quarta-feira, 27 de outubro de 2010

João do Vale, O Poeta do Povo




http://aartedomeupovo.blogspot.com/2010/05/joao-do-vale-o-poeta-do-povo.html





“João Batista do Vale mais conhecido como João do Vale (Pedreiras, 11 de outubro de 1934 — São Luís, 6 de dezembro de 1996) foi um músico, cantor e compositor maranhense.

De origem humilde, João sempre gostou muito de música, aos 13 anos se mudou para São Luís. Em 1964 estreou como cantor. Suas principais composições são: 'Carcará', em parceria com José Cândido e imortalizado na interpretação de Maria Bethânia; 'Peba na pimenta', com Adelino Rivera; e 'Pisa na fulô',  com Silveira Júnior.

João Batista do Vale desde pequeno gostava muito de música, mas logo teve de trabalhar para ajudar a família. Aos 13 anos foi para São Luís - MA, onde participou de um grupo de bumba-meu-boi, o Linda Noite, como "amo" (pessoa que faz os versos). Dois anos depois, começou sua viagem para o Sul, sempre em boleias de caminhões. Em Fortaleza-CE, foi ajudante de caminhão; em Teófilo Otoni-MG, trabalhou no garimpo; e no Rio de Janeiro-RJ, onde chegou em dezembro de 1950, empregou- se como ajudante de pedreiro numa obra no bairro de Ipanema.

Passou a frequentar programas de rádio, para conhecer os artistas e apresentar suas composições, em maioria baiões. Depois de dois meses de tentativas, teve uma música de sua autoria gravada por Zé Gonzaga, Cesário Pinto, que fez sucesso no Nordeste. Em 1953, Marlene lançou em disco 'Estrela miúda', que também teve êxito; outros cantores, como Luís Vieira e Dolores Duran, gravaram então músicas de sua autoria. Em 1964 estreou como cantor no restaurante Zicartola, onde nasceu a ideia do espetáculo Opinião, dirigido por Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, que foi apresentado no teatro do mesmo nome, no Rio de Janeiro.

Dele participou, ao lado de Zé Kéti e Nara Leão, tornando-se conhecido principalmente pelo sucesso de sua música 'Carcará' (com José Cândido), a mais marcante do espetáculo, que lançou Maria Bethânia como cantora. Como compositor, em 1969, fez a trilha sonora de 'Meu nome é Lampião' (Mozael Silveira). Depois de se afastar do meio musical por quase dez anos, lançou em 1973 'Se eu tivesse o meu mundo' (com Paulinho Guimarães) e, em 1975, participou da remontagem do 'Opinião', no Rio de Janeiro.

Tem dezenas de músicas gravadas e algumas delas deram popularidade a muitos cantores: 'Peba na pimenta' (com João Batista e Adelino Rivera), gravada por Ari Toledo, e 'Pisa na fulô' (com Ernesto Pires e Silveira Júnior), 'Baião', de 1957, gravado por ele mesmo. Em 1982 gravou seu segundo disco, ao lado de Chico Buarque, que, no ano anterior, havia produzido o LP João do Vale convida, com participações de Nara Leão, Tom Jobim, Gonzaguinha e Zé Ramalho, entre outros. Em 1994, Chico Buarque voltou a reverenciar o amigo, reunindo artistas para gravar o disco João Batista do Vale, prêmio Sharp de melhor disco regional.




Aqui algumas obras do gênio popular, para você se deliciar:

Canto da ema
João do Vale

http://www.youtube.com/watch?v=qUawNS9JTP8&p=6B4FFF9226EF0216&playnext=1&index=1

A ema gemeu no tronco do juremau (2x)
Foi um sinal bem triste, morena
Fiquei a imaginar
Será que é o nosso amor, morena
Que vai se acabar?
Você bem sabe, que a ema quando canta
Traz no meio do seu canto um bocado de azar
Eu tenho medo, morena, eu tenho medo
Pois acho que é muito cedo
Pra essa amor acabar
Vem morena, vem, vem, vem
Me beijar, me beijar
Dá um beijo, dá um beijo
Pra esse medo se acabar


Carcará
João do Vale / José Cândido

http://www.youtube.com/watch?v=NZbxncygOPQ

Carcará
Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando,
Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
O sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará
Pega, mata e come
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa o umbigo inté matá
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará



