sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O rombo no PanAmericano de Silvio Santos


Como é confiável o sistema financeiro capitalista, não?

E estas agências de risco -
a Moody's, a Fitch e suas congêneres - então?
Podemos confiar cegamente nelas. Como são eficientes! Quanta lisura!


São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Uma fábula de R$ 900 milhões

TORRES FREIRE

Ainda está difícil de entender o que produziu um rombo "da ordem de R$ 900 milhões" no PanAmericano. Informantes do governo dizem que essa conta é mais ou menos final, mas não explicam se já foram descobertas todas as "incoerências contábeis" nem qual a dimensão exata e o "modus operandi" dos malfeitos. Desde o final de outubro examinam outros bancos ativos no mercado de cessão de crédito e até agora não acharam mais nada.

Segundo as vagas informações disponíveis, o problema maior estaria no registro das operações de cessão de carteira de crédito. Mas apenas tal informação é insuficiente para medir o rombo do PanAmericano. Tal registro pode explicar os haveres e os fluxos de recebimentos fictícios do banco, mas não diz por onde vazava o dinheiro. Nos balanços, como no dito da fábula, o que entra por uma porta sai pela outra.

"Cessão de carteira de crédito" significa que o banco vendia os empréstimos que havia feito. Quando um banco empresta dinheiro, na verdade está comprando uma série de pagamentos futuros. O valor da "compra" é o do empréstimo concedido; a "mercadoria" comprada são as "prestações" do empréstimo, que o banco vai receber com juros. Ou seja, o banco compra o direito a um fluxo de pagamentos. Por motivos vários, o banco pode vender esse direito a outra instituição financeira ou a um fundo de investimentos. Faz tal coisa a fim de, por exemplo, abrir espaço no seu balanço para conceder novos empréstimos.
De qualquer modo, vendendo créditos o banco antecipa parte da receita daquele fluxo de pagamentos, fluxo que passa a pingar na conta de outro banco. O banco originador, o que concede o empréstimo e o revende, grosso modo "cobra as prestações" do empréstimo e as repassa ao banco "comprador" do crédito.

Como muitos outros bancos menores, o PanAmericano vende grupos de empréstimos (carteiras de créditos) a bancos maiores. Foram notados vários problemas no registro dessas operações. O PanAmericano: 1) Teria vendido cem empréstimos, mas registrado a venda de apenas 80, digamos; 2) Não teria registrado que vendeu tais créditos. O PanAmericano repassava o dinheiro das "prestações" aos bancos compradores, mas constava em seus registros que continuava a recebê-las; 3) Teria vendido o crédito mais de uma vez, a bancos diferentes; 4) Teria vendido créditos que já haviam sido liquidados pelos tomadores.

Haveria casos ainda mais enrolados. Mas os exemplos bastam para ilustrar que o banco dizia dispor de haveres e fluxos de pagamentos fictícios ao mesmo tempo em que tinha despesas reais com os bancos para os quais vendeu os créditos. O esquema poderia ser mantido por um certo tempo -o dinheiro que entrava tapava os rombos imediatos.

Essa operação de inflar os ganhos apenas faz sentido se servir para lustrar resultados, tapar vazamentos ou desvios em outros negócios. Por exemplo, para inflar lucros e/ou a distribuição de lucros inexistentes; para tapar buracos e esconder grossas inadimplências. Esses motivos são apenas especulação. Mas é difícil crer que erros formais resultem num buraco de R$ 900 milhões.
O governo diz que se trata de um "caso isolado". Tomara. O temor é o de haver uma onda de inadimplência escondida por operações fajutas de cessão de crédito.


Banco recebeu nota máxima de agências de risco

DE BRASÍLIA
O investidor que se deparasse com o relatório da administração do PanAmericano de junho deste ano não teria dúvida: comprar ações do banco seria um ótimo investimento, com pequena possibilidade de perda.
Cinco agências de classificação de risco, incluindo as internacionais Moody's e Fitch, deram nota máxima para o banco, apontando-o como "investment grade" (grau de investimento), espécie de selo de segurança para o comprador de seus papéis.

