Jornal GGN, 13/06/17
A bolinha de papel de Mirian Leitão
Por Luis Nassif
Não gosto de me meter em brigas de jornalistas. Mas o episódio abaixo teve intenções políticas óbvias, que transcendem as meras quizílias corporativas.
Estamos em plena era das redes sociais. Hoje em dia, celulares captam PMs assassinando pessoas em ruelas escuras, políticos sendo escrachados na rua, em casa, em aviões. Um funcionário da United foi filmado retirando um passageiro do avião.
Segundo a jornalista Mirian Leitão, no dia 3 de junho, ou seja, dez dias atrás, ela foi escrachada em um avião da Avianca por um grupo do PT. Segundo Mirian, não foi uma manifestação qualquer, foram duas horas (!) de ofensas.
"Durante o voo foram muitas as ofensas, e, nos momentos de maior tensão, alguns levantavam o celular esperando a reação que eu não tive. Houve um gesto de tão baixo nível que prefiro nem relatar aqui. Calculavam que eu perderia o autocontrole. Não filmei porque isso seria visto como provocação. Permaneci em silêncio. Alguns, ao andarem no corredor, empurravam minha cadeira, entre outras grosserias”.
Segundo depoimento do advogado Rodrigo Mondego, no Facebook, presente ao voo (https://goo.gl/p6x7KH)
Cara Miriam Leitão,
A senhora está faltando com a verdade!
Eu estava no voo e ninguém lhe dirigiu diretamente a palavra,
justamente para você não se vitimizar e tentar caracterizar uma injúria ou
qualquer outro crime. O que houve foram alguns poucos momentos de manifestação pacífica contra principalmente a empresa que a senhora trabalha e o que ela
fez com o país. A senhora mente também ao dizer que
isso durou as duas horas de voo, ocorreu apenas antes da decolagem e no
momento do pouso.
Um segundo depoimento foi de Lúcia Capanema, professora de Urbanismo da UFF - Universidade Federal Fluminense (https://goo.gl/JjWSSA)
“(...) Fui
a última a entrar no avião, e quando o fiz encontrei
um voo absolutamente normal. Não notei sua presença pois não havia nenhum tipo
de manifestação voltada à sua pessoa. O episódio narrado por mim na
semana passada a respeito da entrada de um agente da Polícia Federal no voo
6342 da Avianca no dia 03 de junho foi confirmado em nota oficial pela própria
companhia aérea. Você pode dizer na melhor das hipóteses que não viu o agente,
mas não pode afirmar que "Se esteve lá, ficou na porta do avião e não
andou pelo corredor". Andou, dirigiu-se ao passageiro da poltrona 21A e
ameaçou-o (https://goo.gl/KpX9P9).
Durante as duas horas de voo nada houve de forma a
ameaçá-la, achincalhá-la ou mesmo citá-la nominalmente. Por duas ou três vezes entoou-se os já
consagrados cânticos "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo" e
"a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura"; cânticos
estes que prescindem da sua presença ou de qualquer pessoa relacionada a
empresa em que você trabalha, como se pode notar em todas as manifestações
populares de vulto no país. Veja bem, estávamos
a apenas seis fileiras de distância e eu só fui saber de sua presença na
aeronave na segunda-feira seguinte, depois de ter escrito o relato
publicado por várias fontes de informação da mídia alternativa. (...)
Nada melhor do que a prova do pudim.
Alguém pode imaginar uma cena dessas, de duas horas de escracho, em um voo comercial em uma das rotas aéreas mais frequentadas do país, passar em branco durante dez dias, sem uma menção sequer nas redes sociais ou mesmo no próprio blog da jornalista? Não teve uma pessoa para sacar de seu celular e filmar as supostas barbaridades cometidas contra a jornalista? Não teve um passageiro para denunciar os absurdos no seu perfil? E a jornalista disse que não filmou por ter se sentido intimidada e estoicamente guardou durante dez dias as ofensas que diz ter sido alvo.
Sinceramente, como é possível a uma pessoa empurrar ostensivamente a cadeira de um passageiro, de uma senhora, sem provocar uma reação sequer dos demais? Tivesse sido alvo de um escracho real, teria toda minha solidariedade. Não foi o caso.
Mesmo assim, imediatamente – como seria óbvio – a denúncia de Mirian provocou manifestações de solidariedade não apenas de entidades de classe como de jornalistas que não se alinham ao seu campo de ideias. De repente, foram relevadas todas as opiniões polêmicas da jornalista, nesses tempos de lusco-fusco político, de ginásticas mentais complexas para captar os ventos da Globo, para que explodisse uma solidariedade ampla.
No início do governo Dilma, houve episódio semelhante com Mirian, com a tal manipulação de seu perfil na Wikipedia por algum funcionário do Palácio. As alterações diziam que ela teria cometido erros de avaliação em alguns episódios.
Não existe um personagem público que não tenha sofrido com interferências em seu perfil na Wikipedia. E tentar transformar em atentado político, por ter partido de um computador da rede do Palácio, é o mesmo que acusar uma empresa por qualquer e-mail enviado por qualquer funcionário.