Coroné Antônio Bento
João do Vale / Luis Wanderley

http://www.youtube.com/watch?v=oVf47pU8kUI

Coroné Antônio Bento
No dia do casamento
Da sua filha Juliana
Ele não quis sanfoneiro
Foi pro Rio de Janeiro
E convidou Benê Nunes
Pra tocar,
Olê, lê, olá, lá
Nesse dia Bodocó
Faltou pouco pra virá
Todo mundo que mora por ali
Esse dia num pôde arresisti
Quando ouvia o toque do piano
Rebolava, saia arrequebrando
Inté Zé Macaxera que era o noivo
Dançou a noite inteira sem pará
Que é costume de todos que se casa
Ficá doido pra festa se acabá.
Nesse dia Bodocó
Faltou pouco pra virá
Meia-noite o Bené se enfezou
E tocou um tal de rock'n'roll
Os matutos caíram no salão
Não quiseram mais xote nem baião
Foi aí que eu vi que no sertão
Também tem os matuto transviado
Nesse dia Bodocó
Faltou pouco pra virá.





Na Asa do Vento
João do Vale

http://www.youtube.com/watch?v=T8aJd64yF40

Deu meia noite, a lua faz um claro
Eu assubo nos aro, vou brincar no vento leste
A aranha tece puxando o fio da teia
A ciência da abeia, da aranha e a minha
Muita gente desconhece
Muita gente desconhece, olará, viu?
Muita gente desconhece
Muita gente desconhece, olará, tá?
Muita gente desconhece
A lua é clara, o sol tem rastro vermelho
É o lago um grande espelho onde os dois vão se mirar
Rosa amarela quando murcha perde o cheiro
O amor é bandoleiro, pode inté custar dinheiro
É fulô que não tem cheiro e todo mundo quer cheirar
Todo mundo quer cheirar, olará, viu?
Todo mundo quer cheirar
Todo mundo quer cheirar, olará, tá?
Todo mundo quer cheirar


Pisa na Fulô
João do Vale / Silveira Jr. / Ernesto Pires

http://www.youtube.com/watch?v=_TVsOV-WGe0

Pisa na fulô, pisa na fulô
Pisa na fulô
Não maltrata o meu amor
Um dia desses
Fui dançar lá em Pedreiras
Na rua da Golada
Eu gostei da brincadeira
Zé Cachngá era o tocador
Mas só tocava
Pisa na fulô
Pisa na fulô, pisa na fulô...
Seu Serafim cochichava com Dió
Sou capaz de jurar
Que nunca vi forró mió
Inté vovó
Garrou na mão do vovô
vamos embora meu veinho
Pisa na fulô
Pisa na fulô, pisa na fulô...
Eu vi menina que tinha doze anos
Agarrar seu par
E também sair dançando
Satisfeita, dizendo
"Meu amor ai como
É gostoso pisa na fulô"
Pisa na fulô, pisa na fulô...
De magrugada Zeca Cachangá
Disse ao dono da casa
"Não precisa me pagar
Mas por favor
Arranja outro tocador
Que eu também quero
Pisa na fulô"
Pisa na fulô, pisa na fulô...
Eu vi menina que tinha doze anos...


Oricuri (O Segredo do Sertanejo)
João do Vale/José Cândido
http://www.youtube.com/watch?v=T8VlWKcgcws

Oricuri madurou ô é sinal
Que arapuá já fez mel
Catingueira fulôro lá no sertão
Vai cair chuva granel
Arapuá esperando
Oricuri "maduricer"
Catingueira fulôrando sertanejo
Esperando chover
Lá no sertão, quase ninguém tem estudo
Um ou outro que lá aprendeu ler
Mas tem homem capaz de fazer tudo doutor
E antecipa o que vai acontecer
Catingueira fulora vai chover
Andorinha voou vai ter verão
Gavião se cantar é estiada
Vai haver boa safra no sertão
Se o galo cantar fora de hora
É mulher dando fora pode crer
A cauã se cantar perto de casa
É agoro é alguém que vai morrer
São segredos que o sertanejo sabe
E não teve o prazer de aprender ler
Oricuri madurou ô é sinal
Que arapuá já fez mel

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