sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ordem na Globo é partir para cima do Amorim

Dize-me quem te atacas e te direi quem és!



http://www.rodrigovianna.com.br/palavra-minha/globo-vai-partir-pra-cima-de-amorim-isso-prova-que-dilma-escolheu-bem.html


05/08/2011 às 18:52

Globo vai para cima do Amorim


Por Rodrigo Vianna


Acabo de receber a informação, de uma fonte que trabalha na TV Globo: a ordem da direção da emissora é partir para cima de Celso Amorim, novo ministro da Defesa. O jornalista, com quem conversei há pouco por telefone, estava indignado: “é cada vez mais desanimador fazer jornalismo aqui”. Disse-me que a orientação é muito clara: os pauteiros devem buscar entrevistados – para o JN, Jornal da Globo e Bom dia Brasil – que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar “turbulência” no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha. Trata-se do velho jornalismo praticado na gestão de Ali Kamel: as “reportagens” devem comprovar as teses que partem da direção.
Foi assim em 2005, quando Kamel queria provar que o “Mensalão” era “o maior escândalo da história republicana”. Quem, a exemplo do então comentarista Franklin Martins, dizia que o “mensalão” era algo a ser provado foi riscado do mapa. Franklin acabou demitido no início de 2006, pouco antes de a campanha eleitoral começar. No episódio dos “aloprados” e do delegado Bruno, em 2006, foi a mesma coisa. Quem, a exemplo desse escrevinhador e de outros colegas na redação da Globo em São Paulo, ousou questionar (“ok, vamos cobrir a história dos aloprados, mas seria interessante mostrar ao público o outro lado – afinal, o que havia contra Serra no tal dossiê que os aloprados queriam comprar dos Vedoin?”) foi colocado na geladeira. Pior que isso: Ali Kamel e os amigos dele queriam que os jornalistas aderissem a um abaixo-assinado escrito pela direção da emissora, para “defender” a cobertura eleitoral feita pela Globo. Esse escrevinhador, Azenha e o editor Marco Aurélio (que hoje mantem o blog “Doladodelá”) recusamo-nos a assinar. O resultado: demissão.
Agora, passada a lua-de-mel com Dilma, a ordem na Globo é partir pra cima. Eliane Cantanhêde também vai ajudar, com os comentários na “Globo News”. É o que me avisa a fonte. “Fique atento aos comentários dela; está ali para provar a tese de que Amorim gera instabilidade militar, e de que o governo Dilma não tem comando”. Detalhe: eu não liguei para o colega jornalista. Foi ele quem me telefonou: “rapaz, eu não tenho blog para contar o que estou vendo aqui, está cada vez pior o clima na Globo.”
A questão é: esses ataques vão dar certo? Creio que não. Dilma saiu-se muito bem nas trocas de ministros. A velha mídia está desesperada porque Dilma agora parece encaminhar seu governo para uma agenda mais próxima do lulismo (por mais que, pra isso, tenha tido que se livrar de nomes que Lula deixou pra ela – contradições da vida real). Nada disso surpreende, na verdade. O que surprendeu foi ver Dilma na tentativa de se aproximar dessa gente no primeiro semestre. Alguém vendeu à presidenta a idéia de que “era chegada a hora da distensão”. Faltou combinar com os russos.
A realidade, essa danada, com suas contradições, encarregou-se de livrar Dilma de Palocci, Jobim e de certa turma do PR. Acho que aos poucos a realidade também vai indicar à presidenta quem são os verdadeiros aliados. Os “pragmáticos” da esquerda enxergam nas demissões de ministros um “risco” para o governo. Risco de turbulência, risco de Dilma sofrer ataques cada vez mais violentos sem contar agora com as “pontes” (Palocci e Jobim eram parte dessas pontes) com a velha mídia (que comanda a oposição). Vejo de outra forma. Turbulência e ataques não são risco. São parte da política. 
Ao livrar-se de Jobim (que vai mudar para São Paulo, e deve ter o papel de alinhar parcela do PMDB com o demo-tucanismo)  e nomear Celso Amorim, Dilma fez uma escolha. Será atacada por isso. Atacada por quem? Pela direita, que detesta Amorim. Amorim foi a prova – bem-sucedida – de que a política subserviente de FHC estava erradaO Brasil, com Amorim, abandonou a ALCA, alinhou-se com o sul, e só cresceu no Mundo por causa disso. Amorim é detestado pelos méritos dele. Ou seja: apanhar porque nomeou Amorim é ótimo!
Como disse um leitor no twitter: “Demóstenes, Álvaro Dias e Reinaldo Azevedo atacam o Celso Amorim; isso prova que Dilma acertou na escolha”. Não se governa sem turbulência. Amorim é um diplomata. Dizer que ele não pode comandar a Defesa porque “diplomatas não sabem fazer a guerra” (como li num jornal hoje) é patético. O Brasil precisa pensar sua estratégia de Defesa de forma cada vez mais independente. É isso que assusta a velha mídia – acostumada a ver o Brasil como sócio menor e bem-comportado dos EUA. Amorim não é nenhum incediário de esquerda. Mas é um nacionalista. É um homem que fala muitas línguas, conhece o mundo todo. Mas segue a ser profundamente brasileiro. E a gostar do Brasil.   
O mundo será, nos próximos anos, cada vez mais turbulento. EUA caminham para crise profunda na economia. Europa também caminha para o colapso. Para salvar suas economias, precisam inundar nosso crescente mercado consumidor com os produtos que não conseguem vender nos países deles. O Brasil precisa se defender disso.  A defesa começa por medidas cambiais, por política industrial que proteja nosso mercado. Dilma já deu os primeiros passos nessa direção.
Mas o Brasil – com seus aliados do Cone Sul, Argentina à frente - não será respeitado só porque tem mercado consumidor forte, diversidade cultural e instituições democráticas. Precisamos, sim, reequipar nossas forças armadas. Precisamos fabricar aviões, armas. Precisamos terminar o projeto do submarino com propulsão nuclear.
Não se trata de “bravata” militarista. Trata-se do mundo real. A maioria absoluta dos militares brasileiros – que gostam do nosso país – não vai dar ouvidos para Elianes e Alis; vai dar apoio a Celso Amorim na Defesa, assim que perceber que ele é um nacionalista moderado, que pode ajudar a transformar o Brasil em gente grande, também na área de Defesa.
O resto é choro de anões que povoam o parlamento e as redações da velha mídia.

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http://www.tijolaco.com/alguem-chora-por-jobim-catanhede-da-folha/


Alguém chora por Jobim: Catanhede, da Folha


O velório político do ex-ministro Nélson Jobim já tem sua carpideira maior – e acho que única. Só podia ser ela, Eliane Cantanhêde, que funcionou, muitas vezes, como uma espécie de sua porta-voz informal, especialmente no caso da compra dos caças, no programa FX-2. Sob Jobim, e com seu beneplácito, Cantanhêde passou a citar “fontes militares”, todas elas, claro, próximas ao agora ex-ministro. Supostamente com estes contatos – se é que não teve conversas com Jobim – a trepidante especialista em assuntos militares diagnostica que a mudança desagradou aos militares. E atribui a uma de suas altas fontes uma observação mais do que tosca, que não faz justiça ao preparo de nossos oficiais superiores.
“Desde quando diplomata gosta de guerra? É como botar médico para cuidar de necrotério. Parece brincadeira”.
Ao que se saiba, médico não gosta de doença, mas se prepara para enfrentá-las, como generais não “gostam” de guerra, mas se preparam para travá-las, se necessário. É aquela frase do estudioso militar romano, Publius Flavio Vegecio: “se queres a paz, prepara-te para a guerra”.
E as tais “boas relações” de Jobim com os militares, mesmo na análise de Cantanhêde, não resistem mais do que quatro parágrafos. Segundo ela, as bases militares – esta base aí certamente não são soldados e cabos, mas oficiais-generais -  achavam o óbvio: que Jobim era “arrogante” e que se “comportava como se fosse o dono das Forças Armadas”.
Celso Amorim ou Dilma não terão problema algum com os comandos militares. Ao contrário, a entrada do ex-chanceler  azeita as relações entre Governo e Forças Armadas, que deixam de ser eclipsadas pela sombra da antipatia e mandonismo de Jobim.
É só esperar para ver: saudades de Jobim, só mesmo as da D. Cantanhêde.
PS. Para não ser injusto, também o líder do PSDB, Duarte Nogueira, lamentou a saída de Jobim. É comprensível. É duro para os tucanos perderem um ministro.


O Estadão OnLine, 05 de agosto de 2011 | 14h 19

Não cabe a militares gostar ou não de Amorim, diz Lula

Francisco Carlos de Assis, da Agência Estado

BOGOTÁ - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que não cabe aos militares gostar ou não da indicação do ex-chanceler Celso Amorim para ocupar o Ministério da Defesa, no lugar de Nelson Jobim. Lula fez essa declaração ao ser questionado se Amorim conseguirá desempenhar um bom trabalho à frente da pasta, uma vez que militares já manifestaram insatisfação com a escolha. "Não cabe aos militares gostar ou não gostar de uma indicação da presidente da República. Temos que aprender a trabalhar para depois ver se vai dar certo ou não", afirmou, em Bogotá. Perguntado se o número de ministros demitidos não é grande para o pouco tempo de governo da presidente Dilma Rousseff, Lula respondeu que é sempre um sofrimento a tomada de decisão para demitir um colaborador. E lembrou, contudo, que em período eleitoral, por exemplo, alguns ministros entram na sala do presidente com a carta de demissão nas mãos para deixar o cargo, sem saber se este é o desejo do mandatário, sob a alegação de que o "dever à pátria" os chamam.
Lula não quis entrar na discussão sobre o motivo que levou Dilma a demitir Jobim, mas entende que a escolha de Celso Amorim foi acertada. "Eu não sei o que aconteceu com o ministro Jobim, mas eu penso que quando se analisa a competência intelectual e o trabalho, não tem pessoa igual ao Amorim no Brasil", disse, lembrando que, se a Dilma convidou Amorim, é porque ela sabe que o ex-chanceler tem condições de fazer um bom trabalho, e se Amorim aceitou o cargo, é porque ele sabe que pode fazer um bom trabalho.
Lula fez essas afirmações em rápida entrevista a jornalistas brasileiros após proferir palestra no evento Nutrição Infantil para Prosperidade de Todos, realizado pela Fundação Êxito, organização não-governamental que trabalha no combate à desnutrição de crianças colombianas.

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