CartaCapital, 02/02/17
Dor, mas também raiva
Penso, por exemplo, naquelas duas patetas que foram fazer plantão de ódio diante do Sírio Libanês, quando a companheira de Lula foi internada.
Batiam naquela velha tecla, com seus cartazes ridículos: vai para o SUS, não para o Sírio.
Mas exprimiam o sentimento tosco daquele Brasil imenso que ainda não chegou à Lei Áurea: aos pobres, os maus tratos. Aos ricos, as benesses do privilégio.
A mulher que se casou com o metalúrgico atrevido teve, ao lado dele, a coragem ingênua de acreditar que um dia o padrão Sírio Libanês poderia ser para todos (e não excludente, como querem os videotas monitorados pela Globo).
Dá fúria a ignorância daqueles que torceram contra a dona Marisa – e que neste momento celebram nas redes sociais.
Ela foi humilhada e vilipendiada por aquele juiz de Curitiba que só vê crime de um lado – mesmo quando não há – e que se confraterniza com os criminosos amigos, em festins risonhos e engravatados de farta champanhota.
Mas deixemos para lá o justiceiro da camisa negra. Ele ainda tem trabalho pela frente. Destruiu dona Marisa mas ainda falta o Lula, não é mesmo, William Bonner?
http://jornalggn.com.br/notici
Jornal GGN, 02/02/17
Caso Marisa: a ética da Lava Jato e do PCC
Por Luis Nassif
Qual a intenção de Sérgio Moro e dos Procuradores da Lava Jato em
denunciar dona Marisa? Do
ponto de vista jurídico, nenhuma. Jamais comprovaram que o tríplex
era de Lula. Mesmo se fosse, não havia nada que pudesse ser impingido a dona
Marisa. Ela não participava de discussões políticas, menos ainda de negócios.
Limitava-se a cuidar dos filhos e netos e dar amparo emocional ao marido.
A intenção foi puramente
política, de bater, bater, bater em Lula, até que arriasse emocionalmente.
Não existe ética na guerra. E não
existe a figura do inimigo no direito. A Lava Jato se
tornou uma operação de guerra, caçando o inimigo e o direito se tornou instrumento de vingança.
Não viam a figura da mãe e da avó, mas apenas a mulher do inimigo a ser abatido.
Não viam a figura da mãe e da avó, mas apenas a mulher do inimigo a ser abatido.
Divulgaram
como prova de crime os pedalinhos que dona Marisa comprou para os netos.
Invadiram sua casa, entraram em seu quarto, reviraram até o colchão da cama.
Levaram seu marido detido, expuseram incontáveis vezes os filhos no tribunal da
mídia.
Esse exercício continuado de
crueldade, mais do que estilo jurídico, é marca de caráter.
É
possível encontrá-lo em diversos personagens e diversas situações, cada qual
subordinando-se aos ritos da classe e às prerrogativas da profissão.
No
Judiciário, gera alguns juízes vingadores. No Ministério Público, alguns
projetos de torquemadas. Cada qual busca a jugular do inimigo valendo-se das
armas que lhe foram conferidas institucionalmente. Não lhes exija momentos de civilidade, respingos de respeito, gotículas
de humanidade.
No PCC,
há chefes sanguinários que não se contentam com assassinatos de imagem e mortes
civis: eliminam fisicamente os adversários. Na Polícia Militar os
soldados que, com um revólver na mão, se consideram donos do mundo e das vidas.
No crime, o poder das chefias depende
apenas da meritocracia: não há concursos, nem carreiras pré-definidas, com
planos de cargos e salários. E eles correm risco, pois não contam com a
blindagem do Estado. São cruéis e são valentes.
Em comum, todos os
vingadores, os da lei e os fora-da-lei, têm a crueldade de caráter, o gozo infindável de chutar o
adversário de todas as formas, de tratá-lo como inimigo, os fora-da-lei matando
pessoas, os da lei expondo-as ao direito penal do inimigo, desumanizando-as,
transformando donas-de-casa em cúmplices, presentes de avó para netos em provas
de crime, violando seu quarto, sua penteadeira, suas lembranças.
Hoje, na Lava Jato, o juiz Moro e
cada procurador colocarão uma marca a mais no coldre virtual de onde empunham
suas armas legais. Que pelo menos tranquem a porta antes de iniciar a
comemoração.
Jornal GGN, 02/02/17
Ao nosso
querido Lula
Por
Eugênio Aragão
Acordei
atormentado hoje, Lula. Como se não bastasse a tensão destes
tempos, com o passamento de Teori Zavascki e
as tenebrosas transações que lhe seguiram, no esforço de blindar uma ninhada de
ratos esbulhadores do poder, desperto sob a angústia do momento dramático que
assombra sua família. Para me manter firme, ligo o som de meu carro ao levar os
meninos para a escola, ouvindo "Mais uma vez" do saudoso Renato Russo:
"Mas
é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem...
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem...
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!
Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Quem acredita sempre alcança!
Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!"
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!"
Pois é,
Lula. Com seu enorme coração, no meio de implacável perseguição que promovem a
si e a seus entes queridos, pessoas sem um milésimo de sua dignidade, você é
submetido a esse agudo padecimento pela situação extrema de sua companheira e
esposa, Marisa
Letícia, com quem tem vivido por mais de trinta anos. Só gente grande, como você, para suportar
tamanha provação com a conformação que lhe é própria.
Conformar-se, diferentemente do que muitos pensam, não é pendurar as chuteiras, não é entregar-se, não é jogar a toalha. É ter capacidade de assumir, na alma, a forma das circunstâncias, para a elas se adaptar. Para melhor lidar com desafios inevitáveis. Por isso, "com-formar". É atitude de sabedoria, de fazer-se senhor do destino e não se abater por ele.
Lula, você tem estoicamente aguentado desaforos, insultos, injustiças, manobras vis, falta de humanidade de um coletivo que se embruteceu ao adotar o discurso ditado por uma mídia perversa, que está a serviço do que é de pior na nossa sociedade de fortes traços escravocratas: o corporativismo de carreiras de elite, o poder econômico de rentistas especuladores, de entreguistas da Pátria, de traidores e alto-traidores, de gente tomada do ódio de classe, de fascistas embrutecidos e saudosistas da ditadura, enfim, de uma malta de canalhas que só pensa no próprio umbigo.
Mas você é maior. Paga o preço dos grandes transformadores. Não espere gratidão dessa turba, mas você sempre terá o carinho de dezenas de milhões de brasileiras e brasileiros que lhe devem a inclusão social, de inúmeros povos a quem demonstrou a solidariedade do Brasil.
Que não ousem, os amestrados miquinhos do fascismo, promover algazarra com seu sofrimento, pois saberemos, quem o respeitamos como Brasileiro, reagir à altura. Tenham, esses energúmenos, cuidado e se recolham. É o melhor que podem fazer, para que não tenhamos que ofender os animais, igualando-os com estes.
Lula, receba neste momento de profunda dor, a nossa compaixão. Choramos com você o sofrimento desse martírio. Dona Marisa chegou a esse estado porque, como muitos de nós, que amamos o Brasil, sentiu-se profundamente ferida, supurada, em carne viva, com o momento trágico deste País, entregue a uma corja de aves de rapina. E ainda foi alvo de persistente, covarde e mortífero ataque de quem o queria atingir através dela! Não lhes dê essa mórbida satisfação: ignore-os.
Mas claro que o sol vai voltar amanhã! Desejamo-lhe muita força neste momento e fiquemos juntos, unidos por um futuro melhor.
Conformar-se, diferentemente do que muitos pensam, não é pendurar as chuteiras, não é entregar-se, não é jogar a toalha. É ter capacidade de assumir, na alma, a forma das circunstâncias, para a elas se adaptar. Para melhor lidar com desafios inevitáveis. Por isso, "com-formar". É atitude de sabedoria, de fazer-se senhor do destino e não se abater por ele.
Lula, você tem estoicamente aguentado desaforos, insultos, injustiças, manobras vis, falta de humanidade de um coletivo que se embruteceu ao adotar o discurso ditado por uma mídia perversa, que está a serviço do que é de pior na nossa sociedade de fortes traços escravocratas: o corporativismo de carreiras de elite, o poder econômico de rentistas especuladores, de entreguistas da Pátria, de traidores e alto-traidores, de gente tomada do ódio de classe, de fascistas embrutecidos e saudosistas da ditadura, enfim, de uma malta de canalhas que só pensa no próprio umbigo.
Mas você é maior. Paga o preço dos grandes transformadores. Não espere gratidão dessa turba, mas você sempre terá o carinho de dezenas de milhões de brasileiras e brasileiros que lhe devem a inclusão social, de inúmeros povos a quem demonstrou a solidariedade do Brasil.
Que não ousem, os amestrados miquinhos do fascismo, promover algazarra com seu sofrimento, pois saberemos, quem o respeitamos como Brasileiro, reagir à altura. Tenham, esses energúmenos, cuidado e se recolham. É o melhor que podem fazer, para que não tenhamos que ofender os animais, igualando-os com estes.
Lula, receba neste momento de profunda dor, a nossa compaixão. Choramos com você o sofrimento desse martírio. Dona Marisa chegou a esse estado porque, como muitos de nós, que amamos o Brasil, sentiu-se profundamente ferida, supurada, em carne viva, com o momento trágico deste País, entregue a uma corja de aves de rapina. E ainda foi alvo de persistente, covarde e mortífero ataque de quem o queria atingir através dela! Não lhes dê essa mórbida satisfação: ignore-os.
Mas claro que o sol vai voltar amanhã! Desejamo-lhe muita força neste momento e fiquemos juntos, unidos por um futuro melhor.
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