segunda-feira, 12 de junho de 2017

O Dia dos Namorados




O Dia dos Namorados


Por Fernando Moura Peixoto



As promessas de namorados pela maior parte são fáceis de prometer e difíceis de cumprir.”

Cervantes (1547 – 1616),Dom Quixote, Parte Segunda, Cap. LII.





Um trabalho bem humorado mostrando casais apaixonados clicados nas ruas de Botafogo, Copacabana e Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, entre 2012 e 2015.

Embalando o clima de romantismo, o pianista francês Richard Clayderman (1953-) interpreta ‘Plaisir D’Amour’ (Chaubeaussière/Martini/Claris, em arranjo de O. Toussaint/G. Salesses), ‘Love Me Tender’ (Poulton/Darby/Matson/Presley), ‘Love Is Blue’ (Popp/Cour/Mauriat/Blackburn) e ‘Till’ (Lupi/Buisson/Denvers/Sigman). 



São muitas as demonstrações públicas de carinho e afeto, livres e espontâneas, sem falso puritanismo. Entremeadas com expressivas imagens – também captadas na urbe, – de flores, dizeres em grafites e cartazes, as fotos compõem um interessante mosaico romântico, em um flerte sensual com a contemporaneidade.


Nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987), mineiro de Itabira, disse, em ‘Declaração de Amor – Canção de Namorados’ (livro de 27 poemas selecionados pelos netos Pedro Augusto e Luís Maurício), que “o Dia dos Namorados para ele era todo dia: não havia dias determinados para se amar noite e dia”.

Já outro luminar de nossas letras, o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues (1912 – 1980), pernambucano do Recife, afirmava que “o amor é eterno; se o amor acabou é porque não era amor”.

No Brasil, o Dia dos Namorados é uma data comemorativa de caráter comercial. 
 Historicamente, sua origem remonta a frei Fernando de Bulhões (1191 – 1231), português nascido em Pádua, que enfatizava nas pregações religiosas o valor do amor e do casamento. 

Em virtude disso, António de Lisboa (ou António de Pádua) – que viveu na virada da Idade Média em Lisboa –, recebeu fama de ser um “santo casamenteiro” após sua beatificação e canonização, em 1232, pela Igreja Católica, através do Papa Gregório IX (1141 – 1245), na Catedral de Espoleto, em Perúgia, na Úmbria, centro da Itália.

Véspera do Dia de Santo Antônio (“O Casamenteiro”), 13 de junho, escolheu-se o dia 12 para a habitual manifestação de troca de cartões, flores, presentes e lembranças entre os apaixonados. A ideia partiu do publicitário João Dória (1919 – 2000), baiano de Salvador – pai do atual prefeito de São Paulo, João Dória Júnior (1957-) –, da agência Standard Propaganda, contratado em 1949 pela direção da loja ‘A Exposição Clipper’, em São Paulo, para criar alguma coisa que impulsionasse as vendas, sempre em queda durante o mês que precede as férias escolares de julho.
O mote da campanha expressava a ideia de que nem só de beijos vivia o amor, ou que um verdadeiro amor não se provava apenas com beijos. O modismo iria pegar mesmo somente dez anos depois.

Concordo plenamente com mestre Drummond:

O dia dos Namorados
para mim é todo dia.
Não tenho dias marcados
para te amar noite e dia.

O dia 12 de junho,
como qualquer outro, diz
(e disso dou testemunho)
que contigo sou feliz.


“Todos los amores son eternos. Lo único que cambia es la persona.”

Sofocleto (1926 - 2004), ‘Sinlogismos’.

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