Excelente notícia! Mas, ainda se fazem necessários muitos mais recursos.
Dentre tanto a ser feito, nossas FFAA precisam ter maiores efetivos, precisam ser muito mais e melhor equipadas e nossos combatentes dignamente remunerados.
Para nossas FFAA não pode haver, sob qualquer pretexto, contigenciamento de verbas.
São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2011
Exército terá investimento bilionário nas fronteiras
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Na Marinha, o submarino de propulsão nuclear. Na Aeronáutica, o projeto de uma nova frota de caças. Agora, vem a "contrapartida" do Exército no processo de modernização das Forças Armadas: o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), orçado em US$ 6 bilhões (R$ 10 bilhões).
O Sisfron deve ser implantado em três etapas até estar concluído, em 2019, com custo de manutenção anual estimado em até 10% do total do investimento. A expectativa do governo é obter os recursos com financiamento externo de longo prazo.
O projeto original inclui radar de imagem, radares de comunicação de diferentes graus de sofisticação, vants (veículos aéreos não tripulados) e blindados para abranger a fronteira terrestre, com o foco na Amazônia.
A base operacional do projeto serão os Pelotões Especiais de Fronteira (PEF), que passarão gradualmente dos atuais 21 para 49. O custo médio de cada pelotão é de R$ 35 milhões, incluindo pista de pouso (que tem orçamento independente do Sisfron).
Na avaliação do governo, a porosidade das fronteiras (onde o Exército tem poder de polícia desde 1999) é o problema número um de segurança do país. Com o monitoramento do espaço aéreo na região, iniciado com o Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), o contrabando e o tráfico de armas migraram para as vias terrestres e fluviais e é por aí que chegam aos grandes centros, como as favelas do Rio de Janeiro.
CONCORRÊNCIA
No dia 17 de dezembro, Embraer e oito empresas internacionais da área de defesa enviaram representantes a Brasília para receberem informações sobre instalação, objetivos e equipamentos necessários para o projeto.
Foram elas as alemãs Rheinmetall e Rohde&Schwarz, as norte-americanas Harris e Rockwell Collins, a francesa Thales, a israelense Elbit Tadiran e a italiana Selex, além do consórcio europeu Cassidian (do grupo EADS). A espanhola Indra e a sueca Saab também receberam dados posteriormente.
Conforme a proposta apresentada, à qual a Folha teve acesso, há duas exigências. A primeira é o "domínio nacional sobre a tecnologia" desde a implantação.
A segunda é "a inclusão de mecanismos de compensação comercial, dando prioridade para mecanismos de transferência de tecnologia para a base industrial brasileira de defesa".
Por uma questão operacional, as fronteiras foram divididas em 14 zonas de monitoramento. A expectativa é que as empresas formem consórcios, já que nenhuma delas, sozinha, tem condições de fornecer os equipamentos para todas as zonas.
As propostas, que devem ser apresentadas até 31 de janeiro, serão analisadas pelo Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (Ccomgex) e pela Atech, empresa especializada no desenvolvimento de programas de software, que fez o estudo inicial de viabilidade.
O próprio Ccomgex já desenvolveu e começou a produzir dois tipos de blindados que servirão de apoio a todo o sistema: um de comunicação e outro de rastreamento, ambos operados com computadores e com custo estimado em R$ 7 milhões a unidade - o correspondente estrangeiro custa o dobro.
O novo sistema será monitorado pelo Ccomgex, instalado em Sobradinho (DF) e subordinado ao Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, chefiado pelo ex-comandante militar da Amazônia Augusto Heleno.
O projeto prevê que o Sisfron será interligado a outros sistemas já consolidados, como o CenSipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), que acaba de migrar da Casa Civil para a pasta da Defesa.
Também será interligado, por exemplo, ao Sistema de Acompanhamento de Alvos Aéreos Baseado em Emissão de Radiofrequência. Haverá ainda conexão com objetivos civis, como monitoramento meteorológico e de preservação do meio ambiente.
Limites do país têm tráfico, prostituição e contrabando
LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA
Na faixa de fronteira entre os dez países vizinhos ao Brasil há todo tipo de problema: de tráfico de drogas e armas a contrabando e prostituição.
A região mais problemática é o limite com o Paraguai, ponto mais densamente povoado dos mais de 16 mil quilômetros da fronteira terrestre do Brasil. Considerada uma das mais sensíveis pelas autoridades brasileiras, é uma espécie de microcosmo de toda a fronteira e será contemplada no Sisfron.
Segundo a Polícia Federal, é a porta de entrada de drogas, armas, cigarros e produtos eletrônicos contrabandeados, além de ponto de fuga de criminosos e ingresso de imigrantes clandestinos.
O Paraguai também é o destino de grande parte dos carros roubados no Brasil.
A Bolívia, um dos três maiores produtores de cocaína do mundo, tem uma faixa de fronteira sensível. O mesmo vale para a Colômbia.
Dessas regiões saem embarcações que usam os rios brasileiros para transportar cocaína ou sua pasta-base.
GARIMPO
Na região Norte do país, na faixa de fronteira que vai da Venezuela até a Guiana Francesa, entre os problemas estão o garimpo e a prostituição. Já no Sul, entre Argentina e Uruguai, ainda há incidentes como roubo de gado.
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