O
Dia dos Namorados
Por
Fernando Moura Peixoto
“As promessas de namorados
pela maior parte são fáceis de prometer e difíceis de cumprir.”
Cervantes (1547 – 1616), ‘Dom Quixote’, Parte
Segunda, Cap. LII.
Um trabalho bem humorado mostrando casais
apaixonados clicados nas ruas de Botafogo, Copacabana e Laranjeiras, zona sul do
Rio de Janeiro, entre 2012 e 2015.
Embalando o clima de romantismo, o pianista francês Richard Clayderman (1953-) interpreta ‘Plaisir D’Amour’ (Chaubeaussière/Martini/Claris, em
arranjo de O.
Toussaint/G. Salesses), ‘Love Me Tender’ (Poulton/Darby/Matson/Presley),
‘Love Is Blue’ (Popp/Cour/Mauriat/Blackburn) e ‘Till’ (Lupi/Buisson/Denvers/Sigman).
São muitas as demonstrações públicas de carinho e
afeto, livres e espontâneas, sem falso puritanismo. Entremeadas com expressivas
imagens – também captadas na urbe, – de flores, dizeres em grafites e cartazes,
as fotos compõem um interessante mosaico romântico, em um flerte sensual com a
contemporaneidade.
Nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade (1902 –
1987), mineiro de Itabira, disse, em
‘Declaração de
Amor – Canção de Namorados’ (livro
de 27 poemas selecionados pelos netos Pedro Augusto e Luís Maurício),
que “o
Dia dos Namorados para ele era todo dia: não havia dias determinados para se amar noite e dia”.
Já outro luminar de nossas letras, o jornalista e
dramaturgo Nelson
Rodrigues (1912 – 1980),
pernambucano do Recife, afirmava que “o amor é eterno; se o amor acabou é porque não era amor”.
No
Brasil, o Dia dos Namorados é uma data
comemorativa de caráter comercial.
Historicamente, sua
origem remonta a frei Fernando de Bulhões (1191 – 1231), português nascido em
Pádua, que enfatizava nas pregações religiosas o valor do amor e do casamento.
Em virtude disso, António de Lisboa (ou António de Pádua) – que viveu na virada da Idade Média em Lisboa –,
recebeu fama de ser um “santo
casamenteiro” após sua beatificação e canonização, em 1232, pela Igreja
Católica, através do Papa Gregório IX (1141 – 1245), na Catedral de
Espoleto, em Perúgia, na Úmbria, centro da Itália.
Véspera do Dia de Santo Antônio (“O
Casamenteiro”), 13 de junho, escolheu-se o dia
12 para a habitual manifestação de
troca de cartões, flores, presentes e lembranças entre os apaixonados. A ideia
partiu do publicitário João Dória (1919 – 2000), baiano de Salvador – pai do atual prefeito de São Paulo,
João Dória Júnior (1957-)
–, da agência Standard Propaganda,
contratado em 1949 pela direção da loja ‘A Exposição Clipper’,
em São Paulo, para criar alguma coisa que impulsionasse as vendas, sempre em
queda durante o mês que precede as férias escolares de julho.
O mote da campanha expressava a ideia de que nem só
de beijos vivia o amor, ou que um verdadeiro amor não se provava apenas com beijos.
O modismo iria pegar mesmo somente dez anos depois.
Concordo plenamente com mestre Drummond:
O dia dos Namorados
para mim é todo dia.
Não tenho dias marcados
para te amar noite e dia.
O dia 12 de junho,
como qualquer outro, diz
(e disso dou testemunho)
que contigo sou feliz.
“Todos los amores son eternos. Lo único que cambia es la persona.”
Sofocleto (1926 - 2004), ‘Sinlogismos’.
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