A brasileira Riskbank, por exemplo, denominou o banco PanAmericano como "baixo risco para curto prazo".
Cinco meses depois, a instituição financeira quebrou e suas ações caíram cerca de 50% nas últimas semanas.
A classificação de risco de crédito mede a saúde da empresa, como a lucratividade, o nível do endividamento e, no caso de instituições financeiras, a qualidade dos devedores do banc

INVESTIDOR
ADVOGADO É 1º A IR À CVM POR PERDA NA BOLSA

O advogado Ademir Lopes dos Santos Paz, 39, foi o primeiro investidor pessoa física a procurar a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre o caso PanAmericano, cujas ações são 30% de sua carteira. O paranaense diz que resolveu investir nos papéis porque o banco era bem-visto no mercado e tinha recomendação de analistas

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Silvio Santos, um claro exemplo de como a riqueza de poucos se constrói a partir da miséria de muitos.


http://www.conversaafiada.com.br/economia/2010/11/11/politica-social-do-lula-quebrou-o-silvio/

Política social do Lula quebrou o Silvio

    Publicado em 11/11/2010
Bye-bye Silvio

Como se sabe, o SBT não é uma rede de televisão.

O Boni costumava dizer que o SBT não tinha nem grade de programação.

Mas, sim, um conjunto de programas que não formavam um conjunto coerente e, portanto, comercializável.

O SBT não é uma rede, porque seu objetivo não é ganhar dinheiro como rede de televisão.

Mas, sim, ser um instrumento de venda dos produtos do grupo empresarial do Silvio.

O Silvio na TV vendia o Silvio fora da TV.

E o Silvio fora da TV era o maior anunciante da TV do Silvio.

Os produtos do Silvio fora da TV eram uma forma rudimentar de financiar a compra de bens duráveis.

O que funcionou enquanto havia inflação e faltava renda.
Quando a inflação acabou e o Governo Lula botou dinheiro no bolso da Classe “D” e a Classe “D” passou à Classe “C”.

E quando botou dinheiro no bolso da Classe “E” e uma parte da Classe “E” foi para a Classe “D”, o modelo de negócios do Silvio foi para o beleléu.

Além disso, houve o impressionante fenômeno da banqueirização.

Ou seja, com carteira assinada, as Classes “D” e “C” abriram conta em banco, passaram a ter cartão de crédito, começaram a se endividar e comprar bens duráveis com juros e condições mais razoáveis do que ofereciam os produtos do Silvio.

Para simplificar, o Lula quebrou o Silvio.
Sem querer, é claro.

Quem quebrou o Silvio foi o Silvio, que enchia o auditório de Classe “C” e Classe “D” e não percebeu que elas tinham mudado.


Paulo Henrique Amorim
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http://www.conversaafiada.com.br/pig/2010/11/11/panamericano-do-silvio-nao-e-crise-%E2%80%9Cmercado%E2%80%9D-deu-a-solucao/

PanAmericano do Silvio não é crise. “Mercado” deu a solução

    Publicado em 11/11/2010
Ir ao Planalto não adiantou nada

Primeiro, foi a “crise” do rompimento do PMDB com a Dilma.

Depois, foi a do ENEM, já devidamente reduzida à sua mais simples proporção: menos de mil provas precisarão ser refeitas.

Agora, o PiG (*) tentará fazer do Banco PanAmericano uma nova crise.

Botará a culpa no Lula, que recebeu uma visita do Silvio Santos.

Botará a culpa no Banco Central, que demorou a ver o tamanho do problema.

E, sobretudo, tentará enforcar a Caixa, que se tornou sócia com 37% das ações do PanAmericano, aproximadamente um ano antes de o banco implodir.

Vamos ver, antes, o que saiu no Globo online, com trechos de uma reportagem do Valor:

Socorro ao PanAmericano visa estabilidade financeira, diz FGC


Valor Online


SÃO PAULO – O presidente do conselho de administração do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), Gabriel Jorge Ferreira, disse nesta quarta-feira que uma quebra do PanAmericano poderia desestabilizar o sistema financeiro.


“O fundo concordou em dar esse suporte financeiro para, primeiro, (garantir) a estabilidade do sistema financeiro, porque as consequências são sempre muito ruins quando quebra uma instituição financeira. Além disso, coloca em dúvida a solidez do sistema financeiro”, disse Ferreira, ao justificar o socorro de R$ 2,5 bilhões prestado pela entidade ao banco.


