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Reportagem da Folha de hoje sobre a censura ao FAlha traz incorreções e omite um “detalhe”: a cobrança de dinheiro por parte do jornal
Hoje a Folha publicou o artigo “Ação contra blog visa impedir o uso de domínio e logotipo”, no qual defende o processo contra mim (Lino) e meu irmão (Mário) por conta da paródia que fazíamos por meio do extinto FAlha de S.Paulo. No site, o artigo é fechado para assinantes, mas tomamos a liberdade de reproduzi-lo abaixo, já que há algumas incorreções e omissões que precisam ser pontuadas. Rapidamente:
1. NÃO SOU “DIRETOR EDITORIAL DA REVISTA TRIP” E A EMPRESA NÃO TEM NADA A VER COM ISSO. Sou, como informei por escrito ao repórter Mario Cesar Carvalho, redator-chefeda revista. É muito importante ficar bem claro que nem a revista nem a editora Trip têm nenhuma ligação com o site extinto nem com esse atual. São iniciativas particulares minhas e de meu irmão, feitas fora do horário de expediente.
2. O JORNAL ESCONDE TODOS OS “DETALHES” FINANCEIROS DO PROCESSO. Na liminar, a Folha pedia à Justiça a aplicação de uma multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. O juiz baixou o valor para R$ 1000 por dia. Claro que cumprimos a liminar e derrubamos o site. Aqui você confere a íntegra do processo da Folha contra nós, aqui você vê os “melhores trechos” e aqui você vê a liminar. TEM MAIS: em diversos momentos de sua ação, a Folha explicita que sua intenção, além de nos tirar do ar (se isso não é censura, não sei o que é) é também nos cobrar dinheiro a título de indenização por danos morais. Abaixo, a reprodução de apenas dois dos diversos pontos do processo da Folha (assinado pela advogada Taís Gasparian) que nos ameaça com represálias financeiras (aliás, caso interesse, aqui a explicação do porquê citamos as pessoas da Folha nominalmente). Vamos aos trechos que a Folha não gosta de mostrar:
Por que será que a Folha omite essa parte da história?
Por que será que a Folha omite essa parte da história?
3. A FOLHA NÃO MANDOU NENHUM AVISO PRÉVIO, notificação extra-judicial, nada. Mandou direto a liminar nos tirando do ar sob ameaça de multa e o aviso de que havia um processo de 88 páginas protocolado contra nós no Forum João Mendes.
4. A PARÓDIA, SEGUNDO O DICIONÁRIO HOUAISS, é um recurso que “imita outra obra”, com objetivo “jocoso e satírico”. É assim desde o Barão de Itararé que fazia “A Manha”, brincado com “A Manhã”; passando pelos Netos de Amaral, de Macelo Tas, que brincava com o colunista Amaral Neto; a “Trolha de S.Paulo” que os cassetas faziam em sua extinta revista e dezenas de outros exemplos que aparecem em programas de TV como CQC, Pânico, Comédia MTV e Casseta & Planeta. PIOR E SURREAL: o legítimo recurso da paródia é usado pela própria Folha quase que diariamente, principalmente por meio de seus chargistas e colunistas. A charge abaixo, de Angeli, por exemplo, foi publicada outro dia na página 2 do jornal. Todos os argumentos que a Folha usa contra nós poderiam ser usados pelo Mc Donald´s para processá-la (logo parecido, “uso indevido da marca” etc). Agora pensem um minuto: a Folha (e o prórpio Angeli) chamariam de censura um eventual impedimento jurídico dessa charge ou diriam que é um pleito normal da cadeia de lanchonetes?
Angeli deveria ser proibido de fazer essa charge?
Obrigado pela atenção, grande abraço.
Lino Bocchini
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ÍNTEGRA DA MATÉRIA DA FOLHA:
Ação contra blog visa impedir o uso de domínio e logotipo
Folha processa site; autor de Falha de S. Paulo considera “censura” a decisão do juiz
DE SÃO PAULO
Os textos satíricos sobre a Folha veiculados pelo blog Falha de S. Paulo não foram proibidos pela Justiça nem era esse o pleito do jornal, segundo o diretor jurídico do Grupo Folha, Orlando Molina. A Justiça determinou que o blog não use o logotipo da Folha nem o domínio falhadespaulo.com.br na internet.
“Não pela sátira, que não é vedada”, escreveu o juiz ao conceder a liminar, mas pela “inequívoca confusão” entre o nome do blog e o título do jornal. O assunto foi tratado pela mais recente coluna da ombudsman da Folha, Suzana Singer, no domingo.
O jornalista Lino Ito Bocchini, diretor editorial da revista “Trip”, que faz o blog junto de seu irmão Mário, diz que o fato de o juiz ter vetado o uso do domínio é “censura”. “Tirar um site do ar é como derrubar o sinal de uma TV ou de uma rádio. E foi exatamente isso que o jornal fez”, escreveu Bocchini em e-mail à Folha.
A suposta censura do site foi criticada pela organização Repórteres sem Fronteira e por Julian Assange, criador do WikiLeaks.
Bocchini critica o argumento aceito pela Justiça de “uso indevido da marca”. “Difícil achar um termo mais amplo e nebuloso. O jornal argumenta que não podemos usar um logo parecido, e nem um endereço eletrônico parecido. Mas, como bem disse Julian Assange em entrevista ao “Estadão”, “o blog não pretende ser o jornal”. É óbvio que não”, diz o jornalista, que trabalhou no “Agora”, jornal do Grupo Folha, e foi assessor de Rui Falcão (PT) quando ele era secretário de governo na gestão de Marta Suplicy (2001-2004) na prefeitura paulistana.
MARCA
O diretor jurídico da Folha contesta a interpretação de que conteúdo foi vetado: “Jamais pediríamos a proibição de um blog. O que não podemos aceitar é o uso da marca e de conteúdos do jornal”. Segundo ele, o blog poderia migrar o seu conteúdo para um outro domínio, sem qualquer problema.
Os irmãos Bocchini criaram outro blog (desculpeanossafalha.com.br) em que atacam o jornal, mas não têm intenção de usar as sátiras antigas, de acordo com Bocchini. “Não podemos correr o risco de ser interpretados pela Justiça como estando desrespeitando a liminar”.
Nos últimos anos, o Grupo Folha entrou na Justiça contra o uso indevido de seus domínios e marcas em pelo menos quatro ocasiões. Até agora, venceu todas as ações, em instâncias variadas.
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10 janeiro 2011 A brutal perseguição imposta ao blog satírico Falha de S. Paulo, que foi censurado, processado e ainda corre risco de pagar multa, está dando uma baita dor de cabeça à famiglia Frias. Agora é a própria ombudsman da Folha, Suzana Singer, que reconhece que a empresa deu um tiro no pé. No artigo intitulado “David e Golias” – será que ela ainda acha que o jornal em que trabalha é tão forte assim? –, a conclusão é taxativa: “O processo da Folha contra a ‘Falha’ prejudica mais o jornal do que o blog humorístico”.
Para quem não conhece a história, o blog foi criado em setembro passado pelos irmãos Lino e Mário Bocchini. O primeiro até já trabalhou num dos jornais do Grupo Folha e tem um vasto currículo na chamada grande imprensa. Críticos da postura direitista do jornal, que durante a campanha presidencial virou palanque eleitoral do demotucano José Serra, eles resolveram fazer um sítio com sátiras hilárias e irreverentes às capas, reportagens, colunistas e chefões da empresa jornalística.
Guerrilha virtual foi decisiva
A famiglia Frias, que adora posar de guardiã da liberdade de expressão, perdeu o senso de humor e partiu para a retaliação mais violenta. Alegou que o uso do nome Falha, inclusive com um logotipo similar, confundia os leitores. Em outubro, uma liminar da Justiça tirou o blog do ar. O processo será julgado em primeira instância e a empresa ainda exige indenização dos seus criadores. A vida deles virou um inferno jurídico, com altos custos financeiros e muito dispêndio de tempo e energia.
Mas a prepotente Folha não esperava a atitude corajosa dos irmãos Bocchini, que resolveram resistir ao ex-poderoso Golias. Eles mantiveram a blog, agora com o nome “Desculpe a nossa Falha” e partiram para a guerrilha virtual. A família Frias também não contava com a força da internet, que difundiu a denúncia. De todos os cantos, surgiram manifestações de apoio ao blog. Julian Assange, vítima de perseguição devido as revelações do WikiLeaks, usou o rival Estadão para criticar a Folha. O Financial Times afirmou que sua “reputação desandou” e até a ONG Repórteres Sem Fronteiras, ligada aos barões da mídia, condenou a Folha.
A derrota do “gigante malvado”
Diante da inusitada reação, finalmente a ombudsman da Folha decidiu registrar o episódio – que o jornal omitia dos seus leitores. Fiel à empresa que paga seu salário, Suzana crítica o blog – “que fazia paródias – grosseiras – das notícias e insultava jornalistas, sempre na tentativa de mostrar que a Folha protegia José Serra”. Mas, ela reconhece: o jornal perdeu a batalha. “Um micaço. A definição, dada pelo humorista Claudio Manoel, do extinto “Casseta & Planeta”, é perfeita para definir o processo que a Folha decidiu mover contra o blog “Falha de S. Paulo”.
Para ela, o fator decisivo nesta batalha foi a globosfera. “Os irmãos Lino e Mario Ito Bocchini conseguiram montar uma guerrilha poderosa na internet. Tanto barulho só se justifica porque a ‘Falha’ conseguiu convencer uma parte da opinião pública de que o processo é uma tentativa de censura. A Folha discorda… Nessa batalha de David contra Golias, o papel do gigante malvado coube à Folha, que teve sua imagem muito mais prejudicada do que se tivesse simplesmente ignorado as pedrinhas dos irmãos blogueiros”. É bom o ex-poderoso Golias recuar rapidamente, porque novas “pedrinhas” ainda serão lançadas contra a censura.
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