São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010
USP
É triste constatar que a Faculdade de Direito da USP transformou-se numa academia fútil e oligárquica, preocupada em angariar verbas para a construção de um clube privativo para seus alunos e funcionários no Ibirapuera (Cotidiano, 8/11), consolidando o "apartheid acadêmico" entre ela e as demais unidades.
Se alunos, funcionários e professores do Largo de São Francisco podem frequentar o clube da USP, por que estudantes, funcionários e professores das demais unidades não podem frequentar o "Clube das Arcadas"?
Há pelo menos 25 anos a Faculdade de Direito oferece o mesmo número de vagas em seu curso de graduação, ignorando o crescimento populacional da cidade e do Estado. E ninguém ali parece se incomodar com isso. Até o conceituado Instituto Rio Branco já ampliou o número de vagas em seus concursos, adequando-se às necessidades atuais, e não consta que isso tenha afetado a qualidade da formação dos diplomatas.
ANTONIO EDSON MARTINS (São Vicente, SP)
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Senhores escravocratas falidos - ou seus descendentes - e capitães-do-mato, eis aí a composição do nosso judiciário.
Desde 1930 já se reformou o Poder Executivo e o Poder Legislativo. O Poder Judiciário, por natureza um poder conservador, no Brasil ainda está nas Ordenações Filipinas. Advogados, juristas, juízes, tabeliães... todo o sistema que compõe a justiça ou nela orbita ainda está nos tempos dos ouvidores-mores. É impressionante o número de obras e outros atos do governo federal ou ele associados, parados atualmente por decisão judicial. É a repetição da década de 1950, quando quase tudo quanto era de juiz e demais servidores do sistema da justiça eram filiados à UDN. E buscavam travar a qualquer custo as ações dos governos não diretamente ligados à frente (a UDN, na verdade era uma frente comandada pelo antigo PRP - Partido Rpublicano Paulista), não importava se varguista ou não.
Meu pai, um pessedista, quase morreu trucidade por um coroné, um dos grandes expoentes da UDN em meu estado. Ele foi içado ao posto pelo então juiz de direito da minha cidade que deu-lhe todo o suporte necessário, inclusive acobertamento de crimes violentos, até que o dito coroné, se achando acima de tudo mexeu com gente tão perigosa quanto ele e acabou fulminado por uma rajada de metralhadora. Posto de combustível da Esso, revenda de carros da Chevrolet... tudo empresa mancomunadas com a CIA para desestabilizar os governos democráticos brasileiros por Estado Novo, foram ganhos visíveis do coroné. Correu dinheiro solto pelas mãos do dito e sob as bênçãos do juiz que depois virou desembargador.
Não era nos quartéis que os udenistas tinham seu sustentáculo; era nos tribunais. O termo "vivandeiras de quartéis", na verdade é um injustiça aos militares, penalizados por todos os abusos da direita raivosa que ocorreram durante o Regime de 1964. O mais apropriado seria "vivandeiras de tribunais". Não foram os militares que travaram plo menos duas grandes obras em minha cidade na décadsa de 1950; foram os juízes da UDN.
Há ódio atualmente em quase cem por cento dos advogados, juízes, promotores... em relação ao atual Governo Federal. Ódio. Mesmo entre os capitães-do-mato, ou seja, pobres "agraciados" com o sistema.
A dotôra Paschoal é apenas uma desengonçada; que mostra a cara. Os perigosos são os que por baixo de suas togas fazem de tudo para que o país continue uma colônia. E qualquer lugar do mundo só evolui pelas mãos de seu povo; nunca pelas suas elites, naturalmente cheias de interesses e medos de perder privilégios.
E o racismo é proporcionalmente inverso à quantidade de riqueza que tem o estigmatizado.
Abs
José de Almeida Bispo
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A continuar tendo nossos estudantes de Direito formados por professoras com Janaina Paschoal, o futuro da Justiça neste país é a escuridão.
Recordemos que a própria Mayara é uma estudante desta área. Deve ter tido aulas com Janaína, provavelmente...
http://www.viomundo.com.br/
Racismo às avessas
Lendo as absurdas argumentações da professora Janaina Paschoal “Em defesa da estudante Mayara” (vide abaixo), lembrei que grandes pesquisadores do racismo e preconceito no Brasil, como Roger Bastide e Florestan Fernandes, denunciaram a lógica da inversão. Graças a ela, não apenas não somos racistas, como, ademais, tudo que acontece é culpa da vítima. Se não fossem os negros, os nordestinos, os pobres, as prostitutas, os homossexuais, se Lula não fosse presidente, a estudante Mayara não teria cometido o destempério de pedir o assassinato de ninguém e tampouco teria sido demonizada. Coitadinha dela!
Heloísa Fernandes, professora associada de Sociologia da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)
São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Sou neta de nordestinos, que vieram para São Paulo e trabalharam muito para que, hoje, eu e outros familiares da mesma geração sejamos profissionais felizes com sua vida neste grande Estado brasileiro.
É muito triste ler a frase da estudante de direito Mayara Petruso, supostamente convocando paulistas a afogar nordestinos.
Também é bastante triste constatar a reação de alguns nordestinos, que generalizam a frase de Mayara a todos os paulistas.
Igualmente triste a rejeição sofrida pelo candidato da oposição à Presidência da República, muito em função de ele ser paulista. Todos ouvimos manifestações no sentido de que, tivesse sido Aécio Neves o candidato, Dilma teria tido mais trabalho para se eleger.
Independentemente da tristeza que as manifestações ofensivas suscitam, e mais do que tentar verificar se a frase da jovem se "enquadraria" em qualquer crime, parece ser urgente denunciar que Mayara é um resultado da política separatista há anos incentivada pelo governo federal.
É o nosso presidente quem faz questão de separar o Brasil em Norte e Sul. É ele quem faz questão de cindir o povo brasileiro em pobres e ricos. Infelizmente, é o líder máximo da nação que continua utilizando o factoide elite, devendo-se destacar que faz parte da estigmatizada elite apenas quem está contra o governo.
Ultrapassado o processo eleitoral, que, infelizmente, aceitou todo tipo de promessas, muitas das quais, pelo que já se anuncia, não serão cumpridas, é hora de chamar o Brasil para uma reflexão.
Talvez o caso Mayara seja o catalisador para tanto.
O Brasil sempre foi exemplo de união. Apesar das dimensões continentais, falamos a mesma língua.
Por mais popular que seja um líder político, não é possível permitir que essa união, que a União, seja maculada sob o pretexto de se criarem falsos inimigos, falsas elites, pretensos descontentes com as benesses conferidas aos pobres e aos necessitados.
São Paulo, é fato, é fonte de grande parte dos benefícios distribuídos no restante do país. São Paulo, é fato, revela-se o Estado mais nordestino da Federação.
Nós, brasileiros, não podemos permitir que a desunião impere. Tal desunião finda por fomentar o populismo, tão deletério às instituições no país.
Não há que se falar em governo para pobres ou para ricos. Pouco após a eleição, a futura presidente já anunciou o antes negado retorno da CPMF e adiou o prometido aumento no salário mínimo. Não é exagero lembrar que Getulio Vargas era conhecido como pai dos pobres e mãe dos ricos.
Não precisamos de pais ou mães. Não precisamos de mais vitimização. Precisamos apenas de governantes com responsabilidade.
Se, para garantir a permanência no poder, foi necessário fomentar a cisão, é preciso ter a decência de governar pela e para a União.
Quanto a Mayara, entendo que errou, mas não parece justo que seja demonizada como paulista racista, quando o mote dado na campanha eleitoral foi justamente o da oposição entre as regiões.
Se não dermos um basta a esse estratagema para manutenção no poder, várias Mayaras surgirão, em São Paulo, em Pernambuco, por todo o Brasil, e corremos o risco de perder o que temos de mais característico, a tolerância. Em nome de meu saudoso avô pernambucano, peço aos brasileiros que se mantenham unidos e fortes!
JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL, advogada, é professora associada de direito penal na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
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