Segundo ele, a operação com o PanAmericano é resultado de uma evolução da atuação do fundo, constituído em 1995 com a finalidade única de garantir empréstimos e aplicações no caso de liquidação ou intervenção do Banco Central (BC) em instituições financeiras.


Durante entrevista coletiva à imprensa, Ferreira comentou que, não fosse o apoio do fundo, o BC não teria alternativa que não fosse decretar a intervenção ou a liquidação do PanAmericano – dada a descoberta de um rombo bilionário no banco.


Segundo ele, as duas situações (intervenção ou liquidação), além de gerarem incertezas e insegurança no mercado, causariam uma depreciação no valor e resultados do banco, que teria que administrar despesas, e não mais receitas.


Também haveria um prejuízo ao próprio fundo, que seria obrigado a cobrir aproximadamente R$ 2,2 bilhões em depósitos no PanAmericano, disse Ferreira, acrescentando que a experiência mostra que a restituição de recursos no caso de quebra de bancos é “muito remota e difícil”. “Foi uma proteção patrimonial também para o fundo.”


(Eduardo Laguna | Valor)

Navalha
Vamos começar pela Caixa.
Quem bradou “fogo” foi, logo de manhã, no Bom (?) Dia Brasil, a urubóloga Miriam Leitão.
Como é que a Caixa sai por aí a comprar banco ?, ela perguntou.
A Miriam já tinha se aborrecido lá atrás, quando a Caixa emprestou dinheiro à, Petrobrás.
E este Conversa Afiada chegou à conclusão de que o único banco do mundo que não emprestaria à Petrobrás seria o banco do Miriam.
Agora, se pergunta a Miriam: como é que a Caixa se meteu num banco que tem esse rombo ?
Boa pergunta a fazer à KPMG, ao Banco Fator e à BL, instituições financeiras que, por um ano, entraram nas contas do PanAmericano antes de recomendar a operação à Caixa.
E os grandes bancos privados brasileiros que micaram com os fundos fictícios do PanAmericano ?
Eles também foram negligentes, ou segundo a urobóloga, só a Caixa foi ?
O que dizer da empresa americana que avalia riscos, a Fitch, que, depois da operação da Caixa, aumentou a nota do banco ?
E o Banco Central, que deixou passar as fraudes no balanço do PanAmericano, da mesma forma que o Banco Central do Governo Fernando Henrique se surpreendeu quando abriu a caixa preta do Nacional e do Bamerindus.
O fundamental nessa história toda é que existe essa instituição criada no Governo Fernando Henrique, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que tem dinheiro dos bancos.
Dinheiro privado.
Ali não tem um tusta do Erário ou da Viúva.
O FGC é uma “reserva técnica” dos próprios bancos para segurar o sistema, em caso de solavanco.
São mais de 20 bilhões de reais para não deixar a peteca cair.
O Silvio Santos deve a esses bancos privados, quem emprestaram a ele R$ 2,5 bilhões.
O PanAmericano vai continuar a operar.
O Silvio tem dez anos mais três de carência para pagar o que deve aos bancos privados.
Até lá, os bens ficam proporcionalmente penhorados.
(Ele não pode penhorar o SBT, porque a lei não deixa concessão de serviço público ser penhorada.)
O mais provável é que Silvio, aos 80 anos, venda o banco e, com o tempo, o SBT.
A Caixa vai receber o dela de volta, e usufruir do cadastro do PanAmericano para o financiamento de veículos, o principal motivo para a Caixa entrar no banco.
O FGC, ou seja, os bancos vão receber do Silvio o dinheiro de volta.
Ele empenhou quase toda a fortuna pessoal na oração.
O que é muito melhor do que se o Banco Central tivesse decretado a falência ou a intervenção.
Em resumo, trata-se de uma solução “de mercado”.
O que revela maturidade das instituições.
E o que resulta em credibilidade.
O mercado jogou dinheiro na fogueira para não se chamuscar.
O dinheiro do Erário não entrou na roda.
Os que eventualmente tiverem sumido com a grana do Silvio mais cedo ou mais tarde vão ter uma conversinha com a Polícia Federal.
E o Silvio vai cuidar da vida, provavelmente em Miami, onde adora assistir a televisão.

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