sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tonga da mironga do cabuletê

 


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Vinícius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 / 9 de julho de 1980)

e Toquinho (Antonio Pecci Filho - São Paulo, 6 de julho de 1946)


1970,  Vinícius e Toquinho voltam da Itália onde tinham acabado de inaugurar a  parceria com o disco “A Arca de Noé”, fruto de um velho livro que o  poetinha fizera para seu filho Pedro, quando este ainda era menino.

Encontram o Brasil em pleno “milagre econômico” da ditadura militar. A  censura em alta, a Bossa em baixa. Opositores ao regime pagando com a liberdade e a vida o preço de seus  ideais.

O poeta é visto como comunista pela cegueira militar e ultrapassado pela  intelectualidade militante que, pejorativa e injustamente, classifica sua  música de "easy music".

No teatro Castro Alves, em Salvador, é apresentada  ao Brasil a nova parceria. Vinícius está casado com a atriz baiana Gesse
Gessy, uma das maiores paixões de sua vida, que o aproximaria do candomblé, apresentando-o à Mãe Menininha do Gantois.

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Maria Escolástica da Conceição Nazaré

(Salvador, Bahia, 10 de fevereiro de 1894 - 13 de agosto de 1986),
a  nossa querida Mãe Menininha do Gantois


Sentindo a angústia do companheiro, Gesse o diverte, ensinando-lhe  xingamentos em Nagô, entre eles “tonga da mironga do cabuletê”, que  significa “o pêlo do cu da mãe”.
O mote anal e seu sentimento em relação aos homens de verde-oliva inspiram  o poeta.

Com Toquinho, Vinícius compõe a canção para apresentá-la num show no  Teatro Castro Alves. Era a oportunidade de xingar os militares sem que  eles compreendessem a ofensa. E o poeta ainda se divertia com tudo isso: “Te garanto que na Escola Superior de Guerra não tem um milico que saiba  falar nagô”.

Fonte: Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão; uma Biografia. São
Paulo: Companhia das Letras, 1994.


 
Tonga da Mironga do Cabuletê

Eu caio de bossa, eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa, xingando em nagô
Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala,
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê

Você que lê e não sabe
Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe
Você vai ter que viver
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê

Você que fuma e não traga
E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga
Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê

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