Mesmo assim, Mirian tratou o episódio como se fosse uma ofensa profunda à sua moral e um ato de intolerância política.
O lance pegou uma presidenta ansiosa por demonstrar solidariedade que, imediatamente, ordenou a abertura de um inquérito para apuração de responsabilidades. Um episódio insignificante ganhou, então, contornos de um quase atentado terrorista.
E, assim como agora, todos os amigos e adversários de Mirian esqueceram as diferenças, por alguns instantes, para se irmanar em um daqueles momentos em que todos amainam a visão crítica e se solidarizam com a suposta vítima.
E depois se diz que são as redes sociais que criam a pós-verdade.
http://www.diariodocentrodomun
DCM, 13/06/17
A versão de Míriam Leitão para sua agressão durou menos tempo que o famoso voo
Por Carlos Fernandes*
Como todos que defendem a inegociável liberdade de imprensa, o necessário respeito à pluralidade de ideias e a imprescindível civilidade no trato com o ser humano, fui solidário à jornalista Míriam Leitão no episódio em que alega ter sido vítima de um ataque verbal.
Independentemente
de nossas preferências político-partidárias, é sempre importante não perdermos
o horizonte de que numa democracia as batalhas devem ser travadas no campo das
ideias, jamais no campo dos insultos, ainda que neste caso a recíproca nunca
tenha sido exatamente verdadeira.
Míriam Leitão, mais do que uma jornalista, é o retrato
esculpido da brutalidade com que o jornalismo de guerra praticado pela mídia
familiar brasileira atua para destruir os seus adversários políticos.
Apesar disso, a violência, seja física ou psicológica, não deve e não pode ser tolerada
pela sociedade, sobretudo pela sua parcela que sempre defendeu a preservação da
dignidade do cidadão individual e dos direitos humanos.
Mas o fato é que a sua versão do que ocorreu no voo 6237 da
Avianca no dia 3 de junho não durou sequer o tempo que precisou ficar na
aeronave na viagem de Brasília ao Rio de Janeiro.
Revoltados com a descrição dos “fatos”
narrados pela jornalista, vários passageiros que estavam no voo já desmentiram as suas
“verdades” com a mesma facilidade com que é possível desconstruir as suas
previsões econômicas.
É constrangedor (para não dizermos outra coisa) que
uma pessoa que tem como dever profissional relatar os fatos com imparcialidade,
se preste ao serviço de mentir em público com tanta desenvoltura com o único
propósito de aprofundar ainda mais o clima de ódio que ela mesma, e o seu
patrão, tanto ajudaram a criar.
O curioso é que em determinado momento do
ser artigo/desabafo, Míriam conta que a chamaram de “terrorista”. Neste ponto,
diz ela:
“Pensei na ironia. Foi
‘terrorista’ a palavra com que fui recebida em um quartel do Exército, aos 19
anos, durante minha prisão na ditadura. Tantas décadas depois, em plena
democracia, a mesma palavra era lançada contra mim.”
Não, querida, essa não é a grande ironia dessa história. Ironia
mesmo é você ter sido presa pela ditadura militar e hoje, tantas décadas
depois, você servir com tanta fidelidade canina à empresa que defendeu e
patrocinou os seus torturadores.
Mas ironias à parte, confirmado o
desmentido na sua forma, já não me sinto na obrigação de ser solidário a Míriam
Leitão.
Guardada as devidas proporções,
solidarizar-se com essa mulher nas condições de uma mentira, é caminhar para a
mesma decepção sentida pelo pato Miguel Reale em
relação ao seu PSDB.
Seja como for, no fim das contas Míriam Leitão se superou: além de uma entusiasta manipuladora dos dados econômicos
nacionais e incorrigível vedete da oligarquia midiática que destrói a
democracia brasileira, agora também já pode ser vista como uma requintada
mentirosa do cotidiano falso-burguês.
Seu público deve está adorando, afinal, a hipocrisia está a bordo.
* Economista com MBA na PUC-Rio
http://bemblogado.com.br/site/ professora-de-urbanismo-tambem -afirma-que-miriam-leitao- mentiu-sobre-episodio-em- aviao/
Bem Blogado, 13/06/17
Professora de urbanismo também afirma que Miriam Leitão mentiu sobre episódio em avião
Por Lucia Capanema*
Miriam Leitão, por não ler seus textos, achava que a senhora só mentia na telinha.
Fui a última a entrar no avião e quando
o fiz encontrei um voo absolutamente normal. Não notei
sua presença, pois não havia nenhum tipo de manifestação voltada à sua pessoa.
O episódio narrado por mim, aqui neste blog, na semana passada a respeito
da entrada de um agente da Polícia Federal no voo 6342 da Avianca, no dia 03 de
junho, foi confirmado em nota oficial pela própria companhia aérea. Você pode
dizer na melhor das hipóteses que não viu o agente, mas não pode afirmar que
“Se esteve lá, ficou na porta do avião e não andou pelo corredor”. Andou,
dirigiu-se ao passageiro da poltrona 21A e ameaçou-o.
Durante as duas horas de voo nada houve de forma a
ameaçá-la, achincalhá-la ou mesmo citá-la nominalmente. Por duas ou
três vezes entoou-se os já consagrados
cânticos “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” e “a verdade é dura, a Rede
Globo apoiou a ditadura”; cânticos estes que prescindem da sua presença ou
de qualquer pessoa relacionada a empresa em que você trabalha, como se pode
notar em todas as manifestações populares de vulto no país.
Veja bem, estávamos
a apenas seis fileiras de distância e eu só fui saber de sua presença na
aeronave na segunda-feira seguinte, depois de ter escrito o relato
publicado por várias fontes de informação da mídia alternativa.
De acordo com a companhia aérea, o piloto
requisitou a presença de um policial a bordo, “após a tripulação detectar um
tumulto a bordo que poderia atentar à segurança operacional e à integridade dos
passageiros”.
Compreenda-se: Para garantir a alegada
integridade de uma “celebridade global”. Ora, passa pela sua cabeça deturpada quantas pessoas públicas foram e são
cotidianamente abordadas de forma negativa nos voos do nosso Brasil afora?
Pode você
imaginar quantos pobres, negros, nordestinos, foram ofendidos em voos e
aeroportos por sua origem humilde? E
quantas vezes você acredita terem chamado agentes da Polícia Federal? É sua posição de destaque na abjeta construção de um país
cindido que a coloca como celebridade merecedora de tamanho desvelo.
E agora vem com esta nota recheada de
inverdades fazer-se de vítima, buscando até mesmo um passado em que
você teria sido presa, para assim fazer mais uma vez esse discurso do ódio e da
violência?
Permita-me dizer quem cria esse discurso é a emissora a que
você pertence, não só no noticiário distorcido como em sua
teledramaturgia: Ensina-se não só a odiar o PT e os jovens pobres e negros que
se manifestam nas ruas chamando-os de vândalos, mas também como envenenar o
marido e sair ilesa, como jogar a sobrinha recém-nascida no lixo e outros
horrores.
Cotidianamente
você adentra os lares brasileiros para destilar suas mentiras e seu ódio a
governos populares que não lhe garantiram os privilégios que gozava no governo
de seu amigo e benfeitor FHC.
Cotidianamente
você constrói o ódio dos brasileiros aos seus pares; porque os 60% mais
pobres deste país não podem gostar e apreciar governos e partidos dos seus
iguais.
Você mente para que a população admire e vote somente na
elite à qual você pertence. É você quem violenta não só a nossa
inteligência, mas também o princípio do amor ao próximo, da igualdade entre os
seres humanos.
Não é surpresa que nesta nota de hoje você
ridicularize os conhecimentos históricos de um passageiro, que certamente não
teve da vida e do poder público as mesmas benesses que você.
Os
petistas do nosso voo não são “profissionais do partido”, são militantes e
delegados. Você sim, na qualidade de
profissional da oligarquia midiática brasileira, se aproveita do episódio para
envolver e criminalizar nosso mais querido presidente.
Deixem-no
em paz e verão que ele, mais uma vez, fará história em favor das classes que
vocês odeiam.
*Professora de urbanismo da UFF – Universidade Federal do Rio de Janeiro
http://www.brasil247.com/pt/24
Brasil 247, 13/06/17
Passageiro presente no voo de Miriam Leitão desmente jornalista
247
O advogado Rodrigo Mondego contestou a jornalista Miriam Leitão, em sua coluna desta terça-feira, 13, afirmou ter sofrido agressões de militantes do PT durante voo de Brasília para o Rio de Janeiro, no dia 3 de junho, data do último dia do Congresso do PT.
Em post em seu Facebook, Rodrigo Mondego disse que estava no voo em que houve o incidente e disse que a colunista do Globo "mentiu" em seu relato.
"Cara Miriam Leitão, a senhora está faltando com a verdade! Eu estava no vôo e ninguém lhe dirigiu diretamente a palavra, justamente para você não se vitimizar e tentar caracterizar uma injúria ou qualquer outro crime. O que houve foram alguns poucos momentos de manifestação pacífica contra principalmente a empresa que a senhora trabalha e o que ela fez com o país. A senhora mente também ao dizer que isso durou as duas horas de vôo, ocorreu apenas antes da decolagem e no momento do pouso", diz Mondego.
Em sua coluna no Globo, Miriam diz que "não acha que o PT é isso", mas ressalta que "os protagonistas desse ataque de ódio eram profissionais do partido" (leia mais).
"Se a carapuça serviu com os gritos de 'golpista', era só não ter apoiado a ação orquestrada por Eduardo Cunha e companhia, simples. E seja sincera, a senhora odeia o Partido dos Trabalhadores e o atacou das mais diversas formas na última década, aceitando inclusive se aliar com os que antes foram seus algozes na ditadura militar", acrescentou Mondego.
OGlobo.com, 13/06/17
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