A expressão "justiça social" não faz parte do vocabulário desta cambada.
São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2011
"Super-rico" torce nariz para "farofa" dos "apenas ricos"
LUIZA BANDEIRA
ENVIADA ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
Eliane Luiz, 36, é juíza, tem apartamento de veraneio comprado a R$ 800 mil na praia mais badalada de Florianópolis e bebe champanhe Veuve Clicquot à beira mar, a R$ 280 a garrafa.
Mas, na opinião de alguns frequentadores de Jurerê Internacional, ela é "farofa".
Os "super-ricos" do balneário passam toda a temporada sem pôr os pés na areia e pagam até R$ 1.000 só para entrar em um bar livre dos que consideram "farofeiros".
Eles são necessariamente mais ricos que o pessoal da areia, mas desprezam a democracia à beira mar, onde entra quem quer. "Super-rico" aprecia o público "bonito e selecionado" de local pago.
"No lugar aberto tem cara tatuado, bombado, de corrente. Estou pagando para ficar em um lugar exclusivo", diz o paulista Rodrigo de Castro, 31, enquanto bebe champanhe na piscina do P12, espécie de clube na praia.
No local, as atrações são a piscina com bar dentro, camas confortáveis e DJs.
A entrada varia de R$ 45 para mulheres a até R$ 300 para homens, preço cobrado nos dias mais cobiçados.
"Na praia você fica cheio de areia. É muita farofa, muito Maresias", afirma Davi Almeida, 30, que diz gastar cerca de R$ 500 ao dia no clube.
No Cafe de la Musique, os preços são mais salgados: os "super-ricos" chegam a gastar até R$ 5.000 diariamente.
"Aqui o nível é melhor. Mas está ficando muito caro agora, nem na Europa é assim", diz o advogado cuiabano Diogo Alves, 27, que foi à praia em só dois dos 20 dias em que esteve na cidade.
Com amigos, ele pagou, em um dia, R$ 20 mil de consumação para ficar na piscina do Cafe de la Musique.
A consumação é gasta em muito champanhe, vodca, energético, cerveja e ofertas de bebidas para mulheres.
No Cafe, a entrada para homens custa até R$ 1.000. A das mulheres é de graça. "Os donos sabem que os homens querem estar cercados de mulheres bonitas", diz Diogo, cercado por oito garotas dançando ao redor de sua mesa, bebendo de graça.
"CHIQUE"
Mesmo os lugares que não cobram entrada dão um jeito de selecionar o seu público.
No restaurante Taikô, a entrada é livre e as mesas da parte de trás são liberadas.
Mas, para ficar nas da frente, com vista para a praia, a consumação é de R$ 3.000.
"Não é todo mundo que vai entrar aqui. Nós viemos porque seleciona a frequência. É outro perfil", afirma o empresário Ronaldo Zardur, 44, de São Paulo.
E, se a "farofa" entrar, será uma "farofa chique", diz o publicitário paulista Filipe Chavez, 30. "As meninas do meu lado compraram um suco de morango e tiraram da bolsa uma [vodca] Absolut. Não é para qualquer um."
"Só rico" diz que não faz "farofa", e sim "cuscuz" "Super-rico" torce nariz para "farofa" dos "apenas ricos"
LUIZA BANDEIRA
ENVIADA ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
Eliane Luiz, 36, é juíza, tem apartamento de veraneio comprado a R$ 800 mil na praia mais badalada de Florianópolis e bebe champanhe Veuve Clicquot à beira mar, a R$ 280 a garrafa.
Mas, na opinião de alguns frequentadores de Jurerê Internacional, ela é "farofa".
Os "super-ricos" do balneário passam toda a temporada sem pôr os pés na areia e pagam até R$ 1.000 só para entrar em um bar livre dos que consideram "farofeiros".
Eles são necessariamente mais ricos que o pessoal da areia, mas desprezam a democracia à beira mar, onde entra quem quer. "Super-rico" aprecia o público "bonito e selecionado" de local pago.
"No lugar aberto tem cara tatuado, bombado, de corrente. Estou pagando para ficar em um lugar exclusivo", diz o paulista Rodrigo de Castro, 31, enquanto bebe champanhe na piscina do P12, espécie de clube na praia.
No local, as atrações são a piscina com bar dentro, camas confortáveis e DJs.
A entrada varia de R$ 45 para mulheres a até R$ 300 para homens, preço cobrado nos dias mais cobiçados.
"Na praia você fica cheio de areia. É muita farofa, muito Maresias", afirma Davi Almeida, 30, que diz gastar cerca de R$ 500 ao dia no clube.
No Cafe de la Musique, os preços são mais salgados: os "super-ricos" chegam a gastar até R$ 5.000 diariamente.
"Aqui o nível é melhor. Mas está ficando muito caro agora, nem na Europa é assim", diz o advogado cuiabano Diogo Alves, 27, que foi à praia em só dois dos 20 dias em que esteve na cidade.
Com amigos, ele pagou, em um dia, R$ 20 mil de consumação para ficar na piscina do Cafe de la Musique.
A consumação é gasta em muito champanhe, vodca, energético, cerveja e ofertas de bebidas para mulheres.
No Cafe, a entrada para homens custa até R$ 1.000. A das mulheres é de graça. "Os donos sabem que os homens querem estar cercados de mulheres bonitas", diz Diogo, cercado por oito garotas dançando ao redor de sua mesa, bebendo de graça.
"CHIQUE"
Mesmo os lugares que não cobram entrada dão um jeito de selecionar o seu público.
No restaurante Taikô, a entrada é livre e as mesas da parte de trás são liberadas.
Mas, para ficar nas da frente, com vista para a praia, a consumação é de R$ 3.000.
"Não é todo mundo que vai entrar aqui. Nós viemos porque seleciona a frequência. É outro perfil", afirma o empresário Ronaldo Zardur, 44, de São Paulo.
E, se a "farofa" entrar, será uma "farofa chique", diz o publicitário paulista Filipe Chavez, 30. "As meninas do meu lado compraram um suco de morango e tiraram da bolsa uma [vodca] Absolut. Não é para qualquer um."
DA ENVIADA A FLORIANÓPOLIS
"É um cuscuz marroquino, não uma farofa", diz o advogado Gustavo Nadalin, 32, negando o título de "farofeiro" dado pelos "super-ricos" e bebendo champanhe Chandon em taças de acrílico em Jurerê Internacional.
Morador de Curitiba, ele e a mulher passam férias no apartamento da família no balneário e dizem gostar mais de aproveitar a praia do que ir aos bares e clubes.
A farofa chique, para ele, contrasta com o exibicionismo dos "super-ricos".
"Tem que ter bombinha na garrafa de champanhe [alguns lugares colocam velas que soltam faíscas nas garrafas]. Simboliza o dinheiro deles sendo queimado", diz.
"Nós somos de uma família de classe média alta, mas somos "low profile". Tem gente que está tão bem como eles mas não está se exibindo", afirma a mulher dele, a empresária Ângela Nadalin, 38.
Para o casal Edson Luiz, 34, advogado, e Eliane Luiz, 36, juíza, há muito exibicionismo entre os "super-ricos".
"Rola competição de quem pede mais champanhe, eles abrem e jogam tudo fora, para o alto. Onde está a farofa?", pergunta Edson, que bebia champanhe Veuve Clicquot. "Gostamos de apreciar a bebida", diz Eliane.
Champanhe é a bebida mais característica da Jurerê Internacional, mas muitas pessoas levam também água, comida, refrigerante e cerveja em seus isopores.
Dizem que o fazem por costume e para evitar os preços salgados da praia.
"Já vi gente sentando nas cadeiras do P12 e comprando coisa em ambulante porque é mais barato", diz a engenheira Danielle Alves, 27. "É só para ostentar", afirma ela.
Mesmo os sem isopor também têm sua chance de curtir espumante - ou de "farofar" - em Jurerê.
Desde o ano passado, pequenas garrafas de Miolo Terranova são vendidas na praia, em carrinhos de sorveteiro, a R$ 10. Acompanham duas tacinhas de plástico. (LUIZA BANDEIRA)
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