sábado, 15 de abril de 2017

A Páscoa que acredito





Jornal GGN, 15/04/17



Esta é a Páscoa em que acredito


Por Rauni Fontana



Jesus nasceu numa quebrada. Periferia da periferia mesmo.

Passou a vida arrumando treta por questões sociais. Defendeu assassino, ladrão, puta, pobre e leproso.

Juntou uma galera pra defender a causa. Começou a fazer barulho.

Conquistou o desafeto da classe média e da elite (ponto pro cara).

Considerado subversivo, foi preso pelo Império.

A classe média pedia pena de morte, mas o crime não a justificava. Pôncio Pilatos jogou o b.o. pra Herodes. Herodes se ligou na mesma coisa e devolveu o b.o..

Pilatos deixou pra galera decidir. Bem pensado, porque desde aquele tempo, o povo já tava cheio de dateninha linchador.

O cara foi executado ouvindo piadinha de justiceiro.

E não foi morto "entre" bandidos. Foi executado pelo Estado COMO bandido - subversivo, que de fato era.

Enfim, o Messias cristão foi um sujeito pobre, nascido na perifa, engajado em questões sociais, executado como bandido pelo Estado sob os aplausos dos justiceiros.

Então, Jesus, se você estiver lendo isso e pensando em voltar, fica esperto.

Essa "gente de bem" de hoje em dia vai te matar de novo enquanto come bacalhau e ovo de Páscoa.

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