liberdade para improvisá-las e atuar "muito solto".
    ----------

    Marina Silva e as novas florestas

    Gilson Caroni Filho

    O verdadeiro mestre não é somente o professor que sabe dar a aula com a lição na ponta da língua – é, sobretudo, aquele que sabe fazer discípulos. Quanto ao discípulo, é este mais do que o aluno que aproveita a lição na sala de aula. Na verdade, corresponde ao prolongamento do mestre, retendo-lhe o fascínio pelo resto da vida, como se o saber do professor continuasse a acompanhá-lo além do curso, alongando-lhe a presença.

    Cortejada pela grande imprensa como possibilidade de levar a eleição para o segundo turno, Marina parece bailar nas decisões hamletianas: faz que vai e volta do meio para trás como cantilena do Grande Sertão. Já não convida mais seu coração para dar batalha. Quando está madura a oportunidade de colocar o Brasil na trilha das aspirações populares, a "cabocla de tantas malárias e alergias" coloca-se como linha auxiliar de uma elite desprovida de projeto de consenso para o país.

    Rifando sua biografia, tergiversa sobre questões caras ao campo democrático-popular do qual, até bem pouco tempo, foi militante expressiva. A mulher que apostava na organização do povo como único agente capaz de resolver seus próprios problemas, elegendo suas prioridades e lutando para atingi-las, deu lugar a uma "celebridade" que, pretextando buscar um novo espaço político, reproduz o discurso dos editoriais reacionários. Deixou de dar valor ao partido político, ao sindicato, aos movimentos populacionais, às ações associativas. Esqueceu que são essas as instâncias capazes de superar um modo de vida que não corresponde às expectativas reais dos seres humanos de verdade.

    Sua candidatura busca cobrir um vazio que não existe. Hoje, todos reconhecem que o crescimento econômico deve ser visto como condição necessária, mas não suficiente, do desenvolvimento social. O governo petista criou as condições políticas para o surgimento de uma nação que efetivamente combate a miséria e a pobreza extremas, implementando princípios econômicos que aumentaram a oferta de emprego e a remuneração condigna de trabalho.

    Há oito anos, a visão progressista contempla valores ambientais imprescindíveis à saúde e ao bem-estar do ser humano, não isentando, como muitos querem crer, as elites regiamente capitalizadas nos tempos do consórcio demo-tucano. Sendo assim, onde estaria a novidade, e até mesmo a necessidade da agenda de Marina Silva?

    Equilíbrio ambiental e desenvolvimento sustentável são elementos indispensáveis ao futuro do país. Exigem do movimento ecológico uma reformulação radical que o torne matriz de uma nova esquerda. A Amazônia é um exemplo. Seu desmatamento é obra conjunta de latifundiários, grandes empresários e empresas mineradoras. São os inimigos a serem confrontados prontamente. É essa a perspectiva da “doce" Marina e seus aliados recentes?
    Quando em entrevista a uma revista semanal, a ex-ministra do Meio Ambiente disse: "tenho um sentimento que mistura gratidão e perda em relação ao PT. Sair do partido foi, para mim, um processo muito doloroso. Perdi quase 3 quilos. Foi difícil explicar até para meus filhos. No álbum de fotografias, cada um deles está sempre com uma estrelinha do partido. É como se eu tivesse dividido uma casa por muito tempo com um grupo de pessoas que me deram muitas alegrias e alguns constrangimentos. Mudei de casa, mas continuo na mesma rua, na mesma vizinhança". Marina mistura oportunismo e desorientação espacial.

    A senadora do PV sabe que, uma vez derrubada, a floresta não se recompõe. Que tipo de “empates" se propõe travar com as alianças escolhidas? O partido que a convidou para bailar sobrevive de parcerias antagônicas a sua antiga história de combatividade, coerência e superação. Como nas matas degradadas, a política tem fios de navalha onde tudo perde a cor e dificilmente se refaz. A rua e a vizinhança são decorrências geográficas de escolhas caras. No caso de Marina, tudo mudou.

    Chico Mendes reafirmava que “se descesse um enviado dos Céus e me garantisse que minha morte iria fortalecer nossa luta, até que valeria a pena. Mas a experiência nos ensina o contrário. Então eu quero viver". Por sua discípula isso está cada vez mais improvável.

    Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário