Insightnet.com, de março de 2016
Preparar para a hora do "basta"!
Por Wanderley Guilherme dos Santos
A investigação Lava está à beira de implodir em razão do delírio
ideológico dos promotores e do Juiz por ela responsáveis. A retórica
desabrida, satanizando tolices, a desinformação e, pior, a antecipação
de lances futuros, alguns fora da competência do Juizado curitibano,
dificultam a distinção do que é prestação de contas, propaganda,
dissimulação e wishfulthinking. A palavra “indício”, por exemplo, deixou
de “indicar” algo e passou a gigantesca evidência, como o enxofre, da
inconfundível presença do demônio. O óbvio planejamento de intervenções
espetaculares de acordo com a temperatura política, e o crescente
atrevimento com a descabida e prepotente condução coercitiva do
ex-presidente Lula da Silva, resultam da complacência das autoridades
superiores, no Executivo, Legislativo e Judiciário. Trata-se de
comportamento inquisitorial pré-concebido, insultando frontalmente as
crenças cívicas da maioria dos pobres brasileiros e contaminando
negativamente as expectativas da população, em geral.
À falta de, até agora, comprovados crimes de acumulação econômica ilegal, por parte do ex-presidente Lula, policiais e procuradores transformam um inquérito da mais absoluta pertinência e tempestividade em malabarismos de sessão matinal circense em torno de pedalinhos, um sítio e um tríplex. Ainda que fossem doados mediante recursos de uma “vaquinha” entre todas as grandes empreiteiras nacionais, e durante o mandato do ex-presidente, a questão é: e daí? – Sem comprovação de que alguma delas foi direta e ilegalmente beneficiada por intervenção do presidente (e não a mera suspeita, pois alguma sempre ganhará concorrências) aceitar os pedalinhos seria criticável, mas de limitado atentado à moral e ao patrimônio público. Ora, não só não apareceram provas, nem mesmo, ao que saiba oficialmente, delação de ninguém a respeito de nada, como os procuradores estão desviando o olhar da população do que é fundamental: a acumulação econômica ilegítima via predação de patrimônio e recursos públicos. Com o aplauso dos que consideram que delação justifica coação e até prisão estão dando cobertura ao diversionismo midiático, cúmplices dos ladravazes enriquecidos por acumulação econômica ilegítima.
Comparar o absurdo acúmulo pessoal de riqueza por parte de empresários, políticos e altos burocratas a um sítio supostamente presenteado a Lula, é sandice, péssima utilização do mandato investigativo que a sociedade lhes paga: onde estão as contas no exterior, coleções de obras de arte, veículos, propriedades rurais e urbanas para exploração econômica, viagens regulares por conta própria e passadio de primeira em Paris, Londres, Nova Iorque? Onde se esconde o acervo de joias de D. Mariza? E seu guarda-roupa de grife? Sítio em Atibaia e tríplex em Guarujá que nem do casal são? Ora, trata-se de outra manifestação de preconceito, presumindo que Lula, de origem pobre, tisnaria sua dignidade e a da função que ocupou interferindo nas ações públicas por preço tão vil. Claro, corrupção mesmo, a sério, só para eles, bem nascidos e mal acostumados.
Os responsáveis pela investigação devem um balanço claro da Lava Jato e da expectativa de prazos de conclusão. Claro que a descoberta de evidências (não “indícios”) provoca alteração em cronogramas, mas a existência de um quadro de referência é indispensável para que o jornalismo possa acompanhar e a opinião pública possa avaliar se estão sendo eficientes e produtivos ou meramente difamadores e garotos propaganda de televisão.
Com a coação física e moral do ex-presidente Lula os responsáveis pela Lava Jato talvez venham a se revelar indignos dos privilégios que desfrutam. O ex-presidente é um dos mais importantes recursos políticos dos miseráveis deste País, líder de governos capazes de provocar justamente esse ódio amparado em toga. Destruí-lo, seria uma derrota imensurável para os pobres e humilhados; destruí-lo injustamente, aproveitando os privilégios de classe e corporação, é inaceitável. Se for comprovada a precipitação e o infundado da coação ao ex-presidente, o insulto não poderá passar em branco. Juízes e procuradores deverão pagar pela ameaça em que se constituíram aos pobres do Brasil. Pedidos de desculpa serão insuficientes. Hora de preparação para o que estão pedindo. No grito, não mais.
À falta de, até agora, comprovados crimes de acumulação econômica ilegal, por parte do ex-presidente Lula, policiais e procuradores transformam um inquérito da mais absoluta pertinência e tempestividade em malabarismos de sessão matinal circense em torno de pedalinhos, um sítio e um tríplex. Ainda que fossem doados mediante recursos de uma “vaquinha” entre todas as grandes empreiteiras nacionais, e durante o mandato do ex-presidente, a questão é: e daí? – Sem comprovação de que alguma delas foi direta e ilegalmente beneficiada por intervenção do presidente (e não a mera suspeita, pois alguma sempre ganhará concorrências) aceitar os pedalinhos seria criticável, mas de limitado atentado à moral e ao patrimônio público. Ora, não só não apareceram provas, nem mesmo, ao que saiba oficialmente, delação de ninguém a respeito de nada, como os procuradores estão desviando o olhar da população do que é fundamental: a acumulação econômica ilegítima via predação de patrimônio e recursos públicos. Com o aplauso dos que consideram que delação justifica coação e até prisão estão dando cobertura ao diversionismo midiático, cúmplices dos ladravazes enriquecidos por acumulação econômica ilegítima.
Comparar o absurdo acúmulo pessoal de riqueza por parte de empresários, políticos e altos burocratas a um sítio supostamente presenteado a Lula, é sandice, péssima utilização do mandato investigativo que a sociedade lhes paga: onde estão as contas no exterior, coleções de obras de arte, veículos, propriedades rurais e urbanas para exploração econômica, viagens regulares por conta própria e passadio de primeira em Paris, Londres, Nova Iorque? Onde se esconde o acervo de joias de D. Mariza? E seu guarda-roupa de grife? Sítio em Atibaia e tríplex em Guarujá que nem do casal são? Ora, trata-se de outra manifestação de preconceito, presumindo que Lula, de origem pobre, tisnaria sua dignidade e a da função que ocupou interferindo nas ações públicas por preço tão vil. Claro, corrupção mesmo, a sério, só para eles, bem nascidos e mal acostumados.
Os responsáveis pela investigação devem um balanço claro da Lava Jato e da expectativa de prazos de conclusão. Claro que a descoberta de evidências (não “indícios”) provoca alteração em cronogramas, mas a existência de um quadro de referência é indispensável para que o jornalismo possa acompanhar e a opinião pública possa avaliar se estão sendo eficientes e produtivos ou meramente difamadores e garotos propaganda de televisão.
Com a coação física e moral do ex-presidente Lula os responsáveis pela Lava Jato talvez venham a se revelar indignos dos privilégios que desfrutam. O ex-presidente é um dos mais importantes recursos políticos dos miseráveis deste País, líder de governos capazes de provocar justamente esse ódio amparado em toga. Destruí-lo, seria uma derrota imensurável para os pobres e humilhados; destruí-lo injustamente, aproveitando os privilégios de classe e corporação, é inaceitável. Se for comprovada a precipitação e o infundado da coação ao ex-presidente, o insulto não poderá passar em branco. Juízes e procuradores deverão pagar pela ameaça em que se constituíram aos pobres do Brasil. Pedidos de desculpa serão insuficientes. Hora de preparação para o que estão pedindo. No grito, não mais.
DCM, 04/03/16
A Aletheia de Moro é a negação da Aletheia dos gregos
Por Leo Mendes
Por Leo Mendes
Tratei da Aletheia no meu trabalho de conclusão do curso de especialização em Filosofia, aprovado com média 10 pela PUC do Rio de Janeiro.
Não quero com isso dar uma espécie de carteirada, até porque o Pondé tem o título de doutor em Filosofia. Mas, no meu entendimento, ao contrário do que informa a Polícia Federal, Aletheia não é a busca pela verdade. Muito menos pela verdade que caberia à Polícia Federal ou ao Judiciário tentar encontrar.
Essa busca pressupõe a procura por evidências, que por sua vez levem a provas irrefutáveis, possíveis de serem comprovadas à luz da razão e da lógica. Assim deveria funcionar o Estado Democrático de Direito. Ou seja, de modo exatamente oposto à Aletheia.
Aletheia, dos gregos pré-socráticos à fenomenologia heideggeriana, trata da verdade como desvelamento, algo que se revela a uma presença iluminada, sem que ela necessite da razão para alcançá-la. Trata-se de uma verdade anterior à correspondência e adequação entre o discurso e o objeto ao qual se refere, anterior ao exercício da representação e da lógica.
Tenho minhas dúvidas de que os delegados da PF que batizaram essa operação algum dia estudaram sobre Aletheia. Parece mais que procuraram no tradutor automático por uma expressão exótica em outro idioma que soasse profunda o suficiente para a mídia não saber explicá-la, porém, conseguisse relacioná-la à descoberta final da verdade.
No enredo produzido coletivamente pela plutocracia, mídia hegemônica e seus tentáculos na PF e no Judiciário, Aletheia deveria ser o capítulo final, em que Dilma é derrubada e Lula é preso. Logo depois viria o clímax, em que a plutocracia retoma o poder executivo.
Esse é o final escrito já desde muito antes da chamada “estrada de provas” na Teoria do Roteiro, trajetória do herói de mil faces.
Na verdade, deve ter sido um tanto desapontador para os fãs da saga que as principais estrelas da estrada de provas a essa altura ainda sejam um apartamento de 200m² no Guarujá, uma canoa de lata e dois pedalinhos em Atibaia. Ainda mais se postos lado a lado à Paraty House, que está para a família Marinho, mais uma vez protagonista do golpe, muito mais evidente do que qualquer denúncia contra Lula ou Dilma.
A única verdade revelada até agora é que para os iluminados atores da operação jurídico-midiática, Lula e Dilma estão condenados desde sempre, independente de qual seja a acusação.
É algo que flerta com o místico, e talvez por isso o juiz herói Sérgio Moro é representado pela mídia como um Messias predestinado. Segundo a Veja, “aquele que vê mais longe”. Aquele que simplesmente sabe, desde muito antes das tentativas da lógica investigativa e do discurso racional em revelarem aquilo que se oculta.
Pensando bem, não há nome melhor do que Aletheia